Sei que a reclamação mais fácil de fazer envolvendo qualquer item tecnológico é o preço. Pode ser do Xbox 360, da licença do Windows 7 Ultimate ou até mesmo do plano de dados do iPhone (escolha sua operadora e aponte o dedo). Conheço bem as burocracias, impostos e pentelhações por trás do que gera valores absurdos no bolso do consumidor final. E não costumava reclamar de preço de nada não (se meu bolso não permite, não compro, oras).

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Motorola Aura: só R$4149,00

Isso, claro, até conhecer o Motorola Aura. Já sabia que ele era caro nos Estados Unidos (US$ 2.000) e, até então, seu preço oficial nunca havia sido divulgado pela fabricante no Brasil – apenas de que faz parte dos aparelhos oferecidos de graça ou não pela operadora Tim num plano de mais de 700 reais por mês. Tem apelo fashion (leia-se um aparelho para mostrar e não usar, certo?) e, bem, é um bicho lindo. Vidro de relojoaria na frente, uma tela redonda, mecanismos de precisão e design um tanto diferente: para atender uma ligação, é preciso girar o alto-falante.

Mas aí o choque mesmo aconteceu outro dia, andando por um shopping em São Paulo. O Aura estava na vitrine de uma megaloja da Tim e, para minha surpresa, tinha o preço. Num plano “Infinity 1000”, ele custa R$ 3.149 na versão pós paga. Sim, você leu certo: R$ 3.149, mas dá para pagar em três parcelas de R$ 1.049. Que alívio, né? 😉

Numa versão pré-paga (=desbloqueado), o choque ainda é maior: R$ 4.149 à vista ou R$ 4.879 à prazo (10 parcelas de R$ 487). Argh! Com esse valor, dá pra comprar dois iPhones 3GS de 32 GB desbloqueados na Claro, por exemplo. Cada iPhone sai por R$ 2.399, e ainda sobra um troco pra, sei lá, tomar um sorvete. Ou pelo menos um Sony Ericsson Xperia, que, da última vez que vi na loja, tava em torno de R$ 3.000.

O caso do Aura, óbvio, é um desvio da curva de preço de qualquer celular. Quem tem dinheiro pra comprar um Aura, bem, não se preocupa com preço e muito menos com recursos. O que eu acredito que aconteceu é que faltava celular na vitrine da loja e algum funcionário sem noção colocou só para ver o que aconteceria – vai que alguém compra, afinal.

O fato é que, Auras ou não, algumas regrinhas da Anatel com o suposto argumento de proteger o consumidor acabam levando aos altos preços. Nos Estados Unidos, como estamos cansados de saber, um iPhone novo sai por US$ 199, desde que você amarre sua perna na AT&T num contrato de dois anos. Desse modo, a operadora subsidia o valor do aparelho e recupera o investimento ao longo dos 24 meses com as mensalidades.

No Brasil, o limite máximo imposto pela Anatel para os contratos é de 12 meses, e com isso a possibilidade de subsídio cai muito. Lembro quando a mesma Tim lançou, alguns meses atrás, o Nokia 5800 por R$ 399 (com plano de 250 minutos mais plano de dados de 300 Kbps). O mesmo telefone, desbloqueado, custava (na época) em torno de R$ 1.700. Sentiu a diferença do subsídio? Ah sim, essa história tem uma moral: o Aura não é para mim nem para você. A não ser, claro, que gastar quase 5 mil reais em um celular seja troco de bala!

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Henrique Martin

Henrique Martin

Henrique Martin, Jornalista formado pela PUC-SP, tem 11 anos de experiência com comunicação e internet. Cobre a área de tecnologia desde 1999, quando foi repórter na Folha de S.Paulo. Desde então, passou por veículos como PC Magazine, Macworld, PC World, The Industry Standard e Folha Online, entre outros. Hoje é dono do Zumo.

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