Microsoft anuncia acordo de 10 anos com a Nintendo por Call of Duty
Compromisso só será oficializado após empresa finalizar a compra da Activision Blizzard, ainda não aprovada por órgãos reguladores antitruste
Nesta terça-feira (7), Phil Spencer, chefe da divisão do Xbox, anunciou que a Microsoft irá firmar um acordo de 10 anos com a Nintendo para levar Call of Duty para seus consoles, caso a empresa consiga finalizar a aquisição da Activision Blizzard. Além disso, a gigante de software também se comprometeu a continuar a oferecer novas versões do jogo para o Steam, em simultâneo ao seu lançamento no Xbox.
A notícia foi dada poucos dias após Brad Smith, presidente da Microsoft, contar no The Wall Street Journal que a empresa também havia oferecido um acordo de 10 anos do jogo para o PlayStation. Segundo o executivo, caso a aquisição fosse concluída, a Microsoft disponibilizaria cada novo lançamento de Call of Duty no console da Sony, no mesmo dia em que ele chegasse ao Xbox.
Embora a detentora do PlayStation não tenha se pronunciado publicamente sobre a oferta, é sabido que uma novela entre as empresas tem se desenrolado desde janeiro, quando veio a público a notícia da compra da Activision Blizzard.
Enquanto desenvolvedoras como a Nintendo e a Ubisoft não se mostraram contrárias ao negócio, a Sony expressou suas preocupações com a aquisição desde o início, se tornando uma pedra no sapato da empresa de software.
“A Sony emergiu como o maior opositor [da aquisição da Activision]. Ela está tão empolgada com esse acordo quanto a Blockbuster com a ascensão da Netflix”, disparou Brad Smith em seu texto no WSJ.
Segundo o empresário, o principal risco levantado pela Sony seria o de que a Microsoft deixaria de disponibilizar Call of Duty no PlayStation. O que, segundo ele, seria uma medida economicamente irracional.
“Uma parte vital da receita de Call of Duty vem das vendas de jogos do PlayStation. Dada a popularidade do crossplay, isso também seria desastroso para a franquia Call of Duty e para o próprio Xbox, alienando milhões de jogadores”, explicou.
Acordos pressionam Sony e tentam convencer reguladores
Os acordos firmados entre a Microsoft com a Nintendo e a Valve mostram que a empresa tem tentado mostrar para a indústria que não há motivo para preocupações em relação à aquisição da Activision.
Se por um lado, as parcerias pressionam a Sony para concordar com a proposta – eliminando assim seu argumento de que a Microsoft exigiria uma exclusividade da franquia no mercado –, por outro tentam convencer os órgãos reguladores antitruste a aceitarem a transação.
É importante lembrar que, enquanto países como o Brasil aprovaram a compra sem restrições, outros mercados se mostraram preocupados com o negócio e vêm investigando as possíveis implicações que uma movimentação como essa representaria para a indústria.
Além das questões sinalizadas pela Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido (CMA), a qual a Microsoft disse serem “dúvidas despropositadas”, boatos também apontam que a FTC (Federal Trade Commission), agência antitruste dos Estados Unidos, pode contestar a transação.
De acordo com a Bloomberg, representantes da Microsoft e da FTC devem se reunir nesta quarta-feira para que a empresa possa sinalizar suas intenções a respeito da compra e a agência chegar a um veredito sobre sua decisão.
Com informações: The Verge, The Wall Street Journal, Variety e Bloomberg