Google responde ao ChatGPT com CALM, que promete gerar textos em menos tempo

Modelo desenvolvido em parceria com o MIT reduz processamento pela metade; método tenta adivinhar próxima palavra em menos tentativas

Giovanni Santa Rosa
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Inteligência artificial (imagem ilustrativa: Max Pixel)
Inteligência artificial (imagem ilustrativa: Max Pixel)

O ChatGPT roubou a cena nas últimas semanas. O chatbot da OpenAI usa a inteligência artificial GPT-3.5 para dar respostas completas e articuladas, o que causou alguma preocupação no Google. A gigante das buscas aproveitou para destacar suas pesquisas na área: ela está construindo o CALM, um método de geração de texto que promete ser mais rápido e eficiente.

O modelo recebeu o nome de Confident Adaptive Language Modeling, ou Modelagem de Linguagem Adaptativa por Confiança, em tradução livre. Daí a sigla CALM.

Ele vem sendo desenvolvido pelo Google e pelo MIT, e foi apresentado na conferência NeurIPS, que aconteceu entre o fim de novembro e o começo de dezembro.

Neste mesmo período, a OpenAI liberou seu ChatGPT para o público geral. Segundo relatos, o potencial da ferramenta causou algum desconforto no Google. Há quem pense que essa tecnologia pode substituir o buscador em alguns casos.

Enquanto isso, ela está sendo usada para escrever códigos e paquerar, entre outras coisas.

Economizando processamento

Segundo o Google, as principais inteligências artificiais de linguagem usam a mesma quantidade de energia de processamento em todas as previsões de palavras — o que pode ser visto como matar mosquito com tiro de canhão.

“Ao escrever uma frase, algumas continuações são triviais, enquanto outras exigem mais esforço”, escreve a empresa em seu blog. Por isso, o CALM economiza quando o próximo termo é mais fácil de acertar.

Infográfico mostra que CALM escolhe palavras com mais rapidez
Infográfico mostra que CALM escolhe palavras com mais rapidez (Imagem: Divulgação / Google)

A inteligência artificial trabalha com o conceito de saída antecipada. Basicamente, ao achar uma palavra que provavelmente serve como continuação da frase, o modelo calcula quanto de confiança tem naquela palavra. Se for acima do limite estabelecido, a escolha é feita, e o algoritmo parte para a próxima palavra.

Cuidado para não errar

O Google reconhece que algumas precauções precisam ser tomadas para que a IA vá escrevendo sem saber onde vai dar.

“Erros cometidos no começo do processo de geração são mais prejudiciais, porque afetam as escolhas seguintes”, pondera a empresa.

Por isso, o CALM exige uma pontuação de confiança mais alta no começo das frases, como forma de diminuir riscos. Depois, esse corte vai ficando mais baixo, como forma de caminhar em direção a um custo-benefício melhor, usando a menor energia possível para resultados de qualidade.

O Google diz que, em seus testes, o CALM reduziu quase pela metade o tempo de processamento, sem que isso significasse perda de qualidade no resultado.

Por enquanto, o modelo é apenas um experimento e não é possível usá-lo. Mesmo assim, parece que o Google não quis deixar o ChatGPT falando sozinho.

Com informações: Google Research Blog, Synced Review.

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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