Donald Trump

Não é um movimento comum o presidente dos Estados Unidos intervir para que a fusão de duas companhias seja barrada, mas foi exatamente o que aconteceu: na segunda-feira (12), Donald Trump emitiu uma ordem executiva para bloquear a compra da Qualcomm pela Broadcom. Para o presidente, o negócio pode representar um grande risco à segurança nacional.

As sucessivas propostas enviadas pela Broadcom estão sendo investigadas formalmente desde a semana passada pelo Comitê de Investimento Estrangeiro dos Estados Unidos (CFIUS, na sigla em inglês). Para as autoridades norte-americanas, a efetivação do negócio poderia dar vantagens a companhias chinesas, especialmente no âmbito das futuras redes 5G.

O domínio de tecnologias móveis por empresas chinesas é visto como ameaça pelo governo dos Estados Unidos por conta principalmente do temor de espionagem. É por isso inclusive que a Huawei tem encontrado dificuldades para atuar nos Estados Unidos. Para as autoridades, há evidências de ligação da Broadcom com organizações estrangeiras. Boa parte delas seria chinesa.

A decisão do presidente Donald Trump tem justamente como base as recomendações do CFIUS. A Broadcom até propôs transferir de vez a sua sede para os Estados Unidos — a companhia tem uma grande unidade na Califórnia —, mas não adiantou.

Broadcom

Como efeito da ordem, as duas companhias deverão abandonar imediatamente as negociações. Além disso, a Broadcom não poderá indicar membros para o conselho administrativo da Qualcomm.

Por envolver questões relacionadas à segurança nacional, a decisão de Trump não é considerada um excesso ou qualquer coisa nesse sentido.

Idas e vindas

O flerte da Broadcom se arrasta desde novembro de 2017, quando a companhia ofereceu US$ 103 bilhões pela Qualcomm mais o pagamento de US$ 25 bilhões de dívidas desta. Diante da recusa, a Broadcom aumentou a proposta para US$ 121 bilhões mais as dívidas. Outra negativa.

A Broadcom fez então mais uma proposta, só que de US$ 117 bilhões. O motivo do valor menor é o fato de a Qualcomm estar tentando comprar a NXP Semiconductors. Para adquirí-la, a companhia aumentou a sua oferta de US$ 38 bilhões para US$ 44 bilhões.

Foto por jon jordan/Flickr

Por fim, a Qualcomm deu sinais de que estaria disposta a ser vendida se Broadcom aumentasse a sua oferta para US$ 135 bilhões mais as dívidas. Mas aí veio a intervenção do governo dos Estados Unidos.

Não está claro se a Broadcom vai tentar uma reação. A companhia apenas declarou que discorda das alegações de que a fusão traria riscos à segurança dos Estados Unidos e que ainda está analisando a decisão.

Com informações: CNBC.

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

Canal Exclusivo

Relacionados