Por piada ofensiva, usuário do Twitter fará 150h de serviço comunitário

Tweet trazia uma piada sobre a morte de um oficial do exército britânico que ficou conhecido por arrecadar fundos ao NHS na pandemia

Bruno Gall De Blasi
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Além dos vídeos de gatinhos, o Twitter possui um acervo de memes de respeito. Mas nem sempre as brincadeiras são de bom-tom e têm um final feliz: um usuário do Reino Unido foi condenado a 150h de serviço comunitário por uma piada ofensiva na rede social. A sentença foi dada nesta semana após Joseph Kelly fazer um trocadilho com a morte de um oficial do exército britânico.

A brincadeira infame aconteceu em fevereiro do ano passado. No tweet, Kelly decidiu fazer uma piada com o capitão Sir Tom Moore, que ficou conhecido por dar cem voltas no quintal no seu aniversário de 100 anos. Com o feito, o oficial arrecadou mais de 32 milhões de libras esterlinas para o NHS, o sistema público de saúde do Reino Unido, durante a pandemia de COVID-19.

Evidentemente, o feito chamou a atenção de todo o reino. Até a rainha Elizabeth ficou comovida com o feito e concedeu o título de cavaleiro ao capitão como reconhecimento pela sua atitude. Mas o senhor de 100 anos, infelizmente, faleceu em fevereiro de 2021, o que acarretou uma piada no Twitter do escocês Joseph Kelly, de 36 anos:

“The only good Brit soldier is a deed one, burn auld fella buuuuurn”, afirmou.

“O único bom soldado britânico é um feitor, queime velho, queeeeeeime”, em tradução livre.

Capitão Tom Moore ganhou o título de cavaleiro da rainha Elizabeth após ajudar na luta contra a COVID-19 (Imagem: Reprodução/Geograph)
Capitão Tom Moore ganhou o título de cavaleiro da rainha Elizabeth após ajudar na luta contra a COVID-19 (Imagem: Reprodução/Geograph)

Publicação no Twitter foi “grosseiramente ofensiva”

O tweet foi removido vinte minutos após a publicação. Mas o estrago já estava feito: no mesmo mês, Kelly quase acabou na prisão devido à publicação “grosseiramente ofensiva”. De lá para cá, o escocês encarou um longo julgamento, até ser condenado nesta quarta-feira (30), segundo o jornal local The National.

A sentença partiu do xerife Adrian Cottam. O jornal explica que Kelly encontrou uma alternativa para evitar a prisão: o escocês terá de fazer 150 horas de trabalho comunitário e arcar com 18 meses de supervisão como punição. Para Cottam, a punição deve agir como um dissuasor para que outros não cometam o mesmo ato:

“Minha opinião é que, após ouvir as evidências, este foi um tweet grosseiramente ofensivo”, disse Adrian Cottam. “A dissuasão é realmente para mostrar às pessoas que, apesar dos passos que você deu para tentar recobrar a consciência, assim que você pressionar o botão azul [para publicar o tweet], foi publicado. É importante que outras pessoas percebam a rapidez com que as coisas podem sair do controle. Você é um bom exemplo disso, mesmo não tendo muitos seguidores.”

Defesa do autor do tweet afirma que Joseph Kelly estava bêbado na hora da publicação (Imagem: Reprodução)
Defesa do autor do tweet afirma que Joseph Kelly estava bêbado na hora da publicação (Imagem: Reprodução)

Defesa explica que autor do tweet estava bêbado

Obviamente, o autor do tweet se defendeu perante à corte. Segundo o advogado Tony Callahan, o escocês Joseph Kelly não tinha muitos seguidores na época e não tinha noção de que a publicação teria o alcance que teve. A defesa também argumentou que Kelly estava bebendo naquele momento:

“Ele aceita que estava errado. Ele não previu o que aconteceria. Ele tomou medidas quase imediatamente para excluir o tweet, mas o gênio estava fora da garrafa até então”, afirmou. “Seu nível de criminalidade era um post bêbado, em um momento em que ele estava lutando emocionalmente, do qual se arrependeu e removeu quase instantaneamente.”

A justificativa, no entanto, não foi suficiente para derrubar a condenação integralmente. O jornal escocês ainda aponta que, após a condenação, o xerife Cottam relembrou que o capitão Tom Moore tornou-se um herói nacional por defender a resiliência do povo que lutava contra a pandemia e os serviços que tentavam protegê-los:

“Sua estatura e a visão da sociedade em relação a ele devem ser vistas sob essa luz e, portanto, qualquer comentário da mesma forma”, concluiu. “O que o acusado escolheu escrever, quando e como foi dito, só pode ser considerado grosseiramente ofensivo.”

Com informações: The Verge

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Bruno Gall De Blasi

Bruno Gall De Blasi

Ex-autor

Bruno Gall De Blasi é jornalista e cobre tecnologia desde 2016. Sua paixão pelo assunto começou ainda na infância, quando descobriu "acidentalmente" que "FORMAT C:" apagava tudo. Antes de seguir carreira em comunicação, fez Ensino Médio Técnico em Mecatrônica com o sonho de virar engenheiro. Escreveu para o TechTudo e iHelpBR. No Tecnoblog, atuou como autor entre 2020 e 2023.

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