Para surpresa de ninguém, inteligência artificial está em toda parte
Primeiros eventos de tecnologia do ano mostram que a onda de IA está chegando com força, e em diversas áreas
Primeiros eventos de tecnologia do ano mostram que a onda de IA está chegando com força, e em diversas áreas
No dia 17 de janeiro, a Samsung realizou sua tradicional cerimônia de apresentação de novos produtos, o Unpacked. Mas a edição deste ano teve um tempero diferente. A Samsung divulgou o evento como a chegada do Galaxy AI.
Foram revelados os novos celulares da linha Galaxy, principal da empresa. Mas as especificações técnicas dificilmente chamaram tanta atenção quanto os recursos de inteligência artificial que a empresa tanto enfatizou.
Entre as possibilidades estão a tradução simultânea de mensagens e ligações, resumos de anotações e a edição de texto para tons diferentes (mais casual ou mais profissional, por exemplo). O interessante é que parte das funcionalidades roda de modo nativo no próprio celular.
Os anúncios não foram exatamente uma surpresa. Em tempos de ChatGPT e da corrida pelo desenvolvimento de modelos linguagem mais sofisticados, era questão de tempo até que a inteligência artificial generativa aparecesse nos smartphones. A Samsung apenas saltou na frente, pelo menos no sentido de surfar o hype do momento.
E este movimento também está acontecendo em outros segmentos. As empresas se mexem para descobrir onde dá para inserir ferramentas de inteligência artificial, e como torná-las úteis para o consumidor.
Na semana anterior ao Samsung Unpacked, outro importante evento de tecnologia aconteceu: o Consumer Eletronics Show, ou CES. O tema da edição de 2024 já dizia tudo: “AI for All”.
O Tecnoblog cobriu a feira de perto, e, como comentamos no Tecnocast 320, quase tudo que chamou a atenção este ano tinha a ver com inteligência artificial.
Quer fazer um bom bife, mas não confia nos seus dotes culinários? A grelha com IA te salva. Quer identificar pássaros com mais precisão? Binóculos com IA. Precisa ninar o seu filho(a)? A solução, obviamente, é o carrinho de bebê com IA.
Tudo isso é esperado numa CES. Sempre há dispositivos pitorescos ou ambiciosos demais, que talvez nem cheguem ao consumidor final. Mas a diretriz parece clara: colocar IA em tudo o que for possível.
Apesar dos produtos e aplicações meio esquisitos, há pelo menos um aspecto em que o uso de ferramentas de inteligência artificial faz bastante sentido: o uso dos grandes modelos de linguagem (LLMs, na sigla em inglês) para compreensão de linguagem natural.
Essa é a aposta por trás da integração do ChatGPT ao assistente de voz da Volkswagen, por exemplo. Alguns dos casos de uso envolvem pedidos para traçar rotas (“Quero ir para o lugar X”) ou acionar algum recurso do veículo, como o ar-condicionado e janelas.
Na mesma lógica, um robô pessoal doméstico, como o apresentado pela LG, precisa entender o que seus donos pedem. Daí a necessidade de um sistema que entenda linguagem natural, e os LLMs estão aí para isso.
O potencial desses modelos de linguagem está posto, e agora as empresas procuram por utilidades práticas. Dentro desse contexto, há até quem prometa dispositivos totalmente inovadores.
Um dos destaques da CES foi o R1, gadget de inteligência artificial produzido pela Rabbit. A promessa do CEO, Jesse Lyu, é que o aparelho vai utilizar seus aplicativos para você.
O dispositivo seria capaz de entender uma ordem feita em linguagem natural, como “Me peça uma pizza”, e utilizar um aplicativo para solicitar a comida. O usuário precisaria apenas confirmar o pedido na tela do R1.
No portal da Rabbit, o usuário faz o login nos aplicativos que utiliza. É assim que o R1 fica sabendo exatamente onde pedir comida, ou fazer uma compra. Lyu chama essa tecnologia de modelo de ação; a lógica aí é que ele não apenas entende a linguagem, como um LLM, mas também é capaz de efetuar ações objetivas.
O R1 chega por um preço bem amigável para o mercado americano, US$ 199,00, o que certamente contribuiu para o sucesso das vendas. Cerca de dez mil unidades já foram comercializadas.
Apesar da diferença de design e preço, a proposta do R1 é parecida com a do AI Pin, anunciado no ano passado. Dispositivos que executam ordens em linguagem natural, eliminando a fricção de navegar entre vários apps. Se isso representa uma ameaça ao gadget normalmente utilizado para rodar apps, o celular, precisamos esperar para ver.
No entanto, smartphones também podem ter acesso a modelos de linguagem, seja de forma nativa ou pela nuvem. E dificilmente a Samsung será a única a oferecer essa experiência a seus usuários.
Nos celulares e em gadgets que prometem substituí-los, em carros, TVs, eletrodomésticos: veremos inteligência artificial por todos os lados. Resta saber em quais segmentos ela vai se confirmar como uma evolução prática, e em quais passará como mais um dos hypes tecnológicos que ficaram para trás.
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