Hackers revelam falhas em urnas eletrônicas dos EUA e criam tensão com fabricantes
Em conferência, hackers encontraram formas de manipular votos, mas foram questionadas por quem produz as urnas
Em conferência, hackers encontraram formas de manipular votos, mas foram questionadas por quem produz as urnas
A suspeita de interferência russa nas eleições presidenciais de 2016 nos Estados Unidos aumentou as suspeitas sobre a credibilidade do processo de votação. Muitas pessoas consideram que o resultado pode ser manipulado com certa facilidade. E, nessa discussão, a desconfiança recai também sobre as urnas eletrônicas.
Neste domingo (12), na abertura da Defcon, a maior conferência para hackers dos EUA, um grupo de especialistas foi convidado a testar as urnas durante um hackathon. Eles conseguiram trocar o sistema das máquinas, descobrir plug-ins que não deveriam estar funcionando e outras formas de manipular o voto.
A descoberta criou um acirramento entre hackers e fabricantes de urnas eletrônicas, que foram apoiadas por autoridades. Os testes comprovaram algumas brechas de segurança, mas foram questionados pela ala que defende a credibilidade das máquinas.
Segundo algumas fabricantes, o evento não é capaz de reproduzir com fidelidade o cenário de um dia de votação. “Qualquer um poderia invadir qualquer coisa se você colocá-la no meio de uma sala e oferecer à pessoa acesso e tempo ilimitado”, criticou Leslie Reynolds, diretora-executiva da Associação Nacional dos Secretários de Estado.
A posição é compartilhada por algumas fabricantes. Para a Election Systems & Software, por exemplo, a situação real não oferece tanta liberdade para quem deseja burlar uma eleição. Antes de chegar às urnas, é preciso lidar com mesários, bloqueios, senhas e outras medidas de segurança adotadas em uma situação como essa.
Para Monica Tesi, porta-voz da empresa, a Defcon falha ao não oferecer soluções de segurança ao sistema de votação americano. Segundo ela, o evento leva a uma situação contrária, expondo o processo às ameaças externas – leia-se Rússia.
O organizador do hackathon realizado na Defcon, Jack Braun, discordou das posições. Para ele, alguns estados e empresas estão cometendo um erro ao não participarem do evento. “Acredito que seria uma ameaça à segurança nacional não fazer isso [os testes nas urnas]”, afirmou.
Em março, o Congresso americano destinou US$ 380 milhões para o sistema eleitoral. A verba será usada pelos 50 estados e os cinco territórios para melhorar os equipamentos usados nas votações e realizar testes e treinamentos de segurança.
Os EUA realizarão, em novembro, as eleições legislativas que definirão novos deputados e senadores. Portanto, a atenção para eventuais interferências externas e falhas de segurança nas urnas deverão aumentar nos próximos meses.
Com informações: Wall Street Journal.