Huawei P30 Pro: uma olhada no celular de retorno da marca ao Brasil
P30 Pro da Huawei tem câmera quádrupla da Leica, zoom óptico de 5x e lançamento no Brasil em maio
P30 Pro da Huawei tem câmera quádrupla da Leica, zoom óptico de 5x e lançamento no Brasil em maio
Direto de Paris e Cidade do México — A Huawei está de volta ao mercado brasileiro de smartphones com dois produtos. A estrela da vez é o P30 Pro, um topo de linha com câmera quádrupla da Leica, zoom óptico de 5x e tecnologias para tirar fotos mesmo em ambientes com quase nenhuma luz. Além dele, a Huawei vai trazer o P30 Lite, uma versão mais simples que ainda não teve os detalhes revelados.
O P30 Pro é um modelo premium com tela OLED de 6,47 polegadas, resolução Full HD+ (2340×1080 pixels) e notch em formato de gota para abrigar a câmera frontal de 32 megapixels. Eu já estou com o lançamento da Huawei na mão e conto minhas primeiras impressões nos próximos minutos.
Assim que segurei o P30 Pro na mão pela primeira vez, lembrei da pegada do Galaxy S9+. Ele não é um aparelho pequeno, mas é menor do que pode sugerir uma tela de quase 6,5 polegadas. As dimensões, o peso e até o formato são parecidos com o do topo de linha da geração passada da Samsung — a Huawei colocou uma tela e um vidro traseiro com laterais curvas, algo que ela já havia feito no Mate 20 Pro.
A tela OLED de 6,47 polegadas tem excelente definição, brilho alto e cores vibrantes. As bordas em volta do display são mínimas e o aproveitamento de espaço frontal é ótimo, já que a Huawei colocou o leitor de impressões digitais na tela e aboliu a grade de alto-falante, trazendo uma tecnologia de levitação eletromagnética para emitir som pelo display. Aqui, vale lembrar que o sensor biométrico do P30 Pro é óptico, teoricamente inferior ao ultrassônico da concorrência.
Por dentro, o P30 Pro é tudo o que você poderia esperar de um celular topo de linha: ele traz o processador Kirin 980, o mais potente fabricado pela Huawei até o momento, além de 6 ou 8 GB de RAM e 128, 256 ou 512 GB de armazenamento interno. Algo me diz que a Huawei deve trazer o modelo com 8 GB de RAM e 256 GB de espaço ao Brasil, mas a empresa ainda não confirma essa informação oficialmente.
Um ponto de discórdia é que a memória interna até pode ser expandida, mas infelizmente só por meio de um cartão proprietário da Huawei — um tal de NM Card, que tem o mesmo formato de um chip de operadora Nano-SIM. Obviamente, é mais difícil encontrar esse tipo de cartão, eles são mais caros e não funcionam em nenhum lugar a não ser nos celulares da Huawei. Fica a torcida para que as outras fabricantes não sigam o mesmo caminho e continuem adotando o microSD.
A parte mais interessante do hardware é a bateria: além da capacidade acima da média, de 4.200 mAh, ela pode ser abastecida com um carregador de 40 watts. A promessa da Huawei é que a carga vai de zero a 70% em apenas meia hora. Também dá para usar um carregador wireless no P30 Pro, mas a potência cai para 15 watts, como na maioria dos smartphones caros disponíveis no mercado.
Quanto ao software, que é baseado no Android 9 Pie, a interface EMUI pode causar estranhamento à primeira vista, mas não é nada de outro mundo. Como de costume nas interfaces chinesas, todos os aplicativos ficam na tela inicial — não existe um menu de apps. E um detalhe bacana é o controle por gestos: você pode voltar para a tela inicial ou abrir o multitarefa deslizando o dedo para cima, como no iOS; e também pode deslizar o dedo da borda lateral para o centro da tela para voltar para a tela anterior.
Mas vamos para o componente que a Huawei não cansou de falar durante toda a apresentação: a câmera.
Eis uma curiosidade: três dias antes do evento global, em Paris, eu tive a oportunidade de brincar com a câmera do P30 Pro por alguns minutos em uma sessão misteriosa na Cidade do México. Aliás, bota misteriosa nisso: nenhum funcionário da Huawei falava o nome comercial do produto; eles só pronunciavam o codinome Vogue, pelo qual o celular era conhecido durante a fase de desenvolvimento.
Nessa sessão, feita em uma sala escura, o modo noturno da câmera do P30 Pro se mostrou bem impressionante. Ele lembra o Night Sight do Google Pixel 3: você aponta a câmera para um lugar escuro, tira a foto, espera alguns segundos e o resultado é uma imagem com detalhes visíveis, boa iluminação e pouco ruído. Preciso de mais tempo para testar a câmera na rua, mas ela me pareceu bem promissora.
Na mesma ocasião, também tive meu primeiro contato com o que a Huawei chama de zoom híbrido. Isso nada mais é do que uma combinação do zoom óptico de 5x e do zoom digital de 10x (ou seja, um recorte via software). O resultado é bem o que você poderia imaginar: aproximando a imagem em até 5x, a qualidade é decente, apesar da abertura pequena da lente telefoto, de f/3,4. Acima de 10x, não tem mágica: a foto granula bastante e os detalhes se perdem.
A Huawei diz que o P30 Pro tira fotos melhores por causa do sensor de imagem maior que o dos concorrentes, que também é projetado de uma forma diferente. Normalmente, os sensores são do tipo RGGB (ou seja, com um sub-pixel vermelho, um azul e dois verdes). Pela primeira vez, temos uma câmera RYYB, com um vermelho, um azul e dois amarelos. A vantagem desse arranjo é que ele captura até 40% mais luz, segundo a Huawei, o que em tese pode melhorar as fotos quando a iluminação não estiver boa.
O aplicativo da câmera está bem intuitivo, reconhecendo a cena e ativando automaticamente os modos de pouca luz ou desfoque sem que o usuário precise intervir. No modo automático, dá para chegar a 50x de zoom com a ajuda do software e da lente teleobjetiva, que felizmente tem estabilização óptica de imagem para quem resolver se aventurar a tirar uma foto da lua.
Fazendo um gesto de pinça ao contrário, você chega ao zoom de 0,6x, que é feito com a lente ultra wide, de abertura f/2,2. Todo o resto passa principalmente pela câmera de 40 megapixels com lente de abertura f/1,6. A quarta câmera traseira é uma Time-of-Flight (ToF), que basicamente emite sinal infravermelho para determinar a distância de um objeto — o que pode melhorar o efeito de desfoque de fundo, ajudar a focar no escuro e funcionar em aplicações de realidade aumentada.
Eu tive uma sensação mista com a câmera do P30 Pro. O modo noturno até impressiona, mas demora mais que o Google Pixel 3 para processar a foto e apresentar um resultado semelhante ou pior. E o pós-processamento se mostrou inconsistente em ambientes escuros: às vezes as fotos saem boas, mas às vezes saem com cores lavadas e com um filtro de suavização para reduzir o ruído que destrói os detalhes da imagem. O conjunto óptico parece ótimo, mas o software talvez precise melhorar.
Confesso que rolou uma pontinha de decepção com a câmera do P30 Pro porque ela foi aclamada pelo DxOMark e foi apresentada no evento de lançamento como se desse uma surra no iPhone XS Max e no Galaxy S10+, que foram os principais alvos nas falas do CEO da Huawei no palco. Mas, na prática, nas primeiras horas de uso, a impressão é que não é beeeeeeem assim. Falta refinamento.
Preciso de mais tempo para testar o P30 Pro e ver se a câmera é realmente boa em condições extremas, se a bateria aguenta o tranco com esse hardware potente e, principalmente, se o desempenho é melhor que o dos concorrentes no uso diário, já que a Huawei reservou um tempinho da apresentação para falar de um novo sistema de arquivos que, teoricamente, faz os aplicativos abrirem até 1 segundo mais rápido que no iPhone XS.
Eu já estou usando o P30 Pro como meu smartphone principal e o review completo sai em breve. O que vocês querem saber sobre ele?
Paulo Higa viajou para Paris e Cidade do México a convite da Huawei.