Investigação de estupro contra Julian Assange é arquivada
Uma das fases mais conturbadas da vida de Julian Assange está um pouco mais perto do fim. Em 2010, o fundador da Wikileaks foi acusado de estupro por uma mulher sueca, o que o fez buscar asilo — ele está na embaixada do Equador em Londres desde 2012. Nesta sexta-feira (19), porém, o Ministério Público da Suécia arquivou o processo contra ele.
Assange sempre se declarou inocente das acusações, mas se recusou a se apresentar às autoridades suecas para prestar esclarecimentos pelo temor de a investigação ser uma armadilha que o faria ser extraditado para os Estados Unidos, onde ele seria julgado pela disponibilização dos documentos do governo na Wikileaks.
O medo de extradição não é desmedido. Depois da última grande leva de vazamentos — o projeto Vault 7 —, o secretário de Justiça dos Estados Unidos, Jeff Sessions, declarou publicamente que a prisão de Assange é uma prioridade.
Apesar disso, Assange tratou de se defender da acusação de estupro. Em novembro de 2015, integrantes do Ministério Público da Suécia foram até a embaixada do Equador em Londres para interrogá-lo. Na ocasião, Julian Assange alegou que a relação sexual que ele teve com a mulher sueca foi totalmente consensual.
Mas o depoimento, por si só, não serviu para inocentar Assange. O Ministério Público da Suécia só decidiu arquivar o processo porque a permanência do fundador da Wikileaks na embaixada do Equador impede a continuidade da investigação. O processo pode ser reaberto se Julian Assange votar à Suécia até 2020.
A promotoria explicou que é obrigada pelas leis da Suécia a descontinuar o caso se todos os recursos inerentes à investigação forem esgotados. É o que aconteceu. Dadas as circunstâncias, o trabalho só pode continuar se a embaixada do Equador colaborar diretamente com as autoridades suecas, o que claramente não irá acontecer.
Julian Assange comemorou no Twitter, inclusive publicando uma foto. Mas o arquivamento do processo não significa que agora ele pode sair em segurança da embaixada. A polícia britânica já avisou que ainda tem uma ordem de prisão contra Assange por conta do não comparecimento dele a uma audiência em um tribunal do Reino Unido em 2012.
— Julian Assange (@JulianAssange) May 19, 2017
Detained for 7 years without charge by while my children grew up and my name was slandered. I do not forgive or forget.
— Julian Assange (@JulianAssange) May 19, 2017
“Detido por sete anos sem razão enquanto meus filhos cresciam e meu nome era caluniado. Eu não perdoo e nem esqueço.”
O governo do Equador espera que o Reino Unido conceda um salvo-conduto que permita a Assange se dirigir ao aeroporto e sair do país. Assim, ele poderá usufruir de seu asilo em solo equatoriano. Mas vai ser difícil: as autoridades norte-americanas já enfatizaram que querem deter Assange — o Reino Unido não é de contrariar os Estados Unidos.