Review Moto G7 Plus: repetindo a fórmula
Celular da Motorola tem bateria com carregamento rápido, desempenho consistente e câmeras que trabalham bem
Celular da Motorola tem bateria com carregamento rápido, desempenho consistente e câmeras que trabalham bem
Faz tempo que o Moto G não é mais aquele celular acessível com custo-benefício impressionante para quem não quer gastar muito. O Moto G7 Plus é o modelo mais caro da nova geração de aparelhos intermediários da Motorola, prometendo câmeras de melhor qualidade e trazendo um processador mais potente que o dos outros aparelhos da linha.
No mercado brasileiro, o Moto G7 Plus foi lançado com preço sugerido de R$ 1.899. Ele tem estabilização óptica de imagem na câmera traseira, uma tela de 6,24 polegadas que ocupa quase toda a parte frontal e uma bateria que, segundo a fabricante, pode ser recarregada em menos de uma hora. Mas concorrentes de peso não faltam nessa faixa de preço.
Será que vale a pena comprar o intermediário premium da Motorola? Eu conto tudo nos próximos parágrafos.
Assim como o Moto G7, o Moto G7 Plus tem um notch em formato de gota para abrigar a câmera frontal e melhorar o aproveitamento de espaço. Visualmente, o queixo com a marca da Motorola que torna o design assimétrico ainda me incomoda; nos aparelhos mais recentes, nem a Samsung, nem a LG e nem a Asus estão mais jogando seus logotipos na cara do usuário.
Na traseira, existe um calombo bastante pronunciado na região da câmera, o que vem sendo uma constante nos smartphones da marca, e que pode ser escondido com a capinha transparente inclusa na caixa. Ponto positivo para a cor vermelha (ou “rubi”, como a Motorola gosta de chamar), que ficou muito agradável e, pelo menos por enquanto, é exclusiva do Moto G7 mais caro.
A tela possui 6,24 polegadas, resolução Full HD+ e proporção 19:9. Ela fica dentro do que eu espero para um smartphone intermediário: as cores agradam (e podem ser ajustadas ao gosto do freguês), o brilho é forte e a definição é ótima. Mas a tecnologia já dá sinais de cansaço: o contraste e o nível de preto são bons… para um painel IPS LCD. A concorrência, notavelmente a Samsung, entrega displays AMOLED com qualidade melhor no mesmo segmento.
Os alto-falantes estéreo, um diferencial em relação ao Moto G7 sem sobrenome, são bons, com níveis de volume acima da média, um som que não distorce e um alcance dinâmico bastante satisfatório para um smartphone. O único porém é que o posicionamento, bem no cantinho inferior esquerdo, não é o melhor possível: várias vezes eu me peguei tampando a saída de áudio, resultando em um som abafado.
O Moto G7 Plus roda Android 9 Pie de fábrica com poucas adições em relação ao Android do Google. Além do pacote padrão de aplicativos, ele traz o App Box, com uma lista de softwares nacionais; o Dolby Audio, para melhorar a qualidade de som; e o aplicativo Moto, que concentra as modificações de software da Motorola. É um software ok, que agrada quem prefere uma interface mais limpa.
Recursos que sempre funcionaram bem na linha Moto continuam presentes e alguns foram aprimorados. O Moto Tela, que mostra o relógio e as prévias de notificações mesmo com o aparelho em standby, pode ser ativado ao passar a mão em cima da tela. Também existe o Tela Alerta, que mantém o display ligado enquanto você estiver olhando para o celular.
No Moto Ações, existem gestos que estão desde quase sempre no Moto G e outros nem tanto. Dá para ativar a lanterna agitando o celular, abrir o aplicativo de câmera girando o punho duas vezes, tirar um print com três dedos e desbloquear a tela ao pegar o smartphone e olhar para ele (nesse caso, você precisa ativar o recurso de reconhecimento facial).
Neste ano, o Moto G7 Plus não é muito mais potente ou maior que o Moto G7, então a grande diferença entre as variantes ficou por conta das câmeras. Para mim, o maior destaque (que pouca gente comentou e que a Motorola não fez tanta questão de divulgar) é a câmera frontal, que tem 12 megapixels, lente com abertura f/2,0 e filmagem em 4K, um detalhe incomum em um aparelho dessa categoria, sem foco em selfies.
A qualidade de vídeo da câmera frontal é acima da média, como você poderia imaginar, com ótimo nível de detalhes em boas condições de iluminação. Mas as selfies foram inconsistentes: eu obtive resultados muito bons em metade das vezes e imagens fora de foco ou com ruído alto na outra metade. Você vai querer tirar a mesma selfie duas ou três vezes para garantir, o que não é muito bom.
Quanto à câmera traseira, a Motorola ainda não aprendeu a fazer modo retrato muito bem e, mesmo com duas lentes, o Moto G7 Plus costuma errar no recorte e no efeito de desfoque. Mas, em fotos “convencionais”, seja com bastante sol, seja em ambientes internos, seja em cenários noturnos, o aparelho entrega boas fotos, com pouco ruído e ótima nitidez. A saturação fica um pouco acima do que eu prefiro, mas nada demais — olhando pelo lado bom, São Paulo nublado não fica tão feio.
O Moto G7 Plus não tem uma “câmera profissional” com uma “inteligência artificial” que se destaca como a Motorola sugere na propaganda, mas ele oferece uma boa experiência de fotografia (e quem faz vídeos com a câmera frontal pode gostar bastante do produto).
Por dentro, o Moto G7 Plus é equipado com 4 GB de RAM, 64 GB de armazenamento interno com possibilidade de expansão e processador octa-core Snapdragon 636. Ele não tem uma CPU tão melhor que a do Snapdragon 632, que equipa o Moto G7, Moto G7 Play e Moto G7 Power, mas dá um gás adicional para quem joga no celular, já que o chip gráfico Adreno 509 é superior.
Nos meus testes, o aparelho não engasgou e o multitarefa foi bastante ágil. Games mais pesados, como Asphalt 9: Legends, Unkilled e Breakneck, não rodam com a maior qualidade gráfica possível, mas mantém uma taxa de quadros estável e notavelmente maior que a Adreno 506 dos aparelhos mais simples. E, no dia a dia, o conjunto de hardware é mais que suficiente para aguentar o tranco para quase todos os usuários.
A bateria continua com uma capacidade que eu cansei de falar em review de celular: 3.000 mAh. Comigo, ela foi suficiente para durar até o final do dia e deixar entre 30 e 40% de carga sobrando, com duas horas de reprodução de vídeo no Wi-Fi e uma hora de navegação (entre páginas da web e redes sociais) no 4G, sempre com brilho no automático.
É uma autonomia que deverá ser suficiente para a maioria dos usuários, mas quem joga ou passa mais tempo no celular precisa levar um carregador ou uma power bank para não ficar na mão. Nesse caso, é melhor levar o adaptador de tomada original, de 27 watts, que me impressionou muito. Coloquei o Moto G7 Plus na tomada com 1% de bateria; depois de 21 minutos, ele atingiu 60% (!) de carga. Com 51 minutos, a bateria encheu completamente, dentro da promessa de “menos de uma hora” da Motorola.
A Motorola repetiu a fórmula da geração passada no Moto G7 Plus: o design quase não mudou; a tela continua boa para a categoria, mas sem impressionar; o hardware é satisfatório para a maioria das pessoas; e o software é o mesmo Android quase puro que vem marcando os aparelhos da empresa nos últimos cinco anos. O conjunto da obra é um resumo dessas partes: um aparelho bom, que faz o que se propõe a fazer.
Com preço sugerido de R$ 1.899, os concorrentes diretos seriam o Asus Zenfone 5 e o Samsung Galaxy A7 (2018).
O intermediário da Asus tem o mesmo poder de fogo do Moto G7 Plus na versão equivalente, vendida por preços entre R$ 1.600 e 1.800 no momento em que escrevo este review, mas entrega uma bateria ligeiramente melhor — embora sem um carregador ultrarrápido que encha o tanque em menos de uma hora. Já a câmera traseira é pior em condições de baixa iluminação.
Já o Samsung oferece fotos mais consistentes (com a possibilidade de brincar com a lente grande angular), um design mais tradicional e uma tela AMOLED que pode encher os olhos de algumas pessoas. Em compensação, embora o software da Samsung me agrade mais, o Android está uma versão atrás, e eu ainda não consegui engolir aquela conexão Micro USB nele.
Hoje, o preço do Moto G7 Plus não faz muito sentido — a minha escolha seria economizar uns 300 ou 400 reais e comprar um Moto Z3 Play. Com tempo, à medida que a inflação do lançamento for embora, ele se torna uma opção interessante no segmento de aparelhos intermediários no Brasil, com garantia do fabricante, assistência técnica e impostos devidamente pagos.