Brasil pode entrar em acordo contra China e barrar 5G da Huawei
Secretário do Itamaraty afirma apoio do Brasil ao projeto Clean Network, que barra fornecedoras chinesas na construção de redes 5G
Secretário do Itamaraty afirma apoio do Brasil ao projeto Clean Network, que barra fornecedoras chinesas na construção de redes 5G
A guerra comercial entre Estados Unidos e China pode afetar o 5G no Brasil: o secretário do Itamaraty para Negociações Bilaterais e Regionais nas Américas, Pedro Costa e Silva, afirmou apoio ao programa americano Clean Network (rede limpa), que proíbe o uso de equipamentos chineses nas torres de quinta geração. Essa restrição afeta diretamente a Huawei; Claro, Oi, TIM e Vivo defendem a permanência da empresa no Brasil.
O apoio foi concedido em uma cerimônia com presença de Keith Krach, secretário de Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente do Departamento de Estado dos EUA. O americano afirmou que o Brasil é o primeiro país da América Latina a respaldar os princípios do Clean Network.
No entanto, o assunto não parece estar 100% definido: o Teletime apurou que a manifestação de Pedro Costa e Silva não significa que o governo brasileiro já aderiu ao programa Clean Network, e que o Ministério das Comunicações ainda não se pronunciou sobre o caso.
De acordo com o Departamento de Estado dos EUA, o Clean Network é “um programa da administração Trump para proteger ativos norte-americanos (…) de invasões por atores malignos, como o Partido Comunista Chinês”.
O órgão ainda diz que a Huawei é um “braço de espionagem” do governo chinês. O programa possui outras linhas de banimento, como restrições de armazenamento de dados em serviços de nuvem de empresas chinesas, como Alibaba, Baidu, China Mobile, China Telecom e Tencent.
Na tentativa para garantir apoio ao projeto Clean Network, diplomatas dos Estados Unidos convidaram os presidentes da Claro, Oi, TIM e Vivo para um encontro na segunda-feira (9) com Keith Krach. No entanto, as operadoras recusaram o convite.
O Conexis, sindicato que representa as operadoras de telecomunicações, explicou ao Telesíntese que as empresas não podem participar da reunião por três razões:
As operadoras brasileiras defendem a permanência da Huawei no Brasil e fizeram uma espécie de lobby em junho de 2020 para evitar sanções aos equipamentos da fabricante chinesa, que mantém contratos com Claro, Oi, TIM e Vivo.
Em entrevista à Folha, o presidente da Huawei no Brasil afirma que a fornecedora tem “algo entre 40% e 50%” de participação nos equipamentos de telecomunicações, e que a empresa atende mais de 40% dos pequenos provedores de internet. O executivo diz que uma possível restrição iria atrasar o desenvolvimento do 5G no país e aumentaria os custos de implementação das operadoras, que teriam que repassar o valor aos clientes.