Brasil tem baixa capacidade para auditar redes de telecomunicações, diz GSI
Coordenador do Gabinete de Segurança Institucional diz que instrução normativa não trouxe restrições de fornecedores; guerra geopolítica pelo 5G ainda acontece
Coordenador do Gabinete de Segurança Institucional diz que instrução normativa não trouxe restrições de fornecedores; guerra geopolítica pelo 5G ainda acontece
De uns tempos pra cá, a preocupação com segurança nas redes de telecomunicação aumentou de forma significativa. Essa angústia deve continuar ou aumentar: o Gabinete de Segurança Institucional do Governo Federal (GSI) afirmou que o Brasil tem baixa capacidade nacional para fazer auditorias de software e hardware dos equipamentos utilizados no país.
A informação foi dita por Victor Hugo Rosa, coordenador-geral de Segurança da Informação do GSI. Ele apontou que o Brasil possui alguns institutos como Inatel ou CPqD, mas a capacidade para auditabilidade de software e hardware é muito menor em comparação com outros países.
Em evento realizado pelo Teletime em parceria com a Huawei, Rosa também apontou que as redes atuais são mais descentralizadas, uma vez que as teles utilizam diversos fornecedores de forma simultânea. Anteriormente, as operadoras costumavam utilizar equipamentos de um único fabricante, o que poderia facilitar o processo de auditoria. O uso de redes virtualizadas e infraestruturas de computação nas bordas (edge computing) também cria desafios adicionais.
Por trás de todo esse papo de auditabilidade, existe uma grande fabricante de redes que tem sido desacreditada por algumas personalidades políticas e governos: a Huawei. A empresa chinesa é responsável por praticamente metade de todos os equipamentos utilizados nas antenas de operadoras móveis no Brasil, além de manter forte presença em aplicações de redes fixas.
Rosa lembra que a instrução normativa emitida pelo GSI sobre os requisitos de segurança para redes 5G não restringia fornecedores específicos. Ele diz que o debate foi prejudicado por questões de outras naturezas, como geopolítica, mas que foi possível manter o foco técnico e isento.
No entanto, Rosa critica que a regulamentação de segurança da Anatel não levou em consideração um dos principais pontos da normativa, que obrigava as operadoras utilizarem mais de um fornecedor em uma mesma área geográfica.
O leilão do 5G já aconteceu, o uso de equipamentos da Huawei não foi banido pelo edital da Anatel e aparentemente isso deveria ser uma página passada. Só que o assunto não ficou esquecido no meio político: o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, acusou Fábio Faria, atual ministro das Comunicações, de ter entregado o 5G para a China.
Faria entrou com uma queixa-crime contra Ernesto Araújo. O ex-ministro disse em um podcast que o responsável pela pasta das comunicações faz parte de um dos partidos do Centrão, e acusou a prática de uma política externa que “está transformando o Brasil em uma colônia chinesa”.
Além de Fábio Faria, Ernesto Araújo também afirmou que Ciro Nogueira (atual ministro da Casa Civil) e Flávia Arruda (Secretaria de Governo) foram responsáveis em “entregar o 5G para a China”.
Em alguns países, as operadoras foram impedidas de utilizar equipamentos da Huawei. Os Estados Unidos foram um deles, e tentaram expandir o projeto de rede limpa (Clean Network) com outras diplomacias – inclusive com o Brasil.
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