AMD A10-7800 é um processador com vídeo integrado de respeito

Paulo Higa
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• Atualizado há 11 meses
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A AMD renovou sua linha de processadores no início do ano com a família Kaveri: chips com socket FM2+ e fabricação em 28 nanômetros voltados para máquinas de entrada e intermediárias. Recentemente, a empresa colocou mais um membro na família, o A10-7800. Embora seja a segunda melhor APU da série A, o foco é diferente: em vez de priorizar o desempenho, a AMD colocou tudo em um chip de alta eficiência energética com TDP configurável de 65 ou 45 watts.

O A10-7800 é um “processador acelerado”, como a AMD gosta de chamar, que acompanha uma CPU quad-core de 3,5 GHz (até 3,9 GHz com Turbo Core) e uma GPU Radeon R7 de oito núcleos. Acima dele, há apenas o A10-7850K, que possui uma CPU com frequência maior (3,7 GHz) e naturalmente entrega mais desempenho, mas com um TDP significativamente mais alto, de 95 watts.

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Nos Estados Unidos, a APU foi lançada por US$ 155. Isso coloca o A10-7800 como concorrente direto do Core i3-4330, que tem preço sugerido de US$ 147. No Brasil, nem AMD e nem Intel divulgam seus preços — as fabricantes afirmam que não estipulam os valores e declaram que eles variam de região para região. Mas é possível encontrá-los por algo entre 400 e 500 reais em lojas especializadas.

O A10-7800 entrega o que promete?

Mantle e HSA

Este é o primeiro review de processador que você está lendo aqui, então talvez seja bom passar as coisas a limpo e explicar pelo menos duas tecnologias que a AMD faz questão de destacar em suas apresentações: Mantle e HSA (Heterogeneous System Architecture).

O Mantle é uma API gráfica da AMD para tornar os jogos para PCs mais rápidos. O que os desenvolvedores normalmente fazem é produzir os games com código “simplificado” que é convertido dinamicamente no momento da execução. Isso funciona, mas gera um trabalho extra para a CPU. A ideia do Mantle é permitir que os jogos se comuniquem diretamente com a GPU. Menos burocracia, mais velocidade, todos felizes.

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Mas como nada é tão fácil, para que os jogos se beneficiem do Mantle, eles precisam ser desenvolvidos com a API gráfica da AMD em mente. A lista de games com suporte ainda não é muito grande, mas já inclui vários títulos distribuídos pela EA, como Battlefield HardlineDragon Age: InquisitionPlants vs. Zombies Garden Warfare e o motor CryEngine.

Já a HSA é uma tentativa de tornar a GPU mais útil. Hoje, a GPU é usada principalmente para processar gráficos. De fato, ela é mais adequada que a CPU para isso, mas esta não é sua única capacidade: outras tarefas com processamento paralelo intensivo também se beneficiam das características da GPU. Algumas tarefas específicas (mineração de Bitcoins!) já são feitas pela GPU, mas a situação poderia ser melhor.

HSA Foundation é uma fundação criada justamente para tentar popularizar a HSA. Além da AMD, outras grandes empresas, incluindo ARM, LG, MediaTek, Qualcomm e Samsung, incentivam a tecnologia — por falar nisso, impossível não notar a ausência das duas principais concorrentes da AMD: Intel e Nvidia.

O A10-7800 e outras APUs da série A, portanto, foram produzidas com essas duas ideias em mente.

Plataforma

Para brincar com o A10-7800, a Gigabyte enviou uma G1.Sniper A88X que, junto com a GA-F2A88X-UP4, é uma das melhores placas-mãe da empresa.

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A G1.Sniper A88X tem o que esperamos de uma placa-mãe topo de linha. Com chipset AMD A88X e formato ATX, ela traz sete portas USB no painel traseiro (cinco USB 2.0 e duas USB 3.0); uma Gigabit Ethernet; saídas de vídeo VGA, DVI e HDMI; a velha PS/2 para teclado ou mouse; cinco conectores de áudio banhados a ouro e uma saída óptica S/PDIF. Você pode conectar até quatro módulos de memória DDR3 de 2.400 MHz e duas placas de vídeo nos slots PCI Express x16 (mas a segunda opera a x4).

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É uma placa-mãe bem construída, com detalhes em verde nos slots DDR3 e PCI Express e nos dissipadores de calor. Ao ligar a máquina, um mimo: há uma iluminação verde próxima aos capacitores da placa de som.

Para o que oferece, a G1.Sniper A88x é relativamente acessível, custando cerca de 450 reais, mas talvez seja exagero para o público que montaria um PC com o A10-7800 — ela ficaria muito mais interessante com um processador AMD FX (que não é compatível com o FM2+) e uma placa de vídeo dedicada. De qualquer forma, há opções bem mais simples que suportam a APU; a própria Gigabyte vende algumas por menos de 200 reais.

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Além da G1.Sniper A88X, o A10-7800 foi testado com o Kingston HyperX Beast (dois módulos DDR3 de 4 GB rodando a 1.600 MHz), um SSD Plextor M5 Pro de 256 GB e sistema operacional Windows 8.1.

Benchmarks

O Cinebench R15 é um benchmark que usa o poder da CPU para renderizar uma imagem fotorrealística em 3D. Ele testa tanto o desempenho com apenas um núcleo da CPU quanto com todos os núcleos.

O PCMark 8 possui baterias de testes que tentam imitar o uso real. No Creative, o benchmark simula edição de foto, edição de vídeo, decodificação de mídia e jogos. Já no Work, o foco está em navegação na web, edição de documentos e criação de planilhas. Os testes podem ser feitos do modo convencional ou com aceleração (ou seja, com uma ajudinha da GPU).

O 3DMark é um benchmark que usa o poder da GPU para renderizar gráficos tipicamente encontrados em jogos. Há uma série de cenários de teste; o mais pesado deles é o Fire Strike, voltado para PCs de alto desempenho, que usa DirectX 11.

Conclusão

Pelos números, fica claro que o forte do A10-7800 não é a CPU. Em tarefas de processamento bruto, os números ficam de 20% a 30% menores que os do seu principal concorrente, o Core i3-4330. Já quando se adiciona a aceleração da GPU, a coisa fica bem mais equilibrada. É nesse cenário que a AMD aposta, o que faz até certo sentido: assim, é possível projetar chips mais eficientes energeticamente. O problema é que apenas aplicativos otimizados se beneficiarão do poder extra.

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Mas se a CPU não faz milagres, não dá para questionar a GPU. O A10-7800 avança um pouco mais na história de mudar o que pensamos de GPUs integradas. Antigamente, elas não serviam para muito mais do que assistir a vídeos ou executar jogos bem leves. Hoje, a AMD mostra que dá sim para colocar um chip gráfico decente em um pequeno processador.

Nos meus testes, GRID Autosport rodou com uma média de 31 fps (1920×1080 pixels com os gráficos no médio e 4xMSAA), o que é uma marca ótima para uma GPU integrada. Em Bioshock Infinite, o resultado também é bom: 37,5 fps com os gráficos no médio e 28,5 fps no alto, ambos em HD (1280×720 pixels). Não são números gigantes, mas são suficientes para boa parte dos usuários.

O A10-7800, portanto, é um chip equilibrado, que provavelmente não irá satisfazer os usuários que dependem de processamento intenso (afinal, este nem é o propósito da APU), mas que entrega um bom desempenho de CPU e GPU. Quem fizer questão de gráficos no máximo e resoluções altíssimas pode comprar uma GPU dedicada, mas quem decidir ficar com a GPU integrada deverá ficar satisfeito.

A AMD ainda não está conseguindo bater os equivalentes da Intel em processamento bruto, mas é bom saber que está usando muito bem a GPU, hoje sua arma mais forte, para oferecer chips com custo-benefício bastante atraente.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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