A ideia de apostar em conteúdo feito em casa (ou quase) deu tão certo para a Netflix que mais e mais produções próprias devem vir por aí. Quem assegura é ninguém menos que Reed Hastings, co-fundador e CEO da companhia (e também o cara que deu uma assinatura vitalícia da Netflix para o Silvio Santos).
Em entrevista ao New York Times, o executivo explicou que as produções próprias lançadas em 2015, juntas, devem superar 320 horas de conteúdo, quase três vezes mais que no ano passado.
Há várias razões para números tão grandes, começando por aquilo que todo mundo já percebeu: a maior parte das produções originais tem grande popularidade. House of Cards é o exemplo mais emblemático. Demolidor, o exemplo mais recente: lançada há três semanas, a série está fazendo tanto sucesso que já teve a sua segunda temporada confirmada (sai em 2016).
Mas Hastings entende que a Netflix pode ter mais autonomia para cuidar de todas as etapas de produção. O objetivo é diminuir a dependência de parcerias e, consequentemente, alcançar exclusividade.
House of Cards consegue mostrar um dos lados desvantajosos das parcerias: a produção da série é feita pela Media Rights Capital, que tem certa autonomia para licenciá-la para outras empresas. A terceira temporada do seriado, por exemplo, está disponível no canal alemão de TV Sky Deutschland.
Com parcerias ou não, as produções próprias também ajudam a Netflix a não depender tanto de estúdios de cinema e produtoras de TV. Sabe quando você procura um filme e descobre que o título saiu do catálogo da Netflix? É “culpa” do acordo de licenciamento.
Já as produções próprias podem ficar indefinidamente no acervo e, ainda por cima, ter lançamento simultâneo em todos os mercados em que a Netflix atua.
Reed Hastings vê benefícios até para a concorrência: “eu prevejo a HBO fazendo o melhor trabalho criativo de suas vidas nos próximos dez anos, pois eles estão em pé de guerra”, frisou.
“Eu prevejo a HBO fazendo o melhor trabalho criativo de suas vidas nos próximos dez anos, pois eles estão em pé de guerra”
O maior número de produções também tem como foco atender, tanto quanto possível, a todos os tipos de gostos. Hastings usou a si próprio para exemplificar: ele acha Demolidor muito violento, mas admitiu ser fã de Unbreakable Kimmy Schmidt.
Essa ênfase toda em conteúdo original gera expectativas em nós, usuários, mas representa um grande desafio para a Netflix. Produzir filmes e séries custa muito dinheiro, logo, há um certo receio em relação à estratégia, especialmente por parte de investidores.
Mas a própria concepção da Netflix já foi uma ousadia, portanto, Hastings tem lá seus motivos para arriscar saltos maiores.
Entre as séries orignais que devem chegar à Netflix nos próximos meses estão A.K.A. Jessica Jones (assim como Demolidor, feita em parceria com a Marvel) e Flaked (produzida pelos criadores de Arrested Development).