Google é acusado de monopólio e responde apontando para concorrentes

Alphabet, dona do Google, é alvo de ação antitruste do Departamento de Justiça dos Estados Unidos por monopólio de anúncios; empresa emitiu comunicado sobre o tema

Felipe Freitas
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Google (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

O governo americano, através do seu Departamento de Justiça, abriu uma nova ação antitruste contra a Alphabet, dona do Google. O DoJ (sigla do órgão em inglês) acusa a empresa de monopolizar o setor de anúncios online. A ação judicial pede que a Alphabet venda a sua divisão de ads para diminuir a sua presença no segmento.

O processo antitruste do Departamento de Justiça, órgão equivalente ao Ministério da Justiça, não é o primeiro contra o Google. Na última vez, em 2020, o monopólio do Google sobre o mercado de buscas foi questionado pelo DoJ. O órgão acusa a Alphabet de práticas anticompetitivas no negócio de anúncios.

Google sofre ação antitruste por vender a faca e o queijo

Na ação antitruste, o Departamento de Justiça, junto com outro oitos estados, afirma que o Google realizou práticas como compra de competidores e força o uso das suas ferramentas de anúncios. O DoJ ainda acusa a empresa de manipular os leilões dos ads.

De acordo com uma publicação do Axios, a Meta e a Alphabet representam, juntas, mais de 50% do mercado de ads da internet. Os dados do Insider Intelligence, o Google possui 28,8% da fatia de anúncios, enquanto a Meta e suas redes sociais representam 19,6%.

Porém, o principal problema apontado pelo DoJ é que o Google tem um monopólio ao “abraçar” as duas pontas dos anunciantes. De um lado, o DoubleClick for Publishers permite que os sites com espaços de anúncio livres, do outro, fornece a ferramenta para as empresas colocarem os seus ads.

O DoubleClick for Publishers possui 90% do mercado, enquanto o Google Ads tem 80%. O Display & Video 360, focado em grandes empresas e agências de publicidade, conta com 40% de presença. Já o Ads Exchange, que “casa” quem quer vender espaço com quem quer anunciar, representa 50% do mercado.

Departamento de Justiça fez gráfico mostrando o funcionamento do "monopólio" do Google (Imagem: Reprodução/Departamento de Justiça dos Estados Unidos)
Departamento de Justiça fez gráfico mostrando o funcionamento do “monopólio” do Google (Imagem: Reprodução/Departamento de Justiça dos Estados Unidos)

Google diz que Departamento quer “reescrever a história”

A solução apresentada pelo Departamento de Justiça é a venda da divisão de anúncios — algo dito de maneira sutil na ação. Para a Alphabet, o órgão quer reescrever a história às custas de anunciantes e usuários da internet.

O “reescrever a história” vem do fato do Google ter comprado a AdMeId e a DoubleClick há 12 e 15 anos atrás, respectivamente. As duas aquisições da Big Tech foram aprovadas por reguladores americanos. Na teoria, esses profissionais são um obstáculo contra a criação de monopólios e de práticas anticompetitivas.

Jogando coisas no ventilador, o Google aponta que a Microsoft comprou a Xandr, empresa de anúncios que segue o modelo de atender anunciantes e sites com espaço para anúncios. Como bem destaca a empresa, foi essa parceria que levou a Microsoft a atender os ads dentro da Netflix.

No comunicado, a Alphabet também relata que o serviço de anúncios Amazon cresce mais rápido que o serviço de Ads do Google da Meta. A empresa liderada por Sundar Pichai mostra ainda que a Apple, Disney, Comcast, Walmart e Target estão expandindo sua atuação na área de anúncios online.

TikTok
Nem TikTok escapou de ser usado como defesa pelo Google (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

A chuva de dedos apontados do Google sobrou até para o outro lado do mundo. No comunicado, a Alphabet relembra que o TikTok lucrou, pelo que foi especulado, US$ 10 bilhões com anúncios nos últimos cinco anos e continua a crescer. Ou seja, o Google se defendeu mostrando que está quase ficando para trás na concorrência.

Independente de estar ou não vendo o bonde passar, o fim dessa ação judicial não será uma história inédita: não vai dar em nada.

Com informações: Ars Technica e Android Police

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

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