Shadow Era, um cardgame virtual para todos
No iPhone ou no browser, esse jogo simula perfeitamente um card game tradicional.
No ano passado escrevi dois artigos aqui no Tecnoblog tratando sobre TCGs , ou trading card games. O gênero, que se tornou popular graças a franquias como Magic the Gathering e Yu Gi Oh, é essencialmente um jogo de estratégia em turnos. Há gerenciamento de recursos e a criação de exércitos para atacar oponente e se defender dos ataques dele (além da utilização de itens especiais que podem beneficiar você, ou atrapalhar o adversário).
Os artigos em questão lidavam com uma subcategoria específica dos trading card games: os TCGs virtuais. Há várias vantagens para a versão intangível; umas delas é o fato de que cartas virtuais não se perdem ou se desgastam como acontece com a versão física delas.
Entretanto, todos os jogos que eu citei naquelas duas matérias tinham duas coisas em comum. Primeiro, todos eles são pagos. TCGs têm uma considerável curva de aprendizado, e ter que pagar antes para aprender depois desmotiva um poucos os neófitos (e se você descobre que a coisa não é para você, agora é tarde pois você já investiu a grana).
Segundo, todos eles exigiam uma plataforma específica — seja Orions no iPhone, Eye of Judgement no PS3 ou Yu Gi Oh no Nintendo DS. Fica difícil recomendar um jogo para quem não tem o console necessário para jogá-lo, né?
Caso você tenha algum interesse no mundo de card games mas os títulos que eu recomendei ou são onerosos demais para quem tá começando ou não estão disponíveis para sua plataforma favorita, você vai adorar conhecer Shadow Era.
Shadow Era é um jogo lançado para iOS e browser, com previsão de chegar em breve ao Windows, Mac e Android (mas os usuários desses últimos já podem se divertir por enquanto no navegador mesmo). O jogo é gratuito e, embora seja possível usar dinheiro para adquirir decks e boosters, é estritamente desnecessário.
Em Shadow Era, você controla um baralho composto de no mínimo 30 cartas, sendo que uma delas é o “herói”. O herói (e existem várias classes de heróis no jogo) é a figura central da partida. Se ele morre, você perdeu o jogo.
O objetivo é matar o herói do oponente antes que ele mate o seu. Para isso, você usará “aliados”, que são os seu soldadinhos no campo de batalha. Se você é familiarizado com Magic, os tais aliados são análogos às “criaturas”. Há também itens e magias especiais — além de habilidades especiais dos heróis — que te ajudam durante o combate.
A progressão dos turnos é simples. Primeiro, você compra uma carta. Em seguida, elege uma carta da sua mão para ser “sacrificada”. Ou seja, você se livra dela permanentemente (durante aquela partida) e ela se torna parte da sua reserva de recursos. Depois, dependendo de quantos recursos você tem, é possível invocar um aliado, um item, uma magia. Findo os seus recursos, só te resta passar o turno para o oponente, que repetirá os mesmos passos.
A manha de Shadow Era, assim como em todo TCG, é decidir qual é a hora certa de executar uma devida ação. Isso vai requerer conhecimento sobre as cartas e sobre o tipo de deck que o oponente usa, mas isso que é o legal desses jogos.
Não existe uma campanha propriamente dita em Shadow Era. Ao iniciar o jogo, você cria uma conta no servidor deles — e você pode utilizar a mesma conta em qualquer plataforma que desejar, o que é muito bacana —, escolhe um deck para começar, e enfrenta outros baralhos controlados pela IA. Não existe uma progressão tangível neste quesito: você pula de um oponente para o outro ao passo que desejar.
Com as vitórias, você acumula ouro que pode ser usado para adquirir cartas avulsas que melhorem seu deck.
Existem duas moedas no jogo: o ouro, que é adquirido com vitórias, e os “Shadow Crystals”, que são unidades monetárias que você compra com dinheiro de verdade. O ouro é usado para conseguir cartas avulsas; já os Shadow Crystals são usados para comprar decks inteiros ou um booster (um pacotinho com 15 cartas aleatórias).
Como já expliquei, gastar dinheiro com o jogo é inteiramente dispensável. É possivel (com um pouco de paciência) vencer jogos o suficiente para angariar a quantia necessária para comprar aquela carta que você está querendo. E, caso você tenha dois dólares de sobra e tenha gostado muito daquele deck de Magos que você viu, você pode adquirir Shadow Crystals e pegar o deck duma vez.
Decks e boosters custam 100 Shadow Crystals cada um (o equivalente a um dólar), mas o mínimo que se pode comprar são 200. Logo, se você quiser fazer o mínimo investimento possível no jogo, gastará apenas pouco mais que 3 reais.
O sistema econômico do jogo simula perfeitamente a experiência real de um card game. Você pode comprar um booster, não conseguir nenhuma carta que você realmente queria, e então vender todas por ouro e, aí sim comprar, uma por uma, as cartas que você realmente precisa. Isso é uma prática comum para adeptos do hobby, e é interessante que conseguiram colocar isso em Shadow Era.
Depois que você tiver enfrentado o computador o bastante para acumular uma pequena fortuna em ouro — e quem sabe apelado para alguns Shadow Crystals para pegar aqueles dois decks que você achou bacana —, é a hora de enfrentar outros jogadores. Shadow Era é cross plataform, ou seja, jogadores de iPhone podem enfrentar jogadores de browser, por exemplo.
No modo online você testará sua habilidade e o baralho que você montou. Oponentes humanos são bem mais difíceis de derrotar que o computador, e eles se comportam de forma mais flexível também. Você acaba aprendendo muitas estratégias, mesmo que leve muitas surras para tanto.
Shadow Era é muito promissor. O jogo saiu há pouco mais de uma semana, mas já atingiu a marca de 200 mil jogadores. Updates importantes sairão nas próximas semanas, incluindo novas cartas e versões baixáveis para PC, Mac e o app para Android. O fato de que todos os usuários podem competir entre si, a despeito da plataforma usada, torna a lista de possíveis adversários imensa.
O fato de ser gratuito torna Shadow Era impossível de não recomendar. Se você tem no mínimo curiosidade sobre card games, não há por que não baixar.
E, ao contrário do que você pode estar pensando, jogadores que decidam não gastar dinheiro não estarão em completa desvantagem em relação àqueles que compram Shadow Crystals. Talvez você demore um pouco mais tempo para montar aquele deck cheio de cartas caras, mas isso apenas significa que você adquiriu mais experiência e familiaridade com o jogo até chegar lá.
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