Moto G30: simples, fluido e objetivo

O Moto G30 é um modelo mais de entrada, mas ainda assim faz boas fotos durante o dia e dura bastante tempo longe da tomada

André Fogaça
Por
• Atualizado há 11 meses
Motorola Moto G30 (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Motorola Moto G30 (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

Mais um ano, mais um Moto G. Esse vem sendo um começo bastante repetido para um review do celular intermediário que basicamente carregou muito do mercado nas costas quando ele só era um modelo mesmo. Agora, tantas gerações depois, o Moto G30 é um entre sete outros Moto G vendidos aqui no Brasil no segundo trimestre de 2021, o representante do meio dos três aparelhos lançados quase ao mesmo tempo neste ano.

O Moto G30 é o passo além do básico para a linha, entrega tela de 90 Hz com um queixo bastante visível, corpo em plástico, processador que vai seguir firme por algum tempo na sua mão, um bocado de câmeras na parte traseira e aquele preço de celular abaixo dos R$ 2 mil, com bateria prometendo te acompanhar o dia inteiro.

Será que é tudo isso mesmo? Eu passei as últimas semanas com o Moto G30 no bolso, tentando caminhar pelo bairro enquanto me distanciava das pessoas e te conto minha experiência nos próximos parágrafos.

Análise do Moto G30 em vídeo

Aviso de ética

O Tecnoblog é um veículo jornalístico independente que ajuda as pessoas a tomarem sua próxima decisão de compra desde 2005. Nossas análises não têm intenção publicitária, por isso ressaltam os pontos positivos e negativos de cada produto.

Nenhuma empresa pagou, revisou ou teve acesso antecipado a este conteúdo. O Moto G30 foi fornecido pela Motorola por empréstimo e será devolvido à empresa após os testes. Para mais informações, acesse tecnoblog.net/etica.

Design e tela

Motorola Moto G30 (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Motorola Moto G30 (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

O Moto G30, como praticamente qualquer intermediário mais simples, não tenta reinventar a roda no design, mas ele segue algumas tendências que me agradam bastante. A principal delas é na hora de escolher a cor da parte traseira. Por aqui ela pode ser azul ou roxa, depende do ângulo e da luz batendo no local. Essa dualidade cromática começou nos celulares chineses e vem com força em outras marcas.

A pegada é confortável, mesmo para um smartphone beirando as 7 polegadas de tela, tamanho comum em um tablet pequeno anos atrás. Todo o acabamento é feito em plástico, com material perfeito para um celular presente em um degrau acima do modelo mais simples da linha. Ao toque ele parece barato, já que ele é mesmo.

Motorola Moto G30 (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Gaveta de chips do Motorola Moto G30 (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

Diferente de outros Moto G, como o de terceira geração, o Moto G30 não tem proteção contra água, mas uma borracha é visível na gaveta para o SIM Card e microSD. Falando nela, aqui só existe espaço para um chip junto de um cartão de memória, ou dois chips sem a expansão. Eu sempre reclamei dessa opção híbrida, mas com 128 GB de memória interna a imensa maioria dos usuários já fica muito bem atendida.

Fechando o design, um botão para o Google Assistente é uma adição interessante, mas ele fica muito pra cima, na lateral do aparelho. O acesso é difícil para os usuários sem mãos grandes e ainda serve para confundir com o botão de volume nos primeiros usos. Mover para o outro lado, mais para baixo, seria melhor.

Motorola Moto G30 (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Motorola Moto G30 (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

A tela é grande, com 6,5 polegadas, mas a resolução é baixa e fica em 720p (HD+). Se na hora de exibir os detalhes o Moto G30 não brilha, ao menos ele faz isso com taxa de atualização em 90 Hz. Está longe de ter aquela fluidez de um smartphone gamer, mas dá bastante conforto visual para o usuário e não aumenta tanto o consumo da bateria. Se você se preocupar com isso, saiba que é possível baixar esse número para 60 Hz ou então deixar em uma taxa variável entre os dois limites.

Eu ficaria muito mais feliz com uma tela Full HD em 60 Hz, do que 90 Hz em 720p. Ou ainda mais animado se o display utilizasse algum AMOLED da vida, já que o brilho máximo não torna a tela muito visível na rua, com o sol logo acima.

Motorola Moto G30 (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Tela do Motorola Moto G30 (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

Em locais internos, a reprodução de cores está dentro do esperado para um LCD tradicional. Não surpreende, mas eu nem esperava isso de um intermediário mais simples, então tá ok.

Software

De fábrica o Moto G 30 já vem com Android 11 instalado e a Motorola promete apenas uma atualização de software, com dois anos para correções de segurança, chegando ao menos uma vez a cada trimestre. É pouco, seja pela segurança dos próprios usuários, ou então quando você olha o que vem fazendo a Samsung com seus aparelhos.

A interface escolhida pela empresa é basicamente a mesma de tantos outros modelos, mais caros ou não. Tudo limpo e com um único widget para mudar esse ar de pureza.

Software do Motorola Moto G30 (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Software do Motorola Moto G30 (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

Se você curte o visual de “Android puro”, não vai estranhar nada por aqui. As invenções e ferramentas extras ficam lá no aplicativo Moto, que ainda continua com os ótimos atalhos para câmera ao girar o aparelho e outro ligar a lanterna, com outros como não desligar o display enquanto você está olhando para ele.

Por aqui também fica uma área para personalizar o sistema, trocando contorno de apps, fonte e até a cor de algumas partes do Moto G30. É a área de temas de outras fabricantes, só que mais organizada – e com menos personalização.

Hardware e bateria

Tudo isso pega carona nas capacidades do Snapdragon 662, com 4 GB de RAM e 128 GB em espaço interno. É o suficiente para rodar qualquer aplicativo sem muito problema, ao menos durante os primeiros semestres de vida. Todo o hardware encaixa no mínimo necessário para ter o Moto G30 por uns dois anos, que deve ser quando ele vai começar a apresentar sinais da idade.

Veja, ele não é um primor de desempenho e nem mesmo deixa a concorrência no chinelo, mas também não faz feio e nem fica para trás. É o “OK”, pelo preço.

Em jogos o Moto G30 entrega exatamente o esperado para um intermediário simples: ele roda qualquer coisa, mas nem tudo será nos 90 quadros por segundo suportados pela tela. Na verdade ele não segura fácil nem os 60 em títulos pesados, como é o caso de Asphalt 9.

Olhando para jogos mais simples, como Crash Bandicoot: On the Run!. Nele a situação é bem melhor e a taxa de quadros por segundo cresce também.

Na bateria o Moto G30 oferece 5.000 mAh no tanque, quantidade bastante confortável para um chip que consome pouco e tela de baixa resolução, principalmente quando não utiliza o display em 90 Hz. Comigo, a autonomia passou do primeiro dia e chegou ao segundo com alguma carga para continuar até a hora do almoço.

Em números mais frios, um filme rodou no aplicativo da Netflix por duas horas, com brilho em 75% e sem acessar o conteúdo offline, tava no Wi-Fi mesmo. O consumo de bateria para assistir do começo ao fim foi de 13%. Se você tiver tempo livre, é o suficiente para assistir sete filmes de duas horas antes da bateria acabar.

Carregador do Motorola Moto G30 (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Carregador do Motorola Moto G30 (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

Quando na tomada, o carregador incluso na caixa entrega 20 watts de energia. Em meia hora o Moto G30 recuperou 33% da carga, passando para 63% depois de uma hora. Para ter toda bateria carregada, você precisa de mais ou menos duas horas e 30 minutos.

Câmeras

Câmeras do Motorola Moto G30 (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmeras do Motorola Moto G30 (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

Virando o celular, a parte traseira mostra um conjunto com quatro lentes, sendo a principal com 64 megapixels, a secundária funciona com fotos ultrawide e tem 8 megapixels, com a terceira para macro e trabalhando apenas dois megapixels. O último sensor só está lá para medir a distância para fotos com fundo desfocado.

Câmera principal (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera principal (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera principal (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera principal (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera principal (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera principal (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

Em ambientes bem iluminados a qualidade geral das fotos é ótima, seja por grande quantidade nos detalhes mais finos, ou mesmo pelo alcance do contraste. Não notei qualquer problema na reprodução de cores, mas um padrão quando um Android trabalha com fotos ultrawide continua por aqui: elas tendem a exibir cores mais quentes, que fazem um pezinho para o amarelo.

Câmera ultrawide (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera ultrawide (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera principal (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera principal (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera ultrawide (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera ultrawide (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

É ruim? Não, mas você precisa saber que a lente principal fará fotos mais frias, enquanto a ultrawide entrega mais quente.

Câmera macro (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera macro (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

A lente macro é bacana, entrega resultados curiosos, mas a quantidade pífia de pixels faz a imagem ser útil somente para redes sociais. O foco neste caso é fixo, então existe outro ponto de dificuldade na hora de bater a foto, já que você precisa ir para frente ou mais pro fundo.

Câmera macro (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera macro (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera macro (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera macro (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

De noite as fotos entram em uma roleta russa. O foco tem um trabalho enorme para ficar certo e a maior parte das imagens será ruim justamente por isso. Quando ele acerta, o resultado entra de acordo com a categoria do Moto G30. O ruído não grita muito, o balanço de branco lida bem com a cena e o modo de fotografia noturna dá um tapa extra nesses pontos.

Câmera principal (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera principal (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera principal no modo noturno (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera principal no modo noturno (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

Ele remove parte do ruído e ainda deixa tudo mais claro, exigindo firmeza no seu braço por quase seis segundos. As fotos noturnas com a lente ultrawide são imprestáveis. A exposição é baixíssima, granulado aparece para todo lado e os detalhes somem. Deixa essa lente para as ótimas fotos de dia mesmo.

Câmera principal (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera principal (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera principal no modo noturno (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera principal no modo noturno (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera ultrawide (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera ultrawide (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

As selfies são feitas com apenas uma lente, de 13 megapixels e que faz muito bem seu trabalho. Até mesmo o modo de fundo desfocado registra muito bem os limites do rosto, como as pontas do cabelo.

Câmera frontal (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera frontal (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera frontal no modo retrato (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Câmera frontal no modo retrato (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

Vale a pena?

O Moto G30 é um bom aparelho. Ele oferece tela com fluidez interessante para o conforto visual, mas que não será repassada em taxa de quadros por segundo elevada em games médios e pesados. A autonomia de bateria é muito boa para o segmento e as câmeras fazem belas fotos de dia. Se eu pudesse trocar alguma coisa, seria a tela para Full HD ou então para algum AMOLED.

De resto, trocar recursos seria gastar mais e isso moveria o Moto G30 para outra faixa de preço. Ele foi lançado no Brasil com valor sugerido de R$ 1,9 mil. É muito caro para um intermediário mais simples, mas o dólar não ajuda e a inflação vem arrastando seu peso em tudo.

Esse preço é ainda mais pesado quando a concorrência entrega o Galaxy M31 com tela Super AMOLED e de maior resolução, mais RAM, processador mais esperto, mais bateria, bandeja com espaço para dois chips e cartão microSD ao mesmo tempo, sistema de memória interna mais veloz e câmeras com maior resolução. Fechando a cereja do bolo, a Samsung garante atualização de segurança para ele por dois anos além da promessa da Motorola.

Tudo isso cobrando o mesmo no lançamento e menos agora. O Moto G30 não faz feio, longe disso, mas o Galaxy M31 é melhor em todos os pontos. Por conta disso, o celular da Motorola só vale a pena se ele custar menos que seu concorrente na Samsung, bem menos. No atual cenário, com o Galaxy M31 na mesma loja (virtual, neste caso), o Moto G30 não é a melhor compra.

Especificações técnicas

  • Tela: IPS LCD de 6,5 polegadas com resolução HD+ (1600×720 pixels) e taxa de atualização de 90 Hz;
  • Processador: Qualcomm Snapdragon 662 octa-core de até 2,0 GHz e GPU Adreno 610;
  • RAM: 4 GB;
  • Armazenamento interno: 128 GB (com expansão por microSD de até 1 TB);
  • Câmera frontal: 13 megapixels (f/2,2) com campo de visão de 74 graus;
  • Câmeras traseiras:
    • Principal: 64 megapixels (f/1,7) com campo de visão de 80 graus;
    • Ultrawide: 8 megapixels (f/2,2) com campo de visão de 118 graus;
    • Macro: 2 megapixels (f/2,4) com campo de visão de 85 graus;
    • Profundidade: 2 megapixels (f/2,4) com campo de visão de 80 graus;
    • Gravação de vídeo em Full HD a 60 fps;
  • Bateria: 5.000 mAh com carregamento rápido TurboPower de 20 watts;
  • Conectividade: 4G, Bluetooth 5.0, Wi-Fi 802.11a/b/g/n/ac, rádio FM e entrada de 3,5 mm para fones de ouvido;
  • Dimensões: 165,3×75,8×9,2 mm;
  • Peso: 200 gramas.

Receba mais sobre Moto G na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
André Fogaça

André Fogaça

Ex-autor

André Fogaça é jornalista e escreve sobre tecnologia há mais de uma década. Cobriu grandes eventos nacionais e internacionais neste período, como CES, Computex, MWC e WWDC. Foi autor no Tecnoblog entre 2018 e 2021, e editor do Meio Bit, além de colecionar passagens por outros veículos especializados.

Canal Exclusivo

Relacionados