Mulher motorista

O Uber anunciou nesta terça-feira (10) um programa global que visa criar, até 2020, um milhão de vagas de motoristas para mulheres em seus serviços. Fruto de uma parceria com a ONU Mulheres, a iniciativa é tida como um exemplo de campanha que ajuda a combater a desigualdade de gênero, mas também é vista como uma tentativa da empresa de remediar algumas polêmicas.

Basicamente, o Uber é um serviço que conecta motoristas particulares a usuários que querem ser transportados. Por meio de um aplicativo, a pessoa faz a solicitação de um carro e, ali mesmo, fica conhecendo a estimativa de preço da corrida e quanto tempo deve esperar pelo veículo (muitas vezes, um modelo de luxo).

Hoje, o Uber está presente em aproximadamente 40 países, incluindo o Brasil (funciona em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília), mas em quase todos enfrenta reações contrárias por promover um serviço que, de certo modo, compete com táxis.

Associações de taxistas e de companhias de transporte normalmente alegam que o Uber não tem base legal para atuar. Mas esse tipo de queixa não é o único problema: a companhia também vem sendo acusada de ser pouco cuidadosa na aprovação de motoristas para o serviço.

Essas críticas têm relação com relatos de condutores que dirigem de maneira inadequada e, principalmente, com denúncias de assédio ou abuso sexual. Um dos casos mais divulgados aconteceu em dezembro de 2014, quando um motorista do Uber na Índia foi preso sob acusação de ter estuprado uma passageira de 26 anos.

Em seu blog, o Uber afirma que o programa anunciado hoje tem como finalidade “acelerar as oportunidades econômicas para as mulheres”, um objetivo louvável, do contrário, não receberia apoio de uma divisão da ONU.

No entanto, as numerosas reclamações e denúncias contra o Uber por mulheres fizeram muita gente considerar a empresa negligente ou mesmo sexista. É essa situação que sugere que o recém-lançado programa também é uma tentativa de limpar tal imagem.

Nesse sentido, a iniciativa abre espaço para uma nova modalidade de serviço, além da geração de postos de trabalho: usuárias do Uber teriam a possibilidade de solicitar apenas carros conduzidos por motoristas do sexo feminino, embora a empresa não tenha manifestado nenhum plano de adotar a ideia.

De qualquer forma, já há mulheres conduzindo carros do Uber. A companhia afirma que, atualmente, elas correspondem a 14% dos 160 mil cadastros de motoristas da versão norte-americana do serviço.

É uma quantidade expressiva, mas que, por outro lado, indica que preencher um milhão de vagas até 2020 vai ser um desafio gigantesco, mesmo se levarmos em conta a proposta de alcance global.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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