O LinkedIn seria melhor sem esses 3 tipos de posts que atacam minha ansiedade

Apesar de ser bastante útil para se conectar com profissionais, o LinkedIn pode ser um ambiente tóxico e prejudicial para pessoas ansiosas

Murilo Tunholi
• Atualizado há 1 mês
O LinkedIn pode ser um terror para pessoas que lidam com crises de ansiedade (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

As redes sociais são bastante úteis, mas podem causar prejuízos à saúde mental, principalmente em pessoas ansiosas, como eu. O problema não está nas plataformas em si, mas nos usuários tóxicos que as usam para esbanjar superioridade. No LinkedIn, em especial, essa questão piora, porque todos os posts giram em torno de conquistas profissionais, cursos, dinheiro e bens materiais.

LinkedIn é ótimo, mas usuários podem ser tóxicos

Com mais de 810 milhões de usuários registrados, o LinkedIn é a maior rede social para se conectar com profissionais e empresas. Apesar de ter um propósito bastante nobre, o site acaba criando um ambiente extremamente competitivo onde as pessoas precisam provar a todo momento suas capacidades e realizações no mercado de trabalho.

Quando você está no início da carreira, logo após sair do colégio ou da faculdade, o LinkedIn pode ser fundamental para conhecer pessoas e organizações. É preciso, porém, se preparar psicologicamente para ler inúmeros posts “motivacionais” com pessoas falando que você só terá sucesso se trabalhar mais do que o seu próprio corpo aguenta, por exemplo.

No meu caso, sempre vi o LinkedIn como um espaço para compartilhar meus trabalhos com outros jornalistas. Entretanto, durante os primeiros anos da minha carreira, tive muitas crises de ansiedade ao usar a plataforma. Após passar algumas horas navegando pela linha do tempo, era comum me sentir como o pior profissional do mundo, pois parecia que todos estavam prosperando, enquanto eu ficava para trás.

Esse sentimento era causado, na maioria das vezes, por posts tóxicos que costumam seguir o mesmo estilo. As mensagens começam com um tom motivacional, mas logo se transformam em verdadeiras armadilhas para pessoas ansiosas. Sabe aquela típica frase “trabalhe enquanto eles dormem”? Então, já levei isso para a minha terapia algumas dezenas de vezes.

Neste texto, trago três tipos de publicações clássicas que aparecem com frequência no LinkedIn, mas que poderiam não existir. Sem esses posts, a plataforma seria um lugar melhor e mais saudável para procurar empregos, principalmente durante os anos iniciais de carreira, quando não temos muitas experiências profissionais para compartilhar.

Rejeite o descanso e trabalhe sem parar

Trabalhar demais sem descansar pode levar qualquer pessoa ao burnout em pouquíssimo tempo. Porém, parece que há uma parcela de usuários no LinkedIn que não acredita nisso. Por vezes, aparecem posts anunciando vagas de emprego que ultrapassam as 40 horas semanais, por exemplo, com textos que chegam a ser doentios, como nesse caso:

Não faz sentido oferecer “liberdade” ao mesmo tempo em que priva o funcionário de curtir os finais de semana ou de simplesmente dormir à noite como qualquer ser humano normal. Uma pessoa que está começando no mercado de trabalho ou precisa de um emprego urgente pode cair fácil numa armadilha dessas e desenvolver problemas mentais sérios.

Esse outro comentário a seguir segue o mesmo estilo de exigir que a pessoa não descanse durante alguns dias na semana. É importante ter em mente que um profissional satisfeito com seu salário e com a saúde mental em dia é muito mais produtivo do que alguém que não para nunca.

Como disse no começo deste texto, o LinkedIn tem propósito muito útil, mas é uma pena que grande parte dos usuários só pensa em se exibir. Além disso, muitos desses “recrutadores” inventam histórias para ganhar engajamento de graça na plataforma. Não acredite em tudo o que lê na internet.

Recrutadores expondo candidatos a troco de nada

Pior do que não receber resposta de uma empresa após se candidatar a uma vaga é ser ignorado e exposto no LinkedIn em seguida. É bastante comum ver recrutadores humilhando candidatos que não puderam comparecer a entrevistas devido a problemas pessoais, ou julgando profissionais apenas pela foto que usam nas outras redes sociais, como no caso desse post:

É horrível pensar que você pode ser rejeitado por não permitir que usuários desconhecidos vejam sua foto no WhatsApp, ou por publicar uma foto em uma festa com amigos. A boa notícia é que, na maioria dos casos, empresas lideradas por pessoas que pensam dessa forma não costumam valer a pena.

Vale mencionar também que, assim como no caso anterior, muitos gestores criam essas histórias fictícias. Mesmo que a maioria dos comentários seja de críticas ao conteúdo, o engajamento ainda é alto. O LinkedIn, por sua vez, tende a exibir posts como esses com mais frequência, por causa do algoritmo da plataforma.

Empresas bonitas, mas somente na foto

Um dos principais gatilhos da ansiedade é a comparação. É comum se sentir angustiado ao abrir o LinkedIn e se deparar com um indivíduo começando a trabalhar em uma empresa que parece ser maravilhosa pelas fotos. Porém, muitos lugares vendem uma imagem fictícia da rotina dos funcionários.

Você só vai saber a realidade de uma empresa se trabalhar nela. Além disso, é possível que aquele seu amigo que entrou na vaga descolada que você tanto queria possa estar infeliz por vários motivos. Lembre-se: cada pessoa tem um ritmo diferente na vida. Se você está satisfeito com o seu emprego atual, não tem motivo para se comparar com outra pessoa.

Às vezes, a empresa que você queria fazer parte pode ser, na verdade, bastante tóxica. Há alguns anos, eu tinha o sonho de trabalhar na Activision Blizzard um dia, por gostar muito dos jogos produzidos por ela. Após saber dos escândalos de assédio e discriminação que acontecem por lá, vi que não fazia sentido ficar ansioso por não ter realizado esse desejo.

Viva um dia de cada vez, inclusive no trabalho

Apesar desses problemas, o LinkedIn ainda é uma excelente plataforma para se conectar com profissionais da sua área. Se a rede social estiver afetando a sua saúde mental de forma negativa, use-a com menos frequência. Também dá para desinstalar o aplicativo para celulares e acessar seu perfil somente uma vez ao dia, para não perder possíveis mensagens no chat.

Assim como no Instagram, Facebook, Twitter ou outras redes sociais, nem todos os posts do LinkedIn são o que parecem. A plataforma serve de palco para CEOs, recrutadores e profissionais com egos enormes se exibirem. Por isso, vale a pena olhar para o site mais como um mecanismo de busca de vagas do que como um lugar para compartilhar histórias.

Por fim, procure ajuda profissional de um psicólogo ou psiquiatra, caso a ansiedade esteja impedindo você de avançar na carreira. Manter a saúde mental em dia é tão importante quanto publicar artigos no LinkedIn e fazer cursos em universidades renomadas.

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Murilo Tunholi

Murilo Tunholi

Ex-autor

Jornalista, atua como repórter de videogames e tecnologia desde 2018. Tem experiência em analisar jogos e hardware, assim como em cobrir eventos e torneios de esports. Passou pela Editora Globo (TechTudo), Mosaico (Buscapé/Zoom) e no Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. É apaixonado por gastronomia, informática, música e Pokémon. Já cursou Química, mas pendurou o jaleco para realizar o sonho de trabalhar com games.