Dev Full Stack é o cargo de TI mais procurado por empresas, diz pesquisa

Capacidade para resolver problemas e trabalhar em equipe são habilidades mais procuradas por empresas de TI; pesquisa aponta back-end e front-end em alta

Pedro Knoth
• Atualizado há 1 ano e 1 mês

Em tempos de pandemia, os desenvolvedores de software, conhecidos como Devs no mercado de trabalho, ganharam ainda mais espaço dentro de empresas, obrigadas a criar canais digitais para atender o consumidor. Uma pesquisa realizada pela Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) revela que companhias em Santa Catarina (SC) devem abrir 16,6 mil vagas em TI até 2023, e mais da metade será destinada a desenvolvedores.

Segundo o levantamento da ACATE, quase um quinto das empresas estão à procura de desenvolvedor full-stack (23%). Devs em back-end e front-end também estão em alta no mundo do trabalho, com demanda de 18% e 12%, respectivamente.

Quando se trata de qual competência pode fazer a diferença na hora de conseguir um emprego em TI, a mais procurada por empresas é habilidade em metodologias ágeis — 28% das vagas demonstram preferência por essa competência. Em segundo lugar, está a experiência em atuação em Tecnologia, almejada por um quarto das companhias, e habilidade em execução de projetos, exigida em 24% das vagas.

Piso salarial dos Devs é acima da média da indústria

O presidente da ACATE, Iomani Engelmann, comenta que os salários dos Devs têm piso de R$ 3 mil, uma média muito acima do resto da indústria. Sobre uma falta de oferta de mão de obra no mercado de TI, ele ressalta:

“São postos que podem representar um ganho significativo para as famílias e auxiliar na retomada econômica no período pós-pandemia. É fundamental o apoio de todos — governo, empresas, entidades e academia — na formação desses profissionais.”

A pesquisa da ACATE foi feita a partir de respostas de 223 empreendedores do setor de Tecnologia, com apoio do corpo docente da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

Resolver problemas e trabalho em equipe

A ACATE também chegou a um resultado que toca no aprendizado emocional, ou as chamadas soft skills. As competências de inteligência emocional mais valorizadas pelo mercado são: resolver problemas (90%), trabalho em equipe (78%) e proatividade (68%).

A avaliação de especialistas é de que a procura dos Devs acirrou-se em tempos de pandemia, quando a maior parte das empresas precisou de times especializados para resolver problemas em apps e sites, por exemplo.

Bárbara Daniel Vieira, coordenadora de Desenvolvimento Humano e Organizacional da Supero Tecnologia, firma de scale-up em TI, explica que desenvolvedores mais experientes com bagagem em cargos de gerência, não precisam nem procurar por emprego. Por esses profissionais, as empresas batem na porta.

Desenvolvedores com experiência e cargos elevados são os mais procurados por empresas estrangeiras (Imagem: Science in HD/Unsplash)

“As empresas brasileiras passaram a concorrer com organizações estrangeiras, que pagam em dólar ou euro, duas moedas valorizadíssimas, em relação ao real”, diz Bárbara.

Ela ainda pontua que, para superar a dificuldade e fechar contrato com os Devs mais experientes, a empresa precisa aprender a flexibilizar na hora de acertar os detalhes da vaga:

“Aprimorar as ofertas de vagas, dando a possibilidade de jornada de projeto flexível, convênios e descontos comerciais; construir uma boa reputação no mercado, respeitando e apostando na diversidade, com alinhamento de discurso e prática, são diferenciais bem vistos por profissionais.”

É importante também assegurar uma bolsa para que o profissional faça cursos: se a empresa deixar em aberto oportunidades de estudo em áreas como data science, pode ser o diferencial na contratação.

Diploma deixou de ser essencial para conseguir emprego

Já Tomás Ferrari, CEO e fundador da GeekHunter, especializada na caça por talentos em tech, aponta que as empresas mudaram a forma de recrutar novos profissionais. Atualmente, a exigência por diploma ficou em segundo plano — outros especialistas consultados pelo Tecnoblog apontam o mesmo.

Ferrari afirma que o aumento de cursos oferecidos pelas chamadas Edtechs — startups de tecnologia focadas em educação — segue essa tendência. Mas desenvolver as soft skills é mais importante:

“O mais importante é que o profissional precisa ter habilidades interpessoais, saber resolver problemas e ter altíssima adaptabilidade, principalmente porque ele vai precisar se adaptar às mudanças de tecnologias, que ocorrem o tempo todo.”

Até para quem fez faculdade, ser autodidata compensa. É o caso de Raphaela Penteado, graduada em Engenharia da Computação, mas que resolveu investir por conta própria na área de analista de qualidade. Ela notou a alta demanda das empresas pelo cargo, responsável por desenvolver e aperfeiçoar produtos, e hoje trabalha na HostGator.

“Nunca fiz cursos especializantes, sou autodidata. Fui atrás da informação a partir da volumetria do mercado, entendi as exigências, estudei os conceitos e me lancei a prática”, comenta a profissional.

Um relatório da consultoria Foote Partners, que analisou contratações no mercado de TI ao longo de 2021, aponta que técnicos em análise de risco tiveram aumento médio de 12% no salário. Contudo, o estudo aponta uma redução de 6,6% no pagamento para 546 competências aprendidas em universidades.

Leia | Qual a diferença entre front-end e back-end?

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.