Facebook e Instagram apagaram 700 perfis no Brasil por manipularem público

Facebook e Instagram combatem operações de influência; alguns perfis falsos no Brasil estavam associados ao PT e a Bolsonaro

Felipe Ventura
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• Atualizado há 7 meses
Facebook no computador (Imagem: Pixabay)
Facebook no computador (Imagem: Pixabay)

O Facebook divulgou um relatório sobre a remoção de contas e páginas criadas para manipular o debate público: entre 2017 e 2020, a rede social apagou 714 perfis no Brasil por fazerem parte de “operações de influência”, alguns deles associados ao PT e ao governo de Jair Bolsonaro. As medidas também afetaram o Instagram.

No relatório, o Facebook define operações de influência como “esforços coordenados para manipular ou corromper o debate público visando a um objetivo estratégico”.

Aqui, não se trata somente de conteúdo enganoso, e sim de comportamento enganoso: é quando a pessoa esconde sua identidade, impedindo que o público possa julgar quem ela é, se seu conteúdo é confiável, ou qual pode ser sua motivação.

No Brasil, ao longo de quatro anos, a manipulação do público foi motivo para remover:

  • 323 contas do Facebook
  • 235 páginas do Facebook
  • 81 grupos
  • 69 perfis do Instagram

Facebook e Instagram derrubam contas falsas no Brasil

O Facebook menciona 7 ações distintas para remoção de perfis enganosos no Brasil.

Em julho de 2018, a empresa derrubou uma rede coordenada que buscava “semear divisão e espalhar desinformação” através de contas falsas. Várias delas estavam relacionadas ao Movimento Brasil Livre (MBL), conforme foi revelado após pedido do Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO). Também caíram três páginas em apoio a Bolsonaro e duas páginas falsas do G1.

Em agosto de 2018, foi a vez de uma entidade identificada como PCSD, que usava uma rede de grupos, contas e páginas onde as pessoas podiam comprar curtidas e seguidores – o que obviamente viola os Padrões da Comunidade.

Contas da Agência Follow, ligada ao mensalinho do Twitter (Imagem: Facebook)
Contas da Agência Follow, ligada ao mensalinho do Twitter (Imagem: Facebook)

Em setembro de 2018, foram removidas do Facebook as páginas associadas à agência Follow de marketing digital, envolvida no esquema do “mensalinho” do Twitter. Diversos influenciadores foram recrutados para distribuir conteúdo ligado a mais de 10 candidatos do PT e PR; no entanto, causou estranheza que pessoas de São Paulo estivessem promovendo políticos como o petista Wellington Dias, governador do Piauí.

Pulando para outubro de 2019, temos uma operação de influência menos comum no Brasil: esta se originou no Irã e mirou também em outros países da América Latina, tal como Venezuela, Argentina e México. Neste caso, as páginas divulgavam conteúdo sobre o Hezbollah, disputas entre Israel e Palestina, e tensões entre o Irã e os EUA.

Perfis ligados a Bolsonaro e PSL foram removidos (Imagem: Facebook)
Perfis ligados a Bolsonaro e PSL foram removidos (Imagem: Facebook)

Em julho de 2020, Facebook e Instagram retiraram contas falsas ligadas a funcionários do presidente Bolsonaro e de políticos do PSL (Partido Social Liberal), incluindo o deputado federal Eduardo Bolsonaro e os deputados estaduais Anderson Moraes e Alana Passos, além do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos). Havia, por exemplo, pessoas fictícias que diziam ser repórteres e páginas que fingiam ser veículos de notícias.

Em janeiro de 2021, o Facebook revelou que havia feito duas operações contra perfis falsos voltado para as eleições municipais. Uma dessas medidas derrubou contas que apoiavam o prefeito de Almirante Tamandaré e o então candidato do PSD em Colombo; ambas as cidades ficam no Paraná. A segunda operação ocorreu em contas que apoiavam candidatos à prefeitura em três cidades do Espírito Santo: Vitória, Serra e Cariacica.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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