Como a Microsoft está ajudando a linguagem Python a ficar mais rápida
Apesar de popular, linguagem de programação Python tem limitações de desempenho; time da Microsoft vem ajudando a superar problema
Apesar de popular, linguagem de programação Python tem limitações de desempenho; time da Microsoft vem ajudando a superar problema
O Python é uma das linguagens de programação mais populares do momento (para não dizer a mais). Mas o seu universo não é perfeito. Não é incomum encontrar desenvolvedores se queixando do desempenho da linguagem. A boa notícia é que há um movimento para melhorar essa situação. Parte desses esforços tem uma origem inusitada: a Microsoft.
Basicamente, a companhia montou uma pequena equipe de engenheiros para trabalhar ativamente no aprimoramento do Python. Esse time atua em conjunto com Guido van Rossum, criador da linguagem.
Além de ser o principal nome por trás do Python, van Rossum é engenheiro distinto da Microsoft. Com todo mundo debaixo do mesmo teto, é mais fácil fazer o trabalho de otimização avançar. Mas como isso vem sendo feito?
A própria Microsoft conta que esse trabalho começou em 2020, indiretamente. Em outubro daquele ano, Mark Shannon, principal desenvolvedor da linguagem, propôs um plano de quatro etapas para acelerar o CPython, a implementação mais comum do Python.
Guido van Rossum considerou esse um trabalho grande demais para uma só pessoa. Foi então que surgiu a ideia de montar uma pequena, mas engajada equipe para apoiar a proposta de Shannon e, com efeito, fazer a linguagem avançar em termos de desempenho e recursos.
Os esforços para melhorar a linguagem partem de várias frentes, com cada desenvolvedor do time lidando com tarefas específicas. Irit Katriel foi responsável pelo tratamento de grupos de exceções por meio da nova sintaxe except* no Python 3.11, só para dar um exemplo.
Outro vem da engenheira brasileira L. Pereira, que emprega a sua experiência com computadores das décadas de 1970 e 1980 (muito limitados em recursos de hardware) na otimização da linguagem:
Para fazer até coisas mais básicas [em sistemas mais antigos], você precisa otimizar seus programas. [Desenvolvedores] devem realmente pensar sobre como a memória vai ser organizada, como você irá fazer isso e aquilo. Esse tipo de coisa é muito útil para Python ou qualquer outro interpretador de linguagem que as pessoas irão usar para casos de uso no mundo real.
Os resultados desses esforços aparecem no Python 3.10 e, principalmente, no Python 3.11, lançado no final de outubro. A novidade chegou com promessa de desempenho até 60% superior em relação à versão anterior. Isso é possível, entre outros fatores, graças a uma demanda menor por memória RAM.
Ainda há trabalho a ser feito, porém. Tomemos como exemplo o fato de que, mesmo com a atualização mais recente, muitos projetos executados em Python ainda dependem de máquinas com hardware generoso para serem tocados.
Não por acaso, os esforços agora se voltam ao Python 3.12 e versões posteriores. A Microsoft explica, como exemplo, que L. Pereira trabalha para “alterar inteiros menores para usar computação nativa em vez de algoritmos mais lentos voltados para números arbitrariamente grandes”.
Mas que fique claro: a Microsoft não é “dona” da linguagem e não tem pretensão de ser. Todos os avanços implementados e vindouros estão em consonância com os esforços da comunidade em torno do Python, formada principalmente por voluntários.
A companhia contribui há algum tempo com a comunidade Python, e o faz por reconhecer a importância da linguagem para o universo do desenvolvimento de software.
Não é exagero falar em importância. Basta olharmos para a edição mais recente do índice Tiobe, que coloca o Python como a linguagem de programação mais popular da atualidade, à frente do C, Java, C++ e C#.