Facebook monitorou VPN para decidir sobre compra do WhatsApp e clones do Snapchat

Paulo Higa
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• Atualizado há 6 meses
Mark Zuckerberg

Quem detém a informação, detém o poder. O Facebook levou essa máxima à risca: a empresa analisou os dados trafegados pelos usuários em seu aplicativo gratuito de VPN e utilizou as informações em decisões estratégicas, como a compra do WhatsApp por US$ 22 bilhões e a criação dos inúmeros clones do Snapchat.

A VPN em questão é o Onavo Protect, que é uma propriedade do Facebook desde outubro de 2013. Ele se vende como um aplicativo que protege sua conexão e monitora quais softwares gastam mais internet, economizando seu plano de dados. Mas, quando ativado, o tráfego do smartphone do usuário passa a circular nos servidores do Facebook, conforme escrito nos termos de uso que todas as pessoas leram.

De posse das informações, o Facebook conseguiu descobrir que o Snapchat não estava mais crescendo tanto quanto antigamente, segundo o Wall Street Journal. A queda veio logo após o lançamento do Instagram Stories e fez a empresa de Zuckerberg aumentar o investimento no formato efêmero. Deu certo: o Instagram Stories atingiu 250 milhões de usuários ativos em apenas um ano, enquanto o Snapchat estagnou em 173 milhões.

A aquisição bilionária do WhatsApp também foi influenciada pelos dados coletados pelo Onavo: o Facebook descobriu que o aplicativo de mensagens estava presente em nada menos que 99% de todos os smartphones da Espanha, indicando que o WhatsApp estava mudando a forma como um país inteiro se comunicava.

Provavelmente eles se surpreenderam com a onipresença do aplicativo, até porque, na App Store dos Estados Unidos, onde as pessoas costumam se comunicar por SMS (que é oferecido gratuitamente pelas maiores operadoras há anos), o WhatsApp é apenas o 18º aplicativo mais baixado. No Brasil, ele ocupa a liderança e tem participação de 93% nos smartphones, segundo uma pesquisa do Ibope.

O fato do Instagram e do aplicativo principal do Facebook reforçarem as transmissões de vídeo ao vivo (eu já cansei de receber notificações) também foi influenciado pelo aumento da utilização de serviços como o Meerkat (que já morreu) e do Periscope, do Twitter, que foram os pioneiros no formato.

É uma forma adicional do Facebook de ganhar dinheiro com os dados dos usuários: além de servir publicidade, eles servem para tomar decisões estratégicas e definir negócios de bilhões de dólares.

(Aqui entra a frase clichê sobre quem é o produto quando o produto é grátis.)

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Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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