O leilão da frequência de 700 MHz, que será utilizada em redes 4G, acontecerá na semana que vem com um grande desfalque: a operadora Oi não apresentou propostas para arrematar a frequência e ficará de fora dessa vez. Claro, TIM, Vivo e Algar Telecom (CTBC) já confirmaram presença.

Em um fato relevante, a operadora argumenta que possui um “diversificado portfólio de espectro” que permite a operadora atender seus clientes. Atualmente, a Oi possui as frequências de 900 MHz e 1.800 MHz para 2G, 2.100 MHz para 3G e 2.500 MHz para 4G. Em algum momento futuro, a operadora poderia realocar faixas como as de 1.800 MHz para utilização em rede 4G.

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Apesar da Oi discursar que suas frequências têm condições de atender o mercado, é evidente que a expansão da rede de quarta geração não deve ser prioridade para a operadora. O mesmo aconteceu com a rede 3G, que desde 2010 perde para Claro, TIM e Vivo em número de cidades cobertas.

Não participar do leilão é um dos primeiros sintomas acerca da saúde financeira da operadora: atualmente, a Oi possui dívida líquida de 46 bilhões de reais, algo próximo ao valor de mercado de outras operadoras (!). Além disso, trata-se de um grande desfalque para o governo. Como a concorrência no leilão é menor, é bem possível que os lances das outras operadoras sejam menores que a expectativa da Anatel.

Ao mesmo tempo, a não participação da Oi aumenta as chances de uma nova operadora no Brasil: a Anatel afirmou que existem investidores estrangeiros interessados no leilão. Quem sabe a Vodafone?

Frequência de 700 MHz é crucial para a adoção no 4G no Brasil

A frequência de 2.500 MHz, atualmente adotada para redes 4G, dificulta a expansão da rede para outras cidades: como se trata de uma frequência alta, a penetração de sinal é baixa, exigindo um amplo número de antenas para uma cobertura decente. Como são necessárias mais torres e antenas, o custo de construção da rede é maior.

Isso não ocorre na frequência de 700 MHz, uma vez que se trata de uma baixa frequência, com alta penetração de sinal. Sem essas redes de baixa frequência, é difícil que o 4G decole no Brasil como hoje o 3G decolou (ainda que tardiamente). Com os altos gastos para coberturas de altas frequências, é certo que as operadoras só expandiriam a cobertura em cidades que trariam rápido retorno sobre os investimentos.

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Escrito por

Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.