Xperia XA Ultra: é tudo uma questão de selfie

Câmera frontal do smartphone de 6 polegadas da Sony é melhor que a traseira

Paulo Higa
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• Atualizado há 11 meses

Sensor de 16 megapixels, lente com abertura f/2,0 e estabilização ótica de imagem. Parece uma lista de especificações de câmera de smartphone. E realmente é, mas de uma câmera frontal, não traseira. O Xperia XA Ultra é um smartphone da Sony com tela gigante de 6 polegadas e câmera que promete selfies perfeitas mesmo em condições de baixa iluminação.

Ele chegou ao Brasil equipado com processador octa-core MediaTek Helio P10, 3 GB de RAM, preço sugerido de 2.399 reais e um design praticamente sem bordas em volta da tela. Será que é uma boa opção de compra? Eu conto neste breve review.

Design e tela

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O Xperia XA Ultra é exatamente o que o nome dá a entender: um Xperia XA esticado. Ele segue as linhas do irmão de 5 polegadas, com traseira de plástico fosco, moldura cromada e quase nada de bordas em volta do painel gigante. O botão circular liga/desliga está presente, bem como o botão dedicado da câmera, tradicionais nos aparelhos da Sony. A frente, que me agrada muito, foge um pouco do design meio desgastado dos Xperia Z e X, que parecem os mesmos há cinco ou seis gerações.

Chama atenção o enorme orifício da lente da câmera frontal, ao lado do flash — parece até que inverteram a traseira com a frente do aparelho. Em contraste, a saída do alto-falante, escondida na base do aparelho, não chama nenhuma atenção, mas o tamanho engana: o som é absurdamente alto e tem excelente qualidade. Se uma das propostas do Xperia XA Ultra é consumo de conteúdo, a Sony acertou em cheio.

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Quanto ao painel, estamos falando de um IPS LCD de 6 polegadas com resolução de 1920×1080 pixels, com tons frios e cores que agradam. O nível de preto não vai além do padrão, mas o brilho é altíssimo, especialmente para uma tela desse tamanho. A definição, embora não pareça tão boa na ficha de especificações técnicas (são 367 pixels por polegada), é mais que suficiente para não enxergar pixels individuais.

Software

A Sony fez um bom trabalho de software na transição para o Android 6.0 Marshmallow, com telas trabalhadas e aplicativos bem desenvolvidos. A interface é a mesma do Xperia X, bem como os recursos, como o modo Stamina, que reduz o consumo de bateria ao limitar conexões móveis em segundo plano; e uma secretária eletrônica, que atende suas chamadas e grava os recados (e faz você economizar no serviço de caixa postal da operadora).

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Você certamente utilizará as duas mãos para mexer no Xperia XA Ultra na maior parte do tempo, mas há alguns truques de software para facilitar o manuseio com apenas uma mão. Basta deslizar o dedo a partir do canto inferior esquerdo (ou direito) e a tela será redimensionada. Torna-se mais fácil atender chamadas (o controle deslizante fica menor), desbloquear a tela (o teclado de senha se concentra num dos lados) e acessar a central de notificações (basta tocar duas vezes no botão de início) — ainda bem, porque não há polegar que alcance o topo da tela com segurança.

Eu notei que o Xperia XA Ultra está uma versão do Android atrás do Xperia X (6.0, contra 6.0.1 do irmão mais caro). Por enquanto, isso não é nenhum grande problema, mas pode ser no futuro se você se importa muito com atualizações — historicamente, smartphones com processadores da MediaTek demoram um pouquinho mais para receber novas versões em comparação com os chips da Qualcomm. Ainda assim, a atualização para o Nougat está garantida pela Sony.

Câmera

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O Xperia XA Ultra gera enormes expectativas quanto à qualidade da câmera frontal e cumpre as promessas, pelo menos na maior parte do tempo. Às vezes, o sensor de 16 megapixels não consegue lidar muito bem com fontes de iluminação atrás do sujeito, mas normalmente é possível conseguir uma selfie com baixo ruído e definição acima da média, especialmente em condições de baixa iluminação. A estabilização ótica ajuda a evitar imagens tremidas, mesmo com velocidades perigosas (1/10 segundo).

Por exemplo, esta selfie foi tirada no escuro; apenas um monitor e a tela do próprio Xperia XA Ultra estavam iluminando meu rosto.

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Com o flash ligado, há um pequeno estouro de iluminação na altura da sobrancelha, mas o resultado também é bom. E quando se compara a câmera frontal do Xperia XA Ultra com uma câmera “normal”, a diferença de qualidade é notável; por ter um sensor maior, não há tanta necessidade de aplicar filtros de suavização que prejudicam a definição.

Da esquerda para a direita: Xperia XA Ultra sem flash, com flash e Galaxy S7 Edge:

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A câmera traseira de 21,5 megapixels faz um trabalho decente — ela não impressiona, mas entrega fotos com qualidade satisfatória. O nível de definição é “ok” dentro da categoria, e há pouco ruído. O Xperia XA Ultra sofre um pouco em condições de baixa iluminação, por vezes suavizando demais as cenas e estourando pontos de luz, mas está dentro do que esperamos para um aparelho da Sony.

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Hardware e bateria

O hardware do Xperia XA Ultra dá conta do recado, mas é um tanto limitado dentro da faixa de preço, principalmente o armazenamento, de apenas 16 GB, dos quais 9 GB já são ocupados pela Sony. Mesmo com a entrada para microSD, ele merecia uma capacidade maior — é chato ter uma tela grande se o espaço acaba só de instalar os aplicativos essenciais e dois jogos.

O processador MediaTek Helio P10, formado por oito núcleos Cortex-A53 de alta frequência (até 2,0 GHz), em conjunto com os 3 GB de RAM, faz um bom trabalho em abrir os aplicativos rapidamente e manter um multitarefa bem ágil. A GPU Mali-T860MP2, no entanto, parece subdimensionada para o Xperia XA Ultra — os gráficos nos jogos são pouco inspiradores, com falta de sombras e antialiasing. Também não é possível aproveitar jogos como Unkilled com os gráficos no máximo, já que há queda na taxa de frames e engasgos em cenas mais pesadas.

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A Sony, que costumava ter um gerenciamento de energia acima da média, decepcionou no Xperia XA e não mudou no Xperia XA Ultra. Com 2.700 mAh, a autonomia do smartphone de 6 polegadas é apenas mediana e fará uma parcela relevante dos usuários conectar o aparelho ao carregador antes do final do dia — especialmente se tratando de um aparelho focado em consumo de conteúdo. Em todos os dias, cheguei em casa com a bateria no limite.

No dia de monitoramento, tirei o smartphone da tomada às 10h, ouvi streaming de música no 4G por 2 horas e naveguei na web por 1h40min, também pela rede móvel. A tela, que ficou ligada por exatamente 2h02min, estava com o brilho no automático. Às 22h45, o nível alcançou os 14%. Nessas condições, a média costuma ficar entre 25% e 40% nos concorrentes.

Conclusão

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Se você considerar o hardware do Xperia XA Ultra, ele é caro demais para a categoria. O poder de processamento não impressiona, a bateria não dura tanto quanto deveria e há pouco armazenamento interno. Além disso, faltou um leitor de impressões digitais (estamos no final de 2016) e, embora ele tenha um formato bonito, o acabamento não tem nada demais em comparação com os concorrentes.

Mas o Xperia XA Ultra tem seu público — e atende bem. Para assistir a vídeos e navegar na web, a tela enorme de altíssima qualidade e o alto-falante potente contribuem muito com a experiência. Eu tenho sérias dúvidas quanto a atratividade das selfies, mas a Sony entrega isso também: se você estiver pensando num smartphone com boa câmera frontal, o Xperia XA Ultra é uma das melhores opções do mercado.

Ainda assim, não há como desconsiderar os concorrentes. A principal boa alternativa ao Xperia XA Ultra, com tela grande e câmera frontal de boa qualidade, é o Moto X Style, que entrega mais armazenamento (32 GB), bateria que dura um pouquinho mais e um acabamento mais robusto, na mesma faixa de preço. Para quem procura desempenho e câmera melhores, tem o Galaxy S6 — desde que você esteja disposto a ter uma tela menor e uma autonomia de bateria ruim para os padrões atuais.

De resto, o Xperia XA Ultra é uma opção interessante para os órfãos de outros aparelhos da linha Ultra, como os velhos Xperia Z Ultra e o Xperia T2 Ultra, que já mostram sinais de cansaço; e corrige alguns problemas do antecessor, o Xperia C5 Ultra. Não é para todo mundo, mas para quem é, pode-se dizer que é bom.

Especificações técnicas

  • Bateria: 2.700 mAh;
  • Câmera: 21,5 megapixels (traseira) e 16 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, Bluetooth 4.1, USB 2.0, NFC, rádio FM;
  • Dimensões: 164 x 79 x 8,4 mm;
  • GPU: Mali-T860MP2;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 200 GB;
  • Memória interna: 16 GB;
  • Memória RAM: 3 GB;
  • Peso: 202 gramas;
  • Plataforma: Android 6.0 (Marshmallow);
  • Processador: octa-core MediaTek Helio P10 de 2,0 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, bússola;
  • Tela: LCD de 6 polegadas com resolução de 1920×1080 pixels.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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