É claro que NFTs estão sujeitos à lavagem de dinheiro
Especialistas afirmam que NFTs podem chamar atenção de criminosos como instrumento de lavagem de dinheiro
Especialistas afirmam que NFTs podem chamar atenção de criminosos como instrumento de lavagem de dinheiro
Os NFTs, ou tokens não fungíveis, realmente se popularizaram em múltiplos mercados em 2021. Esse recente boom trouxe a tecnologia blockchain para a arte, música, esportes e muitos outros setores. Contudo, uma clássica preocupação dos críticos das criptomoedas agora paira sobre o novo tipo de ativo digital: sua utilização para atividades ilícitas, como a lavagem de dinheiro.
Especialistas ouvidos pelo TechCrunch relataram que os NFTs poderiam se tornar um instrumento financeiro para criminosos. Ainda que não existam relatos de lavagem de dinheiro com tokens não fungíveis, dificilmente ficará assim por muito tempo.
Asaf Meir, co-fundador da empresa de segurança do mercado de criptoativos Solidus Labs, afirmou que práticas comuns já realizadas com ativos digitais podem ser reproduzidas com NFTs. Um exemplo prático seria um indivíduo ou organização colocar a venda um token e, através de contas secundárias, comprar seu próprio produto. Essa tática pode ser reproduzida várias vezes para criar uma série de registros artificiais que justificariam a valorização do preço.
O especialista afirmou que esse tipo de lavagem de dinheiro é muito difícil de identificar. “A coisa mais complicada sobre os mercados cripto é que eles são orientados primeiro para o varejo, então pode haver várias contas diferentes com vários endereços fazendo várias coisas em conluio – às vezes misturadas ou não misturadas com contas institucionais para diferentes proprietários beneficiários”, disse Meir.
O mercado de NFTs naturalmente já movimenta muito dinheiro, principalmente na arte digital. Um único ativo foi vendido por mais de US$ 69 milhões na segunda semana de março, uma colagem do artista Beeple foi a leilão e acabou se tornando o token não fungível mais caro até agora. Enquanto isso, Jack Dorsey, CEO do Twitter, registrou a primeira publicação da rede social como um NFT e o vendeu por US$ 2,9 milhões.
Jesse Spiro, o chefe de assuntos governamentais da empresa de análise de blockchain Chainalysis explicou para o TechCrunch: “Uma das maneiras de identificar a lavagem de dinheiro baseada no comércio de arte (tradicional) é chamar um avaliador para sugerir um valor de mercado justo para uma peça, e então você é capaz de comparar esse preço em relação ao envolvido na transação e sinalizar o superfaturamento ou o subfaturamento”.
A prática de lavagem de dinheiro com obras de arte já é bem conhecida no mercado, e um problema a se combater dado ao enorme valor agregado desse tipo de produto. Agora, com a tecnologia NFT, obras digitais estão passando por uma gigantesca valorização e os preços se baseiam exclusivamente no que algum consumidor está disposto a pagar, fazendo com que avaliações de “preço justo” sejam impossíveis.
Contudo, ainda é possível identificar atividades fora do comum nos leilões quando um lance foge muito da média. Porém, também é plausível que algum comprador rico simplesmente faça um lance milionário. Spiro salientou que se tratando de contas em blockchain, todos os registros de transações ficam gravados permanentemente na rede, parcialmente facilitando o rastreio de tokens e transações.
Um investidor profissional do marketplace de NFTs Dapper Labs, David Pakman, explica que assim como funciona com criptomoedas, lavagem de dinheiro com NFTs também é rastreável e regulamentações de governos podem auxiliar no processo.
“Governos nacionais podem impor a marketplaces e exchanges leis que forçam essas instituições a coletar e verificar a identidade de todos seus clientes. Assim, qualquer transação suspeita acima de determinado valor geraria burocracia”, afirmou Pakman.
Ele conclui também que por mais que essas técnicas conhecidas de lavagem de dinheiro possam atrasar investigações, nada impede as autoridades de continuarem, mesmo que demore. “Tudo é investigável retroativamente. Ainda que se saia impune hoje, nada irá parar o FBI de rastrear o culpado um ano depois”, disse Pakman.
Com informações: TechCrunch