Aparelho usado pelo FBI ganha nova função: driblar vigilância no home office

Mouse jiggler movimenta o cursor automaticamente e evita que computador e programas como Slack e Microsoft Teams entrem em modo ocioso

Giovanni Santa Rosa
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Mouse jiggler virou proteção contra vigilância no home office
Mouse jiggler virou proteção contra vigilância no home office (Imagem: Reprodução/Shopee)

Com a pandemia, muita gente passou a trabalhar em regime de home office. A adaptação não foi só para funcionários, mas também para empresas e gestores. Nem sempre essa relação a distância é fácil, e algumas pessoas acabam recorrendo a um aparelho chamado mouse jiggler, que serve para manter o computador ativo.

“Jiggler” significa “objeto que treme”, ao pé da letra. O gadget serve para manter o cursor se movendo na tela sem depender do usuário.

Assim, comunicadores com Microsoft Teams e Slack deixam de mudar o status da pessoa para “ausente” ou “ocioso”, já que o computador está sempre ativo. Isso serve para se livrar da vigilância indireta dos chefes e das companhias, que podem ficar dando uma olhada se você está (ou não) no computador durante o expediente.

O aparelho, porém, tem uma trajetória bem mais longa e curiosa.

De investigações para pessoas comuns no home office

Os mouse jigglers não são exatamente uma novidade. Nos anos 2000, eles existiam como um aparelho que você plugava na porta USB do seu computador. Só isso bastava para ele controlar o cursor do mouse e fazê-lo se mexer sozinho na tela.

Esse era um método usado por equipes de TI e perícia policial para manter as máquinas rodando por longos períodos sem precisar digitar a senha novamente. Até mesmo o FBI recorria ao equipamento: ao apreender a máquina de um suspeito, os policiais espetavam um jiggler para evitar que ele se bloqueasse sozinho.

Sobre isso, aliás, é interessante saber que também há maneiras de driblar, como o software USBKill. Ele desliga automaticamente o computador ao plugar um novo dispositivo na porta. Também dá para configurar o programa para tomar ações mais destrutivas, como apagar arquivos específicos.

Mouse jiggler virou software e até vídeo do YouTube

Atualmente, existem versões um pouco diferentes dos mouse jigglers. Elas também são ligadas no USB da máquina, mas só para fins de alimentação de energia, e funcionam como um suporte. Você coloca o mouse real ali em cima, e um disco na base do aparelho começa a girar. Assim, o sistema óptico detecta o movimento e fica mexendo o cursor na tela.

Não é muito fácil achar um mouse jiggler no Brasil. Em uma busca rápida, encontrei apenas produtos importados da China e vendidos em marketplaces de grandes varejistas, com preços que variavam entre R$ 100 e R$ 500. Nos EUA, eles custam cerca de US$ 30.

É possível usar programas para manter o cursor se movimentando e, com isso, o computador ativo. Entre as opções, estão o Mouse Jiggler, o Auto Mouse Mover e o Move Mouse. Existe ainda uma alternativa bem simples: ao buscar por “mouse jiggler” no YouTube, você encontra vídeos de longa duração para manter a máquina ligada sem precisar instalar nem comprar nada.

O uso no home office pode ser questionável em alguns casos. Há situações em que a chefia é realmente intrusiva, e nem sempre estar ausente da máquina quer dizer que você não está trabalhando — você pode estar falando com um cliente pelo telefone, por exemplo. Por outro lado, continuar aparecendo online enquanto você vai resolver assuntos pessoais não é muito correto, né?

Os mouse jigglers também podem ser úteis para manter o computador ativo durante tarefas longas, como instalações, atualizações, downloads e uploads. Pode ser um jeito mais prático do que mudar as configurações do sistema para aquela única ocasião.

E, claro, você também pode recorrer a algumas soluções criativas, como amarrar o mouse a um ventilador.

https://twitter.com/MaurilioBarbosa/status/1240696354453590017

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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