Trek to Yomi é uma obra de arte com samurais, mas peca na jogabilidade

Enredo, visual e trilha sonora de Trek to Yomi são de tirar o fôlego, mas os combates entre samurais precisam melhorar (e muito)

Murilo Tunholi
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• Atualizado há 11 meses
Trek to Yomi (Imagem: Divulgação/Devolver Digital)
Trek to Yomi (Imagem: Divulgação/Devolver Digital)

O período feudal do Japão é utilizado como cenário de histórias que, na maioria das vezes, tratam de tramas sobre militarismo e relações de poder. Inspirado nas obras de Akira Kurosawa, Trek to Yomi entrega uma crônica clássica de vingança com samurais. Apesar de algumas falhas técnicas, o jogo é uma experiência excelente para fãs dessa temática. Continua comigo neste texto para conhecer o game.

Uma verdadeira obra de arte com samurais

Trek to Yomi (Imagem: Divulgação/Devolver Digital)
Trek to Yomi (Imagem: Divulgação/Devolver Digital)

Desenvolvido por Leonard Menchiari em parceria com o estúdio Flying Wild Hog e distribuído pela Devolver Digital, Trek to Yomi é, primeiro, uma experiência narrativa. Não espere um jogo longo focado em exploração, como Ghost of Tsushima, porque esse não é o foco aqui. Em menos de seis horas, dá para ir do início ao fim do roteiro sem muitos problemas.

Apesar de resumida, a história é muito bem contada e traz personagens bem construídos. No game, você assume o papel de Hiroki, um jovem aprendiz de samurai que jurou vingar a morte de seu mestre e proteger sua cidade natal dos invasores. A jornada do garoto é solitária e pode ter diferentes finais, dependendo das escolhas.

Assim como outras obras baseadas no período feudal do Japão, Trek to Yomi transmite emoções de perda, sofrimento e terror em seu enredo. Esses sentimentos são comuns e até esperados em tramas que se passam em meio a guerras sangrentas pelo controle de territórios.

Visual e trilha sonora são de tirar o fôlego

Trek to Yomi (Imagem: Divulgação/Devolver Digital)
Trek to Yomi (Imagem: Divulgação/Devolver Digital)

A narrativa fica ainda mais profunda com ajuda do visual e da trilha sonora de alta qualidade. Por se basear nos filmes de Akira Kurosawa, Trek to Yomi trabalha com imagens monocromáticas em preto e branco, além de filtros granulados. Esse estilo de arte não só ajuda a transportar o jogador para uma época antiga, como também permite brincar com efeitos de luz e sombra.

É importante citar que a câmera do jogo fica parada em certos ângulos. Com isso, os desenvolvedores conseguem contar a história da perspectiva que eles querem. Em certos casos, não há problema nenhum em tirar o poder de agência das mãos do jogador. Aqui, isso é um ponto mais que positivo.

A trilha sonora também é digna de elogios. A equipe de desenvolvedores trabalhou ao lado de profissionais japoneses da Kakehashi Games e do historiador Aki Tabei Matsunaga para entregar um produto que respeitasse a cultura original do país. Esse esmero pode ser observado nas músicas, produzidas a partir de instrumentos tradicionais para criar atmosferas de perigo, solidão e reflexão, por exemplo.

Jogabilidade quase estraga a experiência

Trek to Yomi (Imagem: Divulgação/Devolver Digital)

Em narrativa, arte e trilha sonora, Trek to Yomi é realmente muito forte. Porém, não dá para dizer o mesmo da jogabilidade. Há alguns problemas técnicos e decisões ruins de game design que podem prejudicar a experiência de pessoas que buscam um jogo divertido e desafiador. Apesar da proposta ser focada no enredo, uma boa gameplay também é importante para um videogame.

A primeira coisa que espero ao abrir um jogo de ação sobre samurais é um bom combate de espadas. Ghost of Tushima, por exemplo, me fisgou em especial pela precisão das lutas e das técnicas de Jin Sakai com a katana. Já Trek to Yomi é bastante decepcionante nesse sentido.

Muitas vezes sofri com comandos que não foram registrados ou foram executados de forma errada. Não há fluidez entre os movimentos, nem precisão nos golpes, características importantes no combate com katanas. Esses problemas não pesam tanto no começo, mas chega uma hora que cansa ter que lidar com controles quebrados.

Há uma forma de contornar o problema da jogabilidade: diminuindo a dificuldade. Como Trek to Yomi é um jogo que foca bastante no enredo, basta reduzir os desafios e aproveitar a história. De qualquer forma, vale pedir um pouco mais de atenção dos desenvolvedores em um ponto tão importante quanto esse.

Apesar da jogabilidade, a experiência ainda é boa

Trek to Yomi (Imagem: Divulgação/Devolver Digital)
Trek to Yomi (Imagem: Divulgação/Devolver Digital)

Trek to Yomi não é um jogo perfeito, mas está tudo bem. Gosto de acreditar que não há games sem qualquer defeito. O problema começa quando as falhas prejudicam demais a experiência. Aqui, apesar da jogabilidade fraquíssima, ainda dá para aproveitar uma obra de arte audiovisual.

Para quem quiser jogar, Trek to Yomi está disponível desde 5 de maio de 2022 para PC, PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series X|S. Inclusive, o game pode ser encontrado sem custo adicional no Xbox Game Pass.

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Murilo Tunholi

Murilo Tunholi

Ex-autor

Jornalista, atua como repórter de videogames e tecnologia desde 2018. Tem experiência em analisar jogos e hardware, assim como em cobrir eventos e torneios de esports. Passou pela Editora Globo (TechTudo), Mosaico (Buscapé/Zoom) e no Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. É apaixonado por gastronomia, informática, música e Pokémon. Já cursou Química, mas pendurou o jaleco para realizar o sonho de trabalhar com games.

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