Alguns apps para iPhone estão rastreando usuários sem permissão

Apple exige que apps solicitem a permissão do usuário antes de rastreá-lo no iPhone, mas alguns softwares estão burlando a regra para coletar dados

Ana Marques
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
iPhone 12 Pro (Imagem: Alwin Kroon/Unsplash)

Desde o lançamento do iOS 14.5 a Apple exige que aplicativos solicitem permissão dos usuários antes de rastrear dados de suas atividades em outros apps e sites no iPhone. No entanto, de acordo com um relatório publicado nesta quinta-feira (23) pelo Washington Post, há alguns aplicativos que conseguem burlar esse recurso, coletando dados sem consentimento prévio.

De acordo com a análise do jornal, aplicativos muito populares na App Store, como o jogo Subway Surfers, estão contornando as restrições com técnicas duvidosas que, em tese, também são proibidas pela Apple.

O relatório, obtido pelo Washington Post em parceria com a empresa fabricante de softwares de privacidade Lockdown, afirma que esses aplicativos estão enviando uma enorme quantidade de dados individualizados para empresas de publicidade externas. As informações incluem seu endereço IP, armazenamento disponível, versão do iOS e até mesmo o nível de bateria do seu iPhone.

A Sybo Games, responsável pelo jogo, diz que precisa enviar alguns dados a redes de anúncios para que o software funcione corretamente, mas nega usar dados para fins publicitários sem consentimento. Entretanto, por meio da combinação de alguns dos dados coletados, empresas de publicidade conseguem direcionar facilmente propagandas personalizados a usuários.

A reportagem do Washington Post afirma ainda que a Apple foi notificada a respeito dessas ações. Entretanto, a companhia ainda não tomou nenhuma medida para impedir o rastreamento indevido. Para um dos fundadores da Lockdown, Johnny Lin, que também é ex-engenheiro do iCloud, a situação é problemática porque pode confundir os usuários.

“Quando se trata de interromper rastreadores de terceiros, a transparência do rastreamento de aplicativos é um fracasso. Pior, dar aos usuários a opção de tocar no botão ‘Pedir para não rastrear’ pode até dar aos usuários uma falsa sensação de privacidade.”

Como funciona a transparência no rastreamento do iPhone

Antes do iOS 14.5, aplicativos podiam por padrão rastrear usuários por meio de um identificador exclusivo. A prática é bastante comum — você já deve ter entrado em um site para procurar um produto específico e depois ter sido bombardeado com anúncios daquele mesmo produto em diversos lugares da internet.

Enquanto alguns usuários acham positivo ter anúncios personalizados — isto é, mais chances de encontrar algo relevante nestes espaços publicitários —, outros acham a prática abusiva e preferem não compartilhar essas informações.

A Apple lançou as restrições de rastreamento para que o usuário possa decidir previamente quando um serviço pode rastreá-lo. Na época, muitas empresas foram contra a medida — em especial, o Facebook, que chegou a criar campanhas contra a dona do iPhone, e afirmou que as pequenas empresas e os desenvolvedores seriam os mais afetadas pelo novo recurso.

Com informações: Washington Post, 9to5mac

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Ana Marques

Ana Marques

Gerente de Conteúdo

Ana Marques é jornalista e cobre o universo de eletrônicos de consumo desde 2016. Já participou de eventos nacionais e internacionais da indústria de tecnologia a convite de empresas como Samsung, Motorola, LG e Xiaomi. Analisou celulares, tablets, fones de ouvido, notebooks e wearables, entre outros dispositivos. Ana entrou no Tecnoblog em 2020, como repórter, foi editora-assistente de Notícias e, em 2022, passou a integrar o time de estratégia do site, como Gerente de Conteúdo. Escreveu a coluna "Vida Digital" no site da revista Seleções (Reader's Digest). Trabalhou no TechTudo e no hub de conteúdo do Zoom/Buscapé.

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