BB lança rendimento automático na conta, mas é bem pior que Nubank e PicPay

BB Rende Fácil tenta acompanhar contas digitais e aplica dinheiro parado na conta, mas rendimento fica bem abaixo da concorrência

Giovanni Santa Rosa
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Banco do Brasil (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Um dos maiores atrativos de várias contas digitais, como Nubank e PicPay, é o rendimento automático. Com ele, o dinheiro que fica parado rende um pouquinho todo dia. Os bancos tradicionais, aos poucos, vão se mexendo para oferecer produtos similares. O Banco do Brasil é um desses: agora, ele tem o BB Rende Fácil, mas não se anime: ele é não é grande coisa comparado a outras alternativas do mercado.

O BB Rende Fácil funciona assim: ao fim do dia, o saldo da conta é aplicado automaticamente; ao gastar, o dinheiro é resgatado sem que o cliente precise fazer nada.

O funcionamento, portanto, é bastante parecido com o de outras contas digitais. A diferença está no rendimento.

BB Rende Fácil começa em 10% do CDI

De acordo com a tabela exibida pelo banco ao aderir ao produto, o rendimento começa em 10% do CDI e vai crescendo com o tempo até 100% do CDI.

PrazoRendimento
1 a 60 dias10% do CDI
61 a 120 dias20% do CDI
121 a 180 dias30% do CDI
181 a 360 dias50% do CDI
361 a 720 dias100% do CDI

CDI é a sigla para Certificado de Depósito Interbancário, e é o nome dado a uma taxa de juros praticada nos empréstimos feitos por um banco a outro.

Ela costuma acompanhar bastante de perto a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira. Atualmente, em março de 2022, ela está em 10,75% ao ano.

Um rendimento de 10% de CDI, por exemplo, dá algo em torno de 1,07% em um ano. Em um mês, isso dá 0,08% de juros, sem considerar os impostos descontados.

Aplicação “empata” com contas digitais após um ano

Em outras contas digitais, o rendimento é de 100% do CDI desde o começo. É o caso de Nubank e Mercado Pago, por exemplo. O PicPay até mesmo supera isso e oferece 105% do CDI.

Ou seja: em outros bancos, no curto prazo, é possível obter um rendimento no mínimo dez vezes maior no curto prazo.

App do Nubank (Imagem: Divulgação/Nubank)
App do Nubank (Imagem: Divulgação/Nubank)

Ao longo do tempo, a distância vai diminuindo. O termo de adesão explica que, quando o dinheiro no Rende Fácil entra em outra faixa, o rendimento se aplica a todo o período.

Explicando melhor: uma quantia que está há 90 dias na aplicação tem juros de 20% do CDI sobre esses 90 dias, não só sobre o terceiro mês.

Portanto, depois de um ano, o dinheiro que ficou esse tempo todo na conta rende 100% do CDI e “empata” com outras contas digitais.

Obviamente, estamos falando aqui de uma quantia que não vai deixar ninguém rico. Para a maioria das pessoas, o dinheiro que fica parado na conta mal deve render alguma quantia na casa dos dois dígitos, mesmo a 100% do CDI.

Mesmo assim, o Rende Fácil do Banco do Brasil chama a atenção por pagar tão pouco antes de um ano. Ele fica longe de ser a melhor solução, e isso considerando produtos do próprio banco.

O próprio BB tem alternativas que rendem mais

A conta corrente do Banco do Brasil oferece a possibilidade de resgatar automaticamente investimentos como poupança, CDBs e alguns fundos de renda fixa. Todos eles têm rendimentos bem superiores aos 10% do CDI dos primeiros dois meses do Rende Fácil.

A poupança tem a desvantagem de só pagar juros mensalmente, e os fundos costumam ter altas taxas de administração, que diminuem a rentabilidade.

O CDB fica como a melhor alternativa, mas continua pior que os bancos digitais: rendimento de 92% do CDI e movimentação mínima de R$ 500.

Para ativar esse recurso, toque no seu saldo na tela inicial do aplicativo e, depois, escolha a opção “Configurar resgate automático”. Aí, é só configurar o CDB para ser usado caso o dinheiro na conta corrente acabe.

Neste caso, o saldo da conta não é aplicado automaticamente. Mesmo assim, dá para fazer o investimento ao receber seu salário, por exemplo, e ir resgatando enquanto paga as contas — ou simplesmente abrir em outro banco uma conta digital que renda mais.

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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