Correios aumentam frete e compras online podem ficar mais caras
Mercado Livre lança campanha #FreteAbusivoNão
Mercado Livre lança campanha #FreteAbusivoNão
Enviar encomendas pelos Correios ficará mais caro a partir de 6 de março. A estatal anunciou um reajuste de 8% em média para objetos postados entre capitais e nos âmbitos local e estadual.
Os Correios dizem que este aumento é previsto em contrato, e baseado em custos como “gastos com transporte, pagamento de pessoal, aluguéis de imóveis, combustível, contratação de recursos para segurança, entre outros”.
A estatal está rebatendo a campanha #FreteAbusivoNão criada pelo Mercado Livre. Segundo a empresa, o aumento no frete “pode chegar a até 51% para compras e vendas realizadas pela internet”.
De acordo com os Correios, o reajuste não será de até 51%, e sim de 8% em média. Além disso, ele não se aplica para o e-commerce, e sim para os serviços de encomendas — que também são usados por lojas online.
Ainda assim, o reajuste é maior que a inflação do ano passado: o IPCA, índice oficial do país, ficou em 2,95%. “O aumento será repassado ao consumidor final que faz compras pela internet; o que lamento é não haver mais competição no mercado de entregas”, diz André Miceli, da Fundação Getulio Vargas (FGV), ao Globo.
E o serviço dos Correios está aquém do esperado: segundo levantamento da Synapcom, empresa de gestão de e-commerce, cerca de 30% das encomendas enviadas pelos Correios sofrem atraso. No Rio, isso chega a 50%.
Os Correios fazem uma cobrança emergencial de R$ 3 em envios para cidade do Rio de Janeiro, porque “a situação de violência chegou a níveis extremos e o custo para entrega de mercadorias nessa localidade sofreu altíssimo impacto”. A cobrança também é praticada por outras transportadoras brasileiras.
Segundo o Mercado Livre, o reajuste deixará o frete brasileiro 42% mais caro do que o da Argentina e 282% mais caro do que o da Colômbia. Os Correios criticam a comparação, dizendo que “a Argentina tem cerca de um terço da extensão territorial do Brasil e 40% de toda a sua população concentrada na região metropolitana de Buenos Aires”, enquanto a Colômbia “é cerca de seis vezes menor que o Brasil”.
Essa é mais uma medida polêmica dos Correios. A estatal exige que todas as encomendas tenham preço afixado no pacote, com nota fiscal ou declaração de conteúdo. Ela também acabou com o e-Sedex, versão mais barata do Sedex, para conter seus prejuízos.
Até novembro, os Correios tiveram perdas de R$ 2,03 bilhões, 17% acima do ano anterior. É o terceiro ano consecutivo de prejuízo. A empresa tem monopólio para entrega de cartas, mas não para envio de encomendas.