Google terá relatório de transparência para anunciantes nas Eleições 2022
Relatório de transparência do Google pode revelar nome do anunciante e valor gasto com propagandas políticas para as próximas eleições no Brasil
Relatório de transparência do Google pode revelar nome do anunciante e valor gasto com propagandas políticas para as próximas eleições no Brasil
O Google Brasil deve lançar um relatório de transparência de anunciantes até as eleições presidenciais de 2022. A informação foi revelada nesta terça-feira (17) por Marcelo Lacerda, diretor de relações governamentais da empresa, em audiência pública do grupo de trabalho da Câmara dos Deputados que analisa o chamado Projeto de Lei das Fake News (PL 2630/20).
O relatório de transparência para anunciantes já é feito em outros países, como os EUA e a Austrália. Contudo, a iniciativa seria inédita ao Google no Brasil, onde a companhia está presente desde 2005,.
Conforme apurou a reportagem do Tecnoblog, o projeto ainda não definiu se o recorte será específico ao Brasil, ou se a plataforma pretende trazer o modelo de relatórios de transparência de países no exterior.
Caso o modelo seja espelhado em países como os EUA, o relatório de transparência de anúncios políticos para as eleições 2022 pode informar dados como o nome das empresas responsáveis por veicular propagandas políticas na plataforma, o custo por anúncio e até a região que recebeu o impulsionamento do conteúdo — no exemplo americano, o Google tem uma lista de estados e distritos que mais gastaram com publicidade.
Os anúncios são uma das jóias da coroa do Google, principalmente quando se trata da receita da companhia: a Alphabet Inc, holding financeira do buscador, diz que receitas com anúncios na ferramenta cresceram 70% — chegaram a US$ 50,4 bilhões — durante o segundo semestre de 2021. Só no YouTube, o faturamento cresceu 87%.
Antes de revelar sobre o relatório de transparência das eleições, Marcelo Lacerda disse aos deputados do Congresso que as ferramentas de busca e publicidade do Google Brasil beneficiaram 200 mil empresas e movimentaram R$ 67 bilhões em atividade econômica em 2020.
“A internet é, como podemos ver, cada vez mais uma propulsão da atividade econômica, e é por isso que precisamos preservar esse ecossistema benéfico. Ao mesmo tempo, óbvio, precisamos protegê-lo desses atores que, de má fé, tentam burlar o sistema”, continuou o executivo.
O grupo de trabalho da Câmara dos Deputados que ouviu o executivo do Google discute justamente sobre aprimoramentos ao PL das Fake News, que propõe uma série de medidas para conter a circulação de desinformação em redes sociais e plataformas, como Facebook e YouTube, e aplicativos de mensagem privada, como o WhatsApp.
O projeto de lei tem trechos específicos dedicados a anúncios políticos. Em um deles, no artigo 15, está previsto que provedores de redes sociais que impulsionam conteúdo relacionado às eleições devem fornecer CNPJ ou CPF da empresa que veicula a propaganda, o valor e o tempo em que a publicação esteve no ar dentro do site. As empresas devem ainda informar o “público-alvo” das peças publicitárias.
Enquanto o PL segue em tramitação no Congresso, os mecanismos de receita por anúncio e outros meios nas plataformas como YouTube e Facebook vêm sendo discutidos dentro da Justiça no Brasil. Na noite de segunda-feira (16), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou a suspensão do pagamento das plataformas a canais bolsonaristas investigados por espalharem desinformação.