Quem detém a informação, detém o poder. O Facebook levou essa máxima à risca: a empresa analisou os dados trafegados pelos usuários em seu aplicativo gratuito de VPN e utilizou as informações em decisões estratégicas, como a compra do WhatsApp por US$ 22 bilhões e a criação dos inúmeros clones do Snapchat.
A VPN em questão é o Onavo Protect, que é uma propriedade do Facebook desde outubro de 2013. Ele se vende como um aplicativo que protege sua conexão e monitora quais softwares gastam mais internet, economizando seu plano de dados. Mas, quando ativado, o tráfego do smartphone do usuário passa a circular nos servidores do Facebook, conforme escrito nos termos de uso que todas as pessoas leram.
De posse das informações, o Facebook conseguiu descobrir que o Snapchat não estava mais crescendo tanto quanto antigamente, segundo o Wall Street Journal. A queda veio logo após o lançamento do Instagram Stories e fez a empresa de Zuckerberg aumentar o investimento no formato efêmero. Deu certo: o Instagram Stories atingiu 250 milhões de usuários ativos em apenas um ano, enquanto o Snapchat estagnou em 173 milhões.
A aquisição bilionária do WhatsApp também foi influenciada pelos dados coletados pelo Onavo: o Facebook descobriu que o aplicativo de mensagens estava presente em nada menos que 99% de todos os smartphones da Espanha, indicando que o WhatsApp estava mudando a forma como um país inteiro se comunicava.
Provavelmente eles se surpreenderam com a onipresença do aplicativo, até porque, na App Store dos Estados Unidos, onde as pessoas costumam se comunicar por SMS (que é oferecido gratuitamente pelas maiores operadoras há anos), o WhatsApp é apenas o 18º aplicativo mais baixado. No Brasil, ele ocupa a liderança e tem participação de 93% nos smartphones, segundo uma pesquisa do Ibope.
O fato do Instagram e do aplicativo principal do Facebook reforçarem as transmissões de vídeo ao vivo (eu já cansei de receber notificações) também foi influenciado pelo aumento da utilização de serviços como o Meerkat (que já morreu) e do Periscope, do Twitter, que foram os pioneiros no formato.
É uma forma adicional do Facebook de ganhar dinheiro com os dados dos usuários: além de servir publicidade, eles servem para tomar decisões estratégicas e definir negócios de bilhões de dólares.
(Aqui entra a frase clichê sobre quem é o produto quando o produto é grátis.)