Cade investiga Google por “práticas anticompetitivas”
O Google Brasil amanheceu hoje com três processos administrativos do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) na porta. Eles foram criados a partir de denúncias das empresas responsáveis pelo Buscapé, Bondfaro e Bing, a E-Commerce Media Group Informação e Tecnologia Ltda. e a Microsoft.
O Google está sendo acusado por elas de “práticas anticompetitivas” em seu mecanismo de buscas, privilegiando os produtos da própria empresa em detrimento da concorrência.
Segundo divulgado pelo Cade, o Google pode estar privilegiando resultados do Google Shopping (serviço de comparação de preços de produtos, semelhante ao Buscapé e ao Bondfaro) em sua busca orgânica, que deve utilizar algoritmos para personalizar os resultados para cada usuário, além de oferecer mais ocorrências nos links patrocinados e confundir a identificação do que é pago e do que é orgânico; praticando “scraping”, que é o uso de dados relevantes da concorrência para uso em seus serviços – no caso, reviews postados por usuários do Buscapé e do Bondfaro; e aplicando restrições que dificultam e desestimulam que anunciantes do Google Adwords anunciem também em buscadores concorrentes (esta denúncia, como você pode imaginar, foi feita pela Microsoft).
Ainda foi publicado que o Google recusou a venda de espaço nos links patrocinados com foto ao Buscapé (e que só o Google Shopping pode ter esse tipo de anúncio), além de pedido que o site fornecesse dados “concorrencialmente sensíveis” para que o negócio fosse fechado.
Como dito no comunicado que anuncia a investigação, essas práticas resultariam em uma vantagem desleal do Google, que já detém cerca de 99% do mercado no Brasil. O resultado direto é o esmagamento da concorrência, que acaba gerando também dificuldades para inovar nos serviços e produtos. No fim, os problemas caem no colo do consumidor, seja em modo de uma oferta limitada ou de preços mais altos – ou os dois.
O Cade irá notificar o Google para que apresente sua defesa em relação às acusações feitas.
Entramos em contato com ele e este é seu posicionamento:
“Vamos trabalhar com o Cade para endereçar todas as suas dúvidas e preocupações. Governos e tribunais de justiça em vários países, inclusive no Brasil, já examinaram estas questões e não encontraram violações das leis vigentes”.
Já o posicionamento do Buscapé é o seguinte:
“O Buscapé Company reitera a importância do estabelecimento de um ambiente de negócios transparente e justo para todos os competidores, garantindo que o poder de decisão continue com a parte mais interessada neste processo, os consumidores. A empresa confia na seriedade do órgão regulador para a condução dessa investigação.”