Android segue Apple e limita compartilhamento de dados de usuários
Ao falar de ferramentas de privacidade para Android, Google critica Apple por mudanças no iOS, que protegem usuários e atrapalham anunciantes
Ao falar de ferramentas de privacidade para Android, Google critica Apple por mudanças no iOS, que protegem usuários e atrapalham anunciantes
Com cada vez mais gente preocupada com sua própria privacidade na internet, o assunto passou a se tornar uma questão para o setor de tecnologia (nem que seja apenas pelo marketing). Primeiro, a Apple limitou o rastreamento no iOS. Nesta quarta-feira (16), foi a vez do Google: a companhia apresentou algumas propostas para o Android. A empresa quer equilibrar proteção aos usuários e soluções de propaganda.
As ideias fazem parte da Privacy Sandbox, uma iniciativa do Google para criar ferramentas para anunciantes com mais respeito à privacidade.
Segundo a empresa, “estas soluções limitarão o compartilhamento de dados dos usuários com terceiro e operarão sem identificadores entre apps, incluindo a ID de anúncios”.
A companhia diz ainda que estuda tecnologias para reduzir o potencial de coleta de dados disfarçada e melhores integrações com SDKs de anunciantes.
As propostas do Google estão disponíveis no site do Android para desenvolvedores. É possível ver como cada uma delas funciona e dar feedback.
O Google está chegando depois na discussão de impedir que aplicativos e anunciantes rastreiem usuários, mas isso não impede a empresa de querer sentar na janelinha. E, é claro, sobrou para a principal concorrente da empresa em sistemas móveis: a Apple.
No texto publicado nesta quarta (16), o Google diz que restringir de maneira brusca as tecnologias atualmente usadas por desenvolvedores e anunciantes tem resultados piores tanto para a privacidade quanto para os negócios.
A empresa não cita nomes, mas foi mais o menos o que a Apple fez.
Desde o iOS/iPadOS 14.5, os aplicativos de iPhone ou iPad são obrigados a perguntar se o usuário autoriza o rastreamento. Caso recuse, eles não podem acessar o identificador do aparelho, que era usado para entregar propagandas mais personalizadas.
A mudança, claro, desagradou anunciantes e redes sociais.
No último período de divulgação de resultados financeiros, a Meta — dona de Facebook, Instagram, WhatsApp e Messenger — disse que essas medidas “alteraram como anúncios funcionam”. Ficou mais difícil fazer campanhas direcionadas, e as companhias precisam gastar mais com campanhas genéricas para públicos maiores.
Colocando em números: a estimativa é uma queda em US$ 10 bilhões nas receitas da Meta em 2022 só por causa da nova política da Apple.
Voltando ao Google, é importante ter em mente que, para a gigante das buscas, os anunciantes importam muito mais do que para a Apple. Muito mais mesmo: 81% das receitas da Alphabet vêm de propagandas no Google e no YouTube.
Não é por acaso, portanto, que o Google está tomando mais cuidado para não desagradar nem atrapalhar anunciantes. E isso não é só na questão do rastreamento no Android.
Outro debate sobre privacidade diz respeito aos cookies, pequenos trechos de código usados para identificar usuários na internet. Vários navegadores já implementaram bloqueios a cookies de terceiros — isto é, de sites que não são o que você está visitando no momento.
É o caso de Safari, Firefox, Brave e Edge, entre outros. E o plano é ir além e encerrar o suporte a esse recurso.
O Chrome, do Google, não apresenta esse bloqueio por padrão, mas pretende proibir essas ferramentas a partir de 2023.
A empresa, aliás, tentou promover o FLoC (sigla em inglês para aprendizado federado de coortes) como substituto dos cookies, mas a iniciativa recebeu críticas de Microsoft e Mozilla.
Por enquanto, a companhia apresentou uma alternativa: o Topics, que separa usuários por interesses amplos. Assim, eles não são identificados, mas anunciantes ainda conseguem direcionar suas propagandas.
Assim como as mudanças no Android anunciadas hoje, o Topics faz parte da iniciativa Privacy Sandbox.
Com informações: Google.