Netflix vai ao STF para anular suspensão do Especial do Porta dos Fundos
Para Netflix, suspensão do "Especial de Natal Porta dos Fundos: A Primeira Tentação de Cristo" é censura
Para Netflix, suspensão do "Especial de Natal Porta dos Fundos: A Primeira Tentação de Cristo" é censura
Nesta quinta-feira (9), a Netflix recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar anular a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) que determina que o Especial de Natal Porta dos Fundos: A Primeira Tentação de Cristo seja removido do catálogo do serviço.
A decisão atende à ação judicial ingressada pela associação católica Centro Dom Bosco de Fé e Cultura, que considera a sátira produzida pelo Porta dos Fundos ofensiva aos cristãos: “a honra e a dignidade de milhões de católicos foram gravemente vilipendiadas pelos réus”, alega a entidade.
Ao conceder liminar favorável ao Centro Dom Bosco, o desembargador Benedicto Abicair argumentou que “as liberdades de expressão, artística e de imprensa são primordiais e essenciais na democracia. Entretanto, não podem elas servir de desculpa ou respaldo para toda e qualquer manifestação, quando há dúvidas sobre se tratar de crítica, debate ou achincalhe”.
Para a Netflix, a suspensão da produção humorística pelo TJ-RJ é um ato de censura que tem o mesmo efeito do atentado à sede do Porta dos Fundos, no final de 2019: “silencia por meio do medo e da intimidação”.
A companhia diz ainda que “a simples circunstância de que a maioria da população brasileira é cristã não representa fundamento suficiente para suspender a exibição de um conteúdo artístico que incomoda este grupo majoritário. Até porque a obra audiovisual questionada não afirma nada. Vale-se do humor e de elementos obviamente ficcionais para apresentar uma visão sobre aspectos da sexualidade humana”.
O relator da solicitação da Netflix é o ministro Gilmar Mendes, porém, como o STF está em recesso, o pedido deverá ser avaliado por Dias Tofolli, presidente do tribunal.
O Especial de Natal Porta dos Fundos: A Primeira Tentação de Cristo estreou na Netflix em 3 dezembro de 2019 e, desde então, vem sendo rechaçado por grupos religiosos e conservadores que consideram a produção uma afronta aos cristãos por, entre outras razões, retratar Jesus Cristo como homossexual.
Com informações: Folha de S.Paulo.
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