iPad Mini chama a atenção pela qualidade de construção

Brincamos com o tablet baixinho de 7,9 polegadas da Apple.
"Caro para um tablet, mas barato para um iPad."

João Brunelli Moreno
• Atualizado há 5 meses

É sempre difícil reconhecer um erro. Ainda mais quando tem ao seu redor um séquito de admiradores mais dispostos a aceitar incondicionalmente qualquer uma de suas ideias do que contestá-las. Em 2010, durante a apresentação realizada pela Apple para mostrar o iPad original, o então CEO, guru, co-fundador e quinto Beatle Steve Jobs foi enfático: “os tablets com telas pequenas são inviáveis”.

Esta afirmação foi tomada como verdade absoluta pelos entusiastas da marca e parte da mídia. Mas não pelo mercado, e logo começaram a pipocar tablets com telas menores, de outros fabricantes, nas prateleiras. Ainda que não desfrutassem uma fração da fama conquistada pelos produtos da maçã, agradaram parte dos consumidores e até que Apple podia viver com isso. Mas quando gigantes como Amazon e Google lançaram seus próprios tablets com telas menores, o nicho se tornou irresistível para a empresa da maçã.

E assim nasceu o iPad Mini, tablet com tela de 7,9 polegadas com 1024x768pixels e processador A5, mostrado com pompa no começo de outubro e homologado para chegar ao Brasil na semana passada.

Como não poderia deixar de ser, a característica que mais chama a atenção no iPad Mini são suas dimensões. Além da óbvia tela menor, se destacam as formas mais enxutas conquistadas com as bordas laterais bem estreitas que de quebra permitem que o aparelho seja segurado com apenas uma mão. Mas o que impressiona são sua espessura e peso: com 7 mm e 308 gramas, é mais leve e fino do que qualquer outro tablet já testado por este que vos escreve.

Na inevitável comparação com o iPad 2, com quem virtualmente divide especificações, a vantagem é do Mini. Basicamente idêntico que seu mais velho debaixo do capô, o baixinho sai na frente por causa de seu menor peso, formas enxutas e (pelo menos lá fora) preço: vendido por US$ 329, tem melhor relação custo-benefício que o 2, que sai por US$ 399 para entregar uma tela 1,7 polegada maior em um aparelho com praticamente o dobro do peso (603 gramas). E ainda que isso seja um conceito relativo, o Mini é mais bonito que seu antecessor.

Frente ao iPad top (no caso deste comparativo, aquele de terceira geração – leia o review), fica claro que o Mini é um produto de entrada, mas não necessariamente inferior. O pequeno tem tela brilhante e de boa resolução. A ausência da Retina não faz qualquer falta neste ou em outros produtos da família. Ele roda o iOS 6 com fluidez exemplar, sem qualquer sinal de engasgos.

Nas mãos, o iPad Mini agrada por seu tamanho, peso e toque da tampa traseira de metal galvanizado. Ao contrário dos outros iPad, pode ser usado nas mãos por longos períodos sem necessidade de ser apoiado nas pernas ou sobre alguma superfície. Já a duração da bateria é de 10 horas, equivalente aos demais tablets da casa.

Para quem nunca teve um iTreco como iPod, iPhone ou iPad, a adoção do conector Lightning em substituição ao clássico de 30 pinos é uma novidade bem-vinda. Não existe mais o clique físico para o conector, o que na prática significa que existe menos uma coisa para quebrar no cabo – e o modelo anterior não era conhecido exatamente por sua robustez.

Quando comparado com tablets Android de tamanho similar, o iPad Mini chama a atenção pela qualidade de construção e bom acabamento, evidência que aquelas criancinhas chinesas estão fazendo um ótimo trabalho. Quando comparado com o Galaxy Tab, o Mini ganha pontos pela maior largura da tela e formas enxutas. Qualquer outra comparação entre esses modelos aqui levaria novamente àquele infinito debate do iOS x Android, que geralmente é vencido por aquele que desiste por último.

No frigir dos ovos, o iPad Mini é uma ótima resposta que a Apple dá à própria Apple a respeito da viabilidade dos tablets menores. É incrivelmente leve, agradável de usar e até mais bonito que seus irmãos mais velhos. Além disso, está exatamente onde a empresa da maçã quer que atue no mercado, tentando seduzir potenciais compradores de tablets Android premium ao mesmo tempo que está longe de ser o melhor que a empresa pode oferecer no segmento – tarefa essa que fica com o iPad top.

Mas como quase sempre, o inferno são os outros. No mercado norte-americano existem boas opções de Google e Amazon para o segmento dos tablets pequenos bom preços bem mais atraentes que os praticamos pela empresa da maçã. Google Nexus 7 e Amazon Kindle Fire custam a partir de US$ 199 e US$ 159, respectivamente. Enquanto isso, o iPad Mini custa seus US$ 329. Caro para um tablet, mas barato para um iPad.

Por aqui, o iPad 2 de 16 GB está à venda por R$ 1.299 e o lógico é esperar que o iPad Mini custe bem menos que isso. A Apple fez um grande trabalho no desenvolvimento do tablet. Agora é esperar para ver se a subsidiária fará a lição de casa na hora de colocar o aparelho nas prateleiras.

Agradecimento especial ao amigo Alexandre Bassora por ceder o aparelho para testes.

Relacionados

Escrito por

João Brunelli Moreno

João Brunelli Moreno

Ex-redator

Formado em comunicação e jornalismo pela Universidade Metodista de Piracicaba, João Brunelli Moreno é redator, blogueiro, roteirista e produtor de conteúdo. Venceu mais de 100 prêmios de publicidade, incluindo o 40° Profissionais do Ano realizado em 2018. Foi autor no Tecnoblog entre 2009 e 2012 cobrindo assuntos relacionados a gadgets, computadores, Apple, Google, Microsoft, entre outros.