Em crise, Shopee aperta o cinto e deixa até os altos líderes sem salários
Empresa já saiu da Argentina, Índia, Espanha e França; segundo o diretor executivo da companhia, a "atual incerteza macroeconômica elevada" é o motivo da retração
Empresa já saiu da Argentina, Índia, Espanha e França; segundo o diretor executivo da companhia, a "atual incerteza macroeconômica elevada" é o motivo da retração
Parece que a Shopee não anda muito bem das pernas — pelo menos fora do Brasil. Depois promover ações consideradas drásticas para conter gastos, Forrest Li, fundador do grupo que administra a empresa, decidiu enviar um e-mail aos funcionários globais para explicar o momento em que sua organização vive e alertou: vai apertar o cinto ainda mais.
Para o CEO, todos devem encontrar formas de reduzir custos operacionais e disse que “quanto mais dinheiro economizamos a cada dia, mais tempo podemos comprar para enfrentar essa tempestade.”
Além disso, Li também enumerou algumas das medidas que deverá adotar para reduzir os gastos. Os principais pontos dizem respeito aos custos com seus empregados.
Começando em outubro, todos os reembolsos para viagens a trabalho dos funcionários serão limitados a voos de classe econômica e US$ 150 por diária em hotéis.
Além disso, em caso de viagens internacionais, despesas com refeições só poderão ser de até US$ 30 e, quanto ao transporte, Li aconselhou usar o mais barato disponível por serviços locais.
Surpreendentemente, nenhum líder da companhia receberá salários nos próximos meses até que a Shopee alcance um fluxo de caixa positivo, como revelou a Bloomberg.
A liderança decidiu que não receberemos nenhuma compensação em dinheiro até que a empresa atinja a autossuficiência. Agora podemos ver que esta não é uma tempestade que passa rapidamente: essas condições negativas provavelmente persistirão no médio prazo.
Essas atitudes fazem parte de um plano da empresa para ser autossuficiente, algo que ainda não acontece. Para que comecem a surtir efeito, no entanto, estima-se que as medidas durem entre 12 e 18 meses.
Por fim, o empresário tentou acalmar os usuários dizendo que a Shopee tem uma “base sólida de dinheiro”, algo que a coloca “em uma posição segura”. Mesmo assim, ele alerta que essa base pode ser facilmente extinguida “se não formos cuidadosos.”
No mês passado, a Shopee divulgou seus resultados relativos ao segundo trimestre fiscal desse ano e os números parecem não ter empolgado muito os executivos.
Embora a receita total da companhia tenha crescido 29%, registrou prejuízo líquido de US$ 569,8 milhões no segundo trimestre de 2022, piorando em 77,4% as perdas na comparação anual e fazendo com que os alertas vermelhos fossem acionados.
Curiosamente, pouco mais de um mês depois, o Sea Group, holding que comanda a Shopee, anunciou o encerramento das atividades na Argentina e a redução de sua presença no Chile, na Colômbia e no México.
Antes disso, a Shopee também já havia fechado na Índia, na França e na Espanha. Países como Tailândia, Indonésia e Vietnã também viram seus quadros serem diminuídos.
Segundo um e-mail em que a Reuters teve acesso, Chris Feng, diretor executivo da Shopee, informou que a “atual incerteza macroeconômica elevada” era o motivo dos encerramentos e das diminuições de funcionários. Para ele, a empresa precisava focar seus recursos em suas principais operações.
Para os amantes da loja Shopee aqui no Brasil, aqui vai uma boa notícia: nosso país segue em uma direção contrária e a empresa não pretende sair daqui — pelo menos não de forma oficial.
De acordo com os últimos resultados fiscais, apenas em terras tupiniquins, a companhia teve um salto de 270% na receita quando comparado com o mesmo período no ano passado.
Prova disso é que, em junho passado, a Shopee decidiu abrir mais cinco centros de distribuição em diferentes cidades de São Paulo, buscando aumentar sua presença por aqui.