Facebook lança Ray-Ban Stories, óculos com câmera dupla e assistente de voz

Óculos inteligentes Ray-Ban Stories, do Facebook em parceria com a Ray-Ban, permitem gravar vídeos, tirar fotos, ouvir músicas e fazer ligações

Pedro Knoth
• Atualizado há 1 ano e 2 meses

Nesta quinta-feira (9) o Facebook lançou, em parceria com a Ray-Ban, o Ray-Ban Stories. O próprio nome já diz sobre a utilidade principal do dispositivo inteligente, que vem equipado com duas câmeras de 5 megapixels, sistema de áudio com três microfones integrados, supressão de ruído e estojo para carregar a bateria. As armações inteligentes têm preço de US$ 229.

Ray-Ban Stories têm câmeras de 5 MP e Snapdragon

Os óculos inteligentes criado pelo Facebook e pela EssilorLuxottica — dona da Ray-Ban — têm, em seu lançamento, 3 modelos diferentes, além de 20 variações para armação. Eles possuem um processador Snapdragon, que promete performance melhor na captura de áudio e imagens. O projeto, assim como a parceria com o Facebook, foi anunciada em 2020.

De acordo com o comunicado do Facebook, os óculos têm cinco opções de cores e podem ser usados com lentes transparentes, de sol, transitions (que alternam de acordo com o ambiente) ou de prescrição.

Como é de se esperar de um vestível inteligente usado para visão, o Ray-Ban Stories possui duas câmeras, cada uma acoplada nas duas lentes dos óculos. Com elas, o usuário vai poder gravar vídeos de até 30 segundos ou tirar fotos; o equipamento é capaz de armazenar 500 imagens ou 30 gravações.

Para gravar vídeos, basta apertar uma única vez um botão localizado na lateral da armação. Se o usuário quiser tirar uma foto com o Ray-Ban Stories, ele precisa clicar pressionando o botão. Se a pessoa não puder usar as mãos, para ambas as opções, é possível acionar a Assistente de Voz do Facebook, por meio de um comando.

O Facebook avisa que projetou a captura de vídeo para que ela resista a muitos movimentos do dia a dia. O dono do óculos pode balançar a cabeça ou ainda andar de skate: o Ray-Ban Stories vai capturar a imagem mesmo assim, diz a empresa.

Pensando nos movimentos humanos, o Facebook adotou otimizações que incluem um estabilizador de vídeo, além de remoção de ruído, HDR e Low Light Fusion. A rede social também aplicou machine learning para melhorar os arquivos dos usuários. A ferramenta vai renderizar os tons de cor de fotos e vídeos gravados pelo Ray-Ban Stories.

Com os novos óculos, o usuário pode escutar músicas e podcasts. Para carregar o aparelho, é necessário encaixar as hastes do Ray-Ban Stories dentro do estojo de carregamento — que substitui o porta-óculos convencional.

Facebook View armazena vídeos e fotos do Ray-Ban Stories

Feed de armazenamento do Facebook View (Imagem: Divulgação/Facebook)

Junto com os novos óculos inteligentes, o Facebook está lançando um aplicativo para Android e iOS para que o usuário possa compartilhar vídeos e fotos. O app, chamado Facebook View, conversa com outros aplicativos instalados no celular, como:

  • WhatsApp
  • Instagram
  • Messenger
  • Twitter
  • TikTok
  • e Snapchat

O próprio Facebook View oferece a opção de salvar todo o conteúdo gravado pelo Ray-Ban Stories — o usuário pode editar as fotos dentro do app com “ferramentas exclusivas”, segundo a rede social.

Privacidade: óculos inteligentes usam endereço e e-mail

Óculos inteligentes capazes de gravar e fotografar com um sistema de áudio embutido gera alarde na seara da privacidade. Essa parece ser uma das principais preocupações do Facebook com o lançamento do Ray-Ban Stories.

O próprio CEO e co-fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, ressaltou no vídeo de lançamento dos óculos que eles “fazem mais do que a maioria dos smartphones” em relação à privacidade: quando o usuário ativa o dispositivo para fotografar ou gravar, uma luz LED branca acende na armação, indicando que os óculos estão on e a câmera foi ativada.

“Também há um botão para desligar o óculos, para quando você estiver, por exemplo, em um espaço privado”, diz Zuckerberg. “Quando seus óculos estão desligados, significa que eles estão realmente desligados: o microfone não vai funcionar, e não é possível tirar fotos ou gravar vídeos

O Facebook avisa que, por padrão, o Ray-Ban Stories coleta alguns dados ”necessários para que os seus óculos funcionem”. Eis a lista de informações captadas pelo dispositivo inteligente:

  • Nível da bateria, para que o óculos avise quando ela estiver perto do fim
  • E-mail
  • Endereço
  • Acesso à conta do Facebook, para identificar se o dono do perfil é o mesmo do Ray-Ban Stories. Essa verificação acontece toda vez que os óculos estiverem conectados à rede social pelo Wi-Fi.

O usuário pode optar por compartilhar dados adicionais pelos óculos inteligentes, se quiser. Isso inclui quantas imagens foram gravadas, ou o tempo gasto tirando fotos e vídeos — o Facebook vai utilizar essas informações para o “desenvolvimento, melhoria e personalização do produto”.

Avisos alerta usuários para que não capturem imagens ou façam vídeos enquanto dirigem (Imagem: Divulgação/Facebook)

O uso da Assistente Virtual do Facebook para ativar funções do óculos é totalmente opcional. Pelas configurações do Facebook View, a pessoa pode desabilitar a transcrição de áudio e desligar o armazenamento da voz.

Facebook diz que óculos é “livre de anúncios publicitários”

O Ray-Ban Stories é livre de anúncios publicitários. O usuário não verá propagandas enquanto usa o vestível inteligente. O Facebook afirma que não usará a imagem ou voz dos usuários para o direcionamento de anúncios personalizados.

Como uma garantia para tranquilizar usuários, o Ray-Ban Stories só vai funcionar pelo aparelhamento de uma única conta: em caso de perda do aparelho, se alguém encontrar o óculos e consiguir desbloqueá-lo, todos os vídeos e fotos guardados dentro dele desaparecem. O mesmo acontece caso a pessoa use um novo telefone ou conta do Facebook para tentar invadir o dispositivo.

Com o objetivo de conscientizar o público sobre a coleta de dados e termos e condições de privacidade que acompanham o lançamento do Ray-Ban Stories, o Facebook criou uma nova página em seu microsite de privacidade dedicada ao novo produto.

Por fim, a empresa afirma que consultou acadêmicos e especialistas nas áreas de “privacidade, segurança e liberdades civis em todo o mundo para obter feedback”:

“À medida que os óculos inteligentes se tornam parte da vida cotidiana, temos a responsabilidade de ajudar a explorar as grandes questões e estabelecer novas normas de forma aberta e inclusiva. Não podemos fazer isso sozinhos.”

Ray-Ban Stories inicia “futuro sem celulares”

Ray-Ban Stories: Zuckerberg diz que lançamento é primeiro passo para “futuro onde celulares são menos essenciais” (Imagem: Reprodução)

O Ray-Ban Stories está disponível em cinco países em seu lançamento: Austrália, Canadá, EUA, Irlanda, Itália e Reino Unido. Os amantes de óculos vão reconhecer três modelos de óculos tradicionais da Ray-Ban: Round, Wayfarer e Meteor. Mas o novo óculos tem 20 variações disponíveis no mercado.

Óculos inteligentes são um dos pilares do Facebook: Mark Zuckerberg confia que, no futuro, as pessoas não precisarão “escolher qual aparelho usam”. O CEO acredita que os óculos inteligentes são o começo de um “futuro onde celulares não são uma parte essencial das nossas vidas”.

Zuckerberg quer construir um metaverso em torno de tecnologias de realidade aumentada e virtual. Ele vem destacando pessoas importantes dentro do Facebook e de empresas controladas pela rede, como o Instagram, para o Facebook Reality Labs.

Por mais que o Facebook invista na realidade aumentada como parte do “futuro” projetado por Zuckerberg, o novo óculos inteligente não inova no campo: não é capaz de refletir chamadas de vídeo na lente, ou oferecer uma interface instantânea de vídeos e fotos tirados. Para conferir os arquivos, o usuário na verdade usa um app para smartphone.

O próprio Snapchat lançou a linha Spectacles — óculos com câmeras embutidas — em 2016. O Ray-Ban Stories se inspira no mesmo estilo, apesar de ter mudanças significativas, com o sistema de áudio e microfone.

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.