Acusada de “contrabando”, Shopee deve investir US$ 1,5 bilhão no Brasil este ano

Parte do conglomerado Sea, de Singapura, Shopee dá prejuízo de US$ 2 por pedido feito no Brasil, mas vê País como essencial em sua estratégia

Giovanni Santa Rosa
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Entrega da Shopee (Imagem: Divulgação)

Se você nunca comprou na Shopee, deve conhecer alguém que comprou. A loja online virou sinônimo de coisa barata e faz sucesso no Brasil. E o plano é crescer ainda mais: um relatório aponta que a companhia deve investir mais US$ 1,5 bilhão em sua operação latino-americana, incluindo o Brasil.

A análise é do banco americano Goldman Sachs. Eles estimam que a Shopee responda hoje por 5% do e-commerce brasileiro. O número é expressivo, já que a companhia chegou por aqui em 2019. Segundo os analistas, a empresa parece querer tornar o Brasil um mercado central para seus negócios e tem um compromisso “inabalável” com este objetivo.

A Shopee pertence à Sea, um grupo de Singapura avaliado em US$ 70 bilhões. Na divulgação dos resultados financeiros de 2021, o CEO do conglomerado, Forrest Li, revelou mais algumas informações sobre o operação brasileira.

  • 140 milhões de pedidos entre outubro e dezembro, 400% a mais que o período correspondente do ano anterior.
  • US$ 70 milhões de receita neste mesmo período, 326% a mais que no ano anterior.

Shopee ainda dá prejuízo

O crescimento da Shopee no Brasil é expressivo, e os preços baixos, realmente atraentes. Mas isso tem um custo: a empresa perde dinheiro vendendo por aqui.

Os dados financeiros da empresa apontam um prejuízo antes de juros, impostos, amortização e depreciação de aproximadamente US$ 2 por pedido no Brasil. Mesmo assim, este resultado é 40% melhor que o do quarto trimestre de 2020.

Ficar no vermelho não é novidade para a Sea, muito menos uma situação particular da operação brasileira. O Goldman Sachs projeta que a empresa terá um prejuízo antes de juros, impostos, amortização e depreciação de US$ 3,5 bilhões em 2022. Não à toa as ações da companhia caíram 66%.

Empresa é acusada de “contrabando” por Havan

A presença da Shopee no Brasil pode enfrentar dificuldades em breve, no que depender de algumas concorrentes nacionais.

Empresas brasileiras como Havan e Multilaser, além de associações industriais, fazem lobby para que o governo federal aperte o cerco contra produtos ilegais ou importados sem pagar impostos. Eles inclusive acusam a Shopee, o Mercado Livre e o AliExpress de “contrabando digital”.

Em uma das propostas, o pagamento de impostos de importação seria feito ao fechar o pedido, sem depender da taxação na alfândega. Por enquanto, não há nada oficial nesse sentido.

Com informações: NeoFeed.

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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