IA está reduzindo sobrecarga no sistema de saúde em cidades brasileiras
Plataforma de telemedicina usa chatbot para diagnosticar casos graves, moderados e leves da COVID-19; foram mais 24 mil pacientes atendidos
Plataforma de telemedicina usa chatbot para diagnosticar casos graves, moderados e leves da COVID-19; foram mais 24 mil pacientes atendidos
O Brasil vem enfrentando consecutivas ondas da COVID-19, que sobrecarregam o Sistema Único de Saúde – responsável pela cobertura médica de 75% da população brasileira. Mas uma plataforma de telemedicina que usa IA, ou Inteligência Artificial, está ajudando o SUS a respirar ao detectar e diagnosticar casos moderados e leves da doença. O chatbot tem um nome humano: Laura. Foi criada pela startup de healthtech homônima com o objetivo de criar diagnósticos ágeis para infectados pelo novo coronavírus.
O estudo foi conduzido por grupos de pesquisadores do Instituto Laura Fressatto (Curitiba), da PUCPR, e da Fundação Getúlio Vargas (FGV EASP) e publicado nesta quinta-feira (17) pela revista científica Frontiers In Digital Health. A plataforma de telemedicina e a Laura foram usadas em três cidades: Curitiba (PR), São Bernardo do Campo e Catanduva (SP).
Os pesquisadores observaram que, das 130 mil interações com o chatbot e mais de 24 mil pacientes que completaram a triagem virtual, quase metade (45%) tinham sintomas leves de COVID-19, e um terço (33%) foram classificados como casos médios. Apenas 14% dos pacientes estavam em estado grave da doença.
Através da triagem virtual, o SUS agiu de forma mais coordenada e eficiente, segundo os pesquisadores. Os dados que comprovam essa agilidade foram coletados nas cidades entre julho e outubro de 2020.
O nome por extenso do chatbot é Laura Care. Essa IA foi desenvolvida em abril de 2020, especialmente para combater os efeitos da pandemia de COVID nos hospitais brasileiros; e foi programada usando a tecnologia de Processamento em Linguagem Natural (NLP) via fonte aberta da Rasa, que oferece APIs com esse propósito.
A Laura foi integrada aos sistemas dos municípios que participaram do estudo; redes sociais como o WhatsApp e o Facebook criaram extensões para o uso do chatbot. Se um sintoma fosse detectado, o usuário era direcionado a uma página da web dedicada à triagem – um formulário com termos era oferecido ao usuário.
“O uso de inteligência artificial permitiu capacitar os atendimentos de telessaúde a ajudar a resolver esse gargalo, aumentando o acesso coordenado dos pacientes ao sistema de saúde, priorizando a recomendação de buscar um hospital apenas nos casos mais graves”, disse Adriano Massuda, pesquisador da FGV EAESP e um dos autores do estudo, à Agência Bori.
Os autores do estudo concluem que o combo de telemedicina com uso de IA pode levar à universalização do acesso à Saúde no Brasil. Com base nos resultados da pesquisa, os acadêmicos recomendam o investimento em uma política nacional de transformação na área — e a criação de chatbots médicos à nível municipal.
Com informações: Agência Bori e Frontiers in Digital Health