Facebook combate deepfake do presidente da Ucrânia se rendendo à Rússia

Deepfake mostrava Volodymyr Zelensky pedindo que ucranianos baixassem armas e se rendessem à Rússia; Facebook removeu vídeo

Emerson Alecrim

Não havia dúvidas de que, de uma forma ou outra, a invasão da Ucrânia pela Rússia teria reflexos na internet. Uma dos exemplos mais recentes envolveu um deepfake: A Meta removeu do Facebook um vídeo falso que mostrava o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pedindo que seu conterrâneos baixassem as armas para se render aos russos.

Volodymyr Zelensky (imagem: Facebook/Centro de Comunicações Estratégicas da Ucrânia)
Volodymyr Zelensky (imagem: Facebook/Centro de Comunicações Estratégicas da Ucrânia)

Deepfakes são vídeos criados por ferramentas baseadas em inteligência artificial que adicionam falsos movimentos de fala ou expressões ao rosto de uma pessoa. Se a ideia impressiona de um lado, preocupa por outro, justamente pelo potencial de declarações inverídicas serem atribuídas a um indivíduo.

Embora muitos deepfakes sejam bastante convincentes, boa parte contém pequenas falhas, como movimentos estranhos ou pontos desproporcionais do corpo da pessoa, que denunciam a ilegitimidade do vídeo.

Foi o que aconteceu com o vídeo de Volodymyr Zelensky. Nele, a cabeça do presidente ucraniano está desproporcional e mais pixelada em relação ao seu corpo.

Apesar de esses serem sinais de falsificação, muito gente não se atenta a eles. O resultado é que o deepfake acaba cumprindo o seu papel: espalhar desinformação.

Aparentemente, o vídeo surgiu primeiro no site de notícias Ukraine 24, que teria sido hackeado. Depois, o deepfake foi publicado em outros sites de notícias também comprometidos e, finalmente, chegou às redes sociais.

O problema dos deepfake é tão preocupante que o Facebook passou a proibir esse tipo de vídeo no começo de 2020. É com base nessa política que a plataforma removeu o vídeo. Nathaniel Gleicher, chefe de segurança da Meta, se manifestou no Twitter para confirmar a exclusão:

Hoje cedo [16 de março], nossas equipes identificaram e removeram um vídeo de deepfake que mostrava o presidente Zelensky dando uma declaração que ele nunca vez.

Na sequência, Gleicher divulgou um link que detalha a política do Facebook para remoção de mídia manipulada.

Deefake de Volodymyr Zelensky (imagem: Twitter/Shayan Sardarizadeh)
Deefake de Volodymyr Zelensky (imagem: Twitter/Shayan Sardarizadeh)

Presidente ucraniano reage ao vídeo

Embora o Facebook e os sites comprometidos tenham sido rápidos em remover o vídeo falso, tudo indica que o deepfake continua sendo compartilhado por outros meios, incluindo a rede social russa VK. Canais pró-Rússia no Telegram também estariam espalhando o conteúdo fraudulento.

Não surpreende que o próprio presidente ucraniano tenha usado a sua conta oficial no Instagram para desmentir o deepfake:

Sobre a última provocação infantil aconselhando a baixar as armas, eu apenas aconselho que as tropas da Federação Russa deponham as armas e retornem para casa. Nós estamos em casa e defendendo a Ucrânia.

O governo ucraniano já esperava que algo do tipo fosse acontecer. No início de março, o Centro de Comunicações Estratégicas da Ucrânia alertou no Facebook que a Rússia poderia usar vídeos manipulados para espalhar desinformação sobre a guerra:

Imagine ver Volodymyr Zelensky na TV fazendo uma declaração de rendição. Você vê, você ouve isso — então é verdade. Mas não é. Isso é uma tecnologia de deepfake.

(…) Seja cuidadoso — isso é uma farsa! Seu objetivo é desorientar, causar pânico, desacreditar cidadãos e incitar tropas a recuar.

Com informações: TechCrunch, The Verge.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Foi reconhecido nas edições 2023 e 2024 do Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.