Funcionários acusam Tesla de fazer gambiarras para atingir metas de produção
Tesla teria usado artifícios para consertar problemas; empresa nega e diz que equipes dedicadas inspecionam carros
Tesla teria usado artifícios para consertar problemas; empresa nega e diz que equipes dedicadas inspecionam carros
Criticada por atrasar os pedidos do Model 3, a Tesla superou as expectativas do mercado ao produzir mais de 87 mil carros elétricos no segundo trimestre do ano, um recorde histórico para a companhia. Mas, depois de enfrentar a insatisfação dos clientes, a empresa está sendo alvo dos funcionários: eles acusam a montadora de fazer gambiarras para resolver problemas, afetando o controle de qualidade. A Tesla nega.
As denúncias foram publicadas pela CNBC, que ouviu funcionários da linha de produção GA4, onde a montagem não é totalmente automatizada. Quatro pessoas dizem que “foram orientadas pelos supervisores a usar fita isolante para consertar rachaduras em suportes e caixas plásticas”, e que os carros frequentemente ficavam sem parafusos ou porcas para economizar tempo.
Outros quatro funcionários da Tesla, que também pediram para permanecer anônimos, reclamaram das condições de trabalho. Segundo eles, havia calor excessivo, temperaturas baixas à noite e ar cheio de fumaça na linha de montagem durante os incêndios que atingiram o norte do estado americano da Califórnia, no final de 2018. Ventiladores foram instalados para circular o ar, mas eles não faziam muita diferença, segundo os empregados.
Um dos poucos identificados pela reportagem, Carlos Aranda trabalhou como líder de produção no GA4. Ele teria pedido demissão da Tesla em 24 de junho após passar meses de licença médica em decorrência de ferimentos no trabalho. À CNBC, Aranda declara que ele mesmo foi pessoalmente até um Walmart em múltiplas ocasiões para comprar fita isolante e outros itens relacionados à produção dos carros.
Os trabalhadores divulgaram fotos para comprovar as gambiarras. Uma delas mostra uma fita isolante colada em um plástico branco que segura as conexões da câmera tripla de um Model 3. O conjunto de câmeras permite que o carro veja a pista, os semáforos e os obstáculos à frente. Segundo Aranda, a borda da peça plástica quebrava com frequência durante a instalação, por isso a fita era usada.
Parafusos intermediários também eram deixados de lado ou ficavam mal apertados. Isso porque os trabalhadores têm somente alguns minutos para concluir uma etapa da montagem. Se algo pequeno estivesse faltando, os funcionários preferiam manter os carros em movimento a causarem um gargalo na linha de produção.
A Tesla negou as acusações, dizendo que o uso de fita isolante na linha de montagem não é um procedimento aprovado e que os veículos são inspecionados rigorosamente antes de serem enviados aos consumidores. De acordo com um porta-voz da companhia, não há indícios de que fitas isolantes tenham sido usadas no GA4.
A montadora de Elon Musk também informou que trabalha para criar um ambiente “seguro, justo e divertido” e que um grande número de funcionários pede para trabalhar no GA4 com base no que ouvem dos colegas. Com relação a Carlos Aranda, a empresa declarou que ele foi demitido por causa de uma postagem no Twitter que era contra a política de violência no local de trabalho.