Mark Zuckerberg

Um relatório de 747 páginas (PDF) entregue recentemente ao Congresso dos Estados Unidos revela mais uma situação perturbadora envolvendo o Facebook: a rede social compartilhou dados de usuários com 52 empresas de hardware e software, incluindo Apple, LG, Microsoft, Qualcomm e Samsung.

O documento diz respeito a uma série com centenas de perguntas enviadas a Mark Zuckerberg em abril pelo Comitê de Energia e Comércio da Câmera dos Deputados dos Estados Unidos. Trata-se de uma etapa das investigações referentes ao escândalo Cambridge Analytica. O Facebook tinha como prazo a sexta-feira passada (29) para entregar o documento, e o fez justamente nesse dia.

Não chega a ser novidade que o Facebook compartilhava dados com fabricantes de dispositivos móveis e companhias relacionadas a esse segmento. Nunca havia fica claro, no entanto, qual era o alcance dessas parcerias.

A primeira constatação é a de que o Facebook ignorou uma norma interna. A companhia havia informado anteriormente que, em 2014, mudou a sua política para restringir severamente o acesso aos dados da rede social por terceiros. A restrição passou a valer em 2015, mas houve exceções.

Após a mudança na política, 61 desenvolvedores de aplicativos tiveram prazo adicional de seis meses para limitar suas práticas de coletas de dados na rede social. Além disso, ficou claro que o Facebook estabeleceu parcerias para dar acesso a dados em diferentes níveis e prazos maiores para 52 grandes companhias. Alguns desses acordos ainda estão em vigor.

De acordo com o Facebook, todas as parcerias visavam facilitar a integração da rede social com diferentes dispositivos móveis, sistemas operacionais e serviços. Além das companhias já mencionadas, o relatório mostra que houve mesmo parcerias com gigantes chinesas, incluindo Alibaba, Lenovo e Oppo.

Ali também aparece um nome que deixa as autoridades norte-americanas bastante incomodadas: a Huawei. A companhia é suspeita de contribuir com o governo chinês na prática de espionagem.

No documento, o Facebook ameniza a situação esclarecendo que 38 das 52 parcerias já foram encerradas e que outras sete serão finalizadas até o fim de julho. Em contrapartida, diversos pontos continuam obscuros.

Facebook

A falta de clareza com relação aos dados coletados é um deles. Sabe-se que detalhes básicos como nome, gênero, data de nascimento e lista de contatos estão entre os dados acessáveis, mas o nível de detalhamento é, certamente, mais extenso. Um exemplo vem da BlackBerry, outra parceira: aparentemente, alguns aparelhos da marca permitiam que a empresa tivesse acesso até a mensagens dos usuários.

Além disso, o Facebook reconheceu que cinco desenvolvedores tiveram acesso a dados de contatos de usuários como parte de um programa de teste, mas não deu detalhes sobre o assunto.

Outro ponto que carece de informações: o Facebook não explicou o porquê de não ter realizado auditorias em aplicativos como o que permitiu que a Cambridge Analytica coletasse dados de tantas pessoas.

Com informações: Mashable, The Washington Post.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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