Novo presidente dos Correios não confirma privatização da estatal

Floriano Peixoto Neto assumiu presidência dos Correios; general diz que venda da ECT ainda não é o foco

Felipe Ventura
• Atualizado há 3 anos
General Floriano Peixoto Neto
General Floriano Peixoto Neto, novo presidente dos Correios

O general Floriano Peixoto Neto assumiu nesta segunda-feira (24) a presidência dos Correios: ele substitui o general Juarez Aparecido Cunha, demitido por Jair Bolsonaro após criticar a privatização da estatal. No entanto, o novo presidente diz que a venda da ECT (Empresa de Correios e Telégrafos) ainda não é o foco; isso também precisará ser aprovado pelo Congresso.

“Não estamos ainda falando em nada de privatização, nada. A minha intenção é ir para lá trabalhar para fortalecer, para fazer a empresa crescer, ficar mais gigante ainda do que ela é”, disse Peixoto, segundo o TeleSíntese.

O novo presidente da ECT complementa: “uma coisa de cada vez, vamos trabalhar para a empresa crescer, é isso que todos nós queremos; o Correio é do Brasil, é uma empresa nossa, e que nós temos muito orgulho”.

Bolsonaro substituiu o presidente dos Correios por criticar a privatização em uma audiência na Câmara. Cunha disse que os brasileiros vão pagar a conta, por acreditar que somente a parte lucrativa da ECT iria para a iniciativa privada. O serviço de encomendas seria vendido, enquanto o Estado iria arcar com a entrega de cartas e correspondências.

Privatização dos Correios deverá passar pelo Congresso

A privatização de estatais controladas pela União — incluindo os Correios — precisa ser antes analisada e aprovada pela Câmara e pelo Senado; essa decisão foi tomada pela maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) no início do mês. Alguns deputados fazem oposição à venda da ECT.

O governo federal tem atualmente 134 estatais, incluindo 46 empresas de controle direto e 88 subsidiárias. A maioria delas está no programa de desestatização e desinvestimento realizado pelo Ministério da Economia. Em 2017 e 2018, vinte estatais foram privatizadas ou liquidadas, a maioria delas subsidiárias da Eletrobras e Petrobras.

A Secretaria Especial de Desestatização e Desinvestimento criou uma apresentação para justificar a privatização dos Correios. Uma cópia foi obtida pelo site O Antagonista: ela menciona os rombos no fundo de pensão Postalis e no plano de saúde dos servidores, além do histórico de interferência política e casos de corrupção.

Correios e privatização

Com informações: TeleSíntese.

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Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.