Itaú, Santander e BNDES estão entre as instituições bancárias que já conduzem iniciativas de blockchain no Brasil. Agora é a vez de uma das autarquias federais mais importantes do sistema financeiro do país: o Banco Central do Brasil desenvolveu um projeto de blockchain para comunicação com outros órgãos do governo.
Temos um artigo aqui no Tecnoblog explicando o blockchain em detalhes. Segue um resumo extraído de lá:
“O blockchain é uma rede que funciona com blocos encadeados muito seguros que sempre carregam um conteúdo junto a uma impressão digital. (…) A sacada aqui é que o bloco posterior vai conter a impressão digital do anterior mais seu próprio conteúdo e, com essas duas informações, gerar sua própria impressão digital. E assim por diante.”
Esse método de funcionamento faz o blockchain ser bastante confiável. A tecnologia ainda é fortemente associada a criptomoedas — com destaque para o Bitcoin — por ter sido introduzida por elas. Mas é perfeitamente possível implementá-las em diversos tipos de aplicações, inclusive não financeiras.
É o que o Banco Central está fazendo. O projeto teve início em agosto de 2017 e começou a ser implementado em abril deste ano. Trata-se do Pier (Plataforma de Integração de Informações das Entidades Reguladoras).
Como o nome sugere, esse é um sistema para que o Banco Central possa trocar informações com outros órgãos. Entre eles estão a Superintendência de Seguros Privados (Susep), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc).
O Banco Central explica que essas e outras instituições precisam se comunicar com frequência para aprovar documentos e efetuar outras requisições. Esses processos normalmente são executados por vias convencionais, como email, telefone e ofícios em papel. Como é necessário validar informações ou obter autorizações, as ações podem levar dias ou até semanas para serem concluídas.
Com o Pier, o Banco Central espera diminuir essa burocracia. O blockchain foi escolhido por, entre outros motivos, registrar os dados de cada solicitação com assinaturas criptográficas, assegurando que não haja manipulação externa. O órgão também explica que, como os dados não podem ser apagados, a troca de informações passa a estar menos sujeita a falhas de controle.
A base do Pier é o Quorum, espécie de versão corporativa do Ethereum criada pelo J.P. Morgan. O sistema roda sob a plataforma Azure que, de acordo com a Microsoft, também dá suporte a outras soluções de blockchain.
Marcelo Yared, CIO do Banco Central, destaca que a entidade planeja disponibilizar o Pier para outros órgãos governamentais após a conclusão da primeira fase de implementação do projeto.