Em queda, Netflix demite 300 funcionários e volta a mencionar anúncios

Após perder assinantes pela primeira vez em uma década, Netflix corta gastos e quer testar plano mais barato com propaganda

Giovanni Santa Rosa
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Netflix

As coisas andam difíceis para quem trabalha na Netflix. Com resultados financeiros desapontantes, a empresa demitiu 300 funcionários nesta quinta-feira (23). A medida, de acordo com a companhia, é para fazer ajustes nas despesas, já que as receitas vem crescendo em um ritmo mais lento que o esperado.

O corte desta quinta representa algo em torno de 4% de todos os funcionários da Netflix, e afeta em grande parte os empregados dos EUA.

E essa não é a primeira rodada de demissões: em maio, 150 pessoas foram desligadas. A maioria fazia parte da divisão de marketing da empresa, incluindo o site Tudum, projeto voltado para fãs das produções originais.

Uma das pioneiras do streaming, a Netflix viu sua base de consumidores encolher pela primeira vez em uma década. No relatório do primeiro trimestre de 2022, a companhia registrou 200.000 assinantes a menos. Para o próximo período, a expectativa é que 2 milhões deixem a plataforma.

A empresa apontou diversos fatores para a queda: mais concorrentes, fatores econômicos, a guerra na Ucrânia e o compartilhamento de contas com pessoas que não pagam.

Segundo o Guardian, ativistas e ex-funcionários relataram que grande parte dos demitidos trabalhava em iniciativas de diversidade. Elas vinham sendo promovidas pela empresa desde 2020, quando a morte de George Floyd e os protestos do Black Lives Matter chamaram atenção para questões de representatividade. A Netflix nega esses relatos.

Netflix vai começar a testar propaganda

Uma das saídas para compensar a perda de assinantes é achar outra fonte de receita: mostrar propagandas no serviço. Isso está cada vez mais perto de se tornar realidade.

Ted Sarandos, co-CEO da Netflix, confirmou nesta quinta (23) durante o festival de publicidade Cannes Lions que a empresa vai começar a testar um plano mais barato com propaganda.

A companhia já vem conversando com parceiros para entrar no mundo dos anúncios. Fontes dizem que Comcast, NBCUniversal e Google estariam entre eles.

Recentemente, pessoas ligadas a Roku também comentaram sobre uma possível compra da empresa pela Netflix. O objetivo seria o mesmo: reforçar a plataforma de anúncios. A Roku ganha sete vezes mais dinheiro com propaganda do que vendendo aparelhos.

Analistas, porém, veem com cautela o lançamento deste novo plano. Eles temem que os assinantes atuais da Netflix passem para o pacote mais barato para economizar, fazendo a empresa perder mais dinheiro.

Com informações: The New York Times, The Guardian, Time.

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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