Escassez de chips deve durar até 2022, afetando preço de consoles e PCs

Pandemia provocou alta demanda por produtos eletrônicos, mas produção de chips não está conseguindo acompanhar o processo

Ana Marques
• Atualizado há 1 ano e 1 mês

As fabricantes de eletrônicos e do setor automotivo vêm alertando sobre uma escassez global de semicondutores que está acabando com os estoques de chips em diversos setores – de carros a consoles de videogame. Os avisos circulam há alguns meses e, segundo a previsão de especialistas, o problema pode durar até 2022, afetando o preço pago pelo consumidor nestes tipos de produtos.

Escassez de chips deve durar até 2022
Escassez de chips deve durar até 2022 (Imagem: Brian Kostiuk/Unsplash)

As causas da escassez estão relacionadas à alta demanda por eletrônicos devido à pandemia e a uma dificuldade de produção para atender a essa explosão de consumo. Além disso, a guerra comercial entre China e Estados Unidos também tem suas contribuições para o agravamento do cenário.

Segundo Maribel Lopez, fundadora da empresa de pesquisa de mercado Lopez Research, os problemas de oferta e demanda dificilmente serão resolvidos em breve. A analista explica que uma alta na demanda de chips para celulares era esperada em 2020, mas isso não era uma realidade no mercado de PCs.

Além disso, a tendência de fabricar chips cada vez menores (para aumentar eficiência energética e velocidade) também tornou o processo de fabricação de processadores ainda mais complexo. Somando esses fatores à crise sanitária que impediu o funcionamento de fábricas por conta da COVID-19, a situação escalou para um patamar jamais esperado há pouco mais de um ano.

Crise preocupa o presidente dos EUA, Joe Biden

Na última quarta-feira (24), Joe Biden convocou uma reunião no Congresso para discutir possíveis soluções para a crise de semicondutores. Nos Estados Unidos, grandes nomes da indústria automobilística, como a Ford, tiveram que paralisar a produção devido à escassez de chips, o que pode refletir em uma baixa de 20% na oferta de novos produtos durante o primeiro trimestre de 2021.

Na mesma data, Biden assinou um decreto para pedir a revisão das cadeias produtivas do país com o objetivo de acabar com as “vulnerabilidades” no fornecimento de produtos essenciais. “Não podemos depender de outros países para fornecer proteção durante uma emergência nacional”, declarou.

Indústria de chips vive temporada de lucros

Se por um lado diversas fabricantes de PCs, consoles e montadoras de carros estão vivendo tempos difíceis, e a alta demanda com baixa oferta está intimamente ligada ao aumento de preços de produtos eletrônicos, por outro, a indústria de chips está vivendo uma intensa temporada de lucros, de acordo com o analista da J.P. Morgan, Harlan Sur.

As previsões são de mais ganhos à medida que há aumento de demanda e maior investimento em empresas de semicondutores. Sur afirma que os estoques atuais estão entre 10% a 30% abaixo do que as fabricantes de eletrônicos demandam atualmente, e que a oferta só deve alcançar esse patamar em, pelo menos, 3 ou 4 trimestres.

A escassez deve piorar a partir de março, segundo o analista da Susquehanna Financial, Christopher Rolland, com tempo de entrega de semicondutores crescendo para mais de 14 semanas, o que é considerado uma “zona de perigo”.

Diversos fornecedores estão confiantes no aumento de demanda para os próximos meses. A TSMC, que fabrica silício para a Apple, afirmou que pretende gastar US$ 28 bilhões na construção de suas instalações em 2021. Já a AMD afirmou que espera um primeiro trimestre forte, com o anúncio de novos chips para notebooks e data centers.

Com informações: MarketWatch

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Ana Marques

Ana Marques

Gerente de Conteúdo

Ana Marques é jornalista e cobre o universo de eletrônicos de consumo desde 2016. Já participou de eventos nacionais e internacionais da indústria de tecnologia a convite de empresas como Samsung, Motorola, LG e Xiaomi. Analisou celulares, tablets, fones de ouvido, notebooks e wearables, entre outros dispositivos. Ana entrou no Tecnoblog em 2020, como repórter, foi editora-assistente de Notícias e, em 2022, passou a integrar o time de estratégia do site, como Gerente de Conteúdo. Escreveu a coluna "Vida Digital" no site da revista Seleções (Reader's Digest). Trabalhou no TechTudo e no hub de conteúdo do Zoom/Buscapé.