Oi lança V.tal para levar internet por fibra a 32 milhões de casas
V.tal é o novo nome da InfraCo, companhia de fibra óptica da Oi que foi vendida para o BTG Pactual; empresa irá operar rede neutra e prevê investimentos de R$ 30 bilhões
A Oi anunciou nesta quinta-feira (5) a V.tal, nova marca da InfraCo, empresa responsável pela rede neutra de fibra óptica. Junto ao novo nome, a operadora anunciou um ousado plano de levar cobertura de banda larga com tecnologia FTTH (fibra até a casa do cliente) para 32 milhões de domicílios até o final de 2025.
O novo nome da InfraCo é um tanto quanto curioso. “Se pronuncia ‘Vital’, com um ‘I’ que ninguém vê, fica escondido, mas importante para fazer tudo funcionar”, afirma Rodrigo Abreu, CEO da Oi. De fato, a nova companhia não deve atender consumidores finais e sua existência deve ser oculta para a maioria pessoas: a proposta da V.tal é fornecer conectividade para a própria Oi e outras empresas, inclusive operadoras, com o modelo de rede neutra.
A Oi atualmente é uma cliente âncora da V.tal. Caso o negócio com o BTG Pactual seja aprovado, a operadora passa a ser sócia minoritária com cerca de 42% dos papéis, enquanto o banco ficará com o controle. A companhia já nasce com uma carteira de 260 contratos com provedores regionais no modelo de atacado, além de outras empresas que utilizam a rede neutra para levar internet banda larga para casas de clientes.
Com a mudança, a V.tal se consolida como uma nova empresa, com CNPJ próprio, sede em São Paulo e um comitê para garantir os processos de governança, administração e operação comercial neutros durante a transição da Oi – prática conhecida no mercado como chinese wall, ou “muralha chinesa” em bom português.
V.tal deve investir R$ 30 bilhões para expandir fibra óptica
A rede atual da V.tal não é pouco relevante: são mais de 400 mil km de fibra, com infraestrutura chegando em 2.300 cidades. A Oi prevê encerrar o ano de 2021 com capacidade para atender 14,8 milhões de domicílios (home passed) com fibra óptica em 228 municípios, e prevê que a cobertura atinja 32 milhões de casas até o final de 2025. É mais do que a Vivo tem hoje: a concorrente é líder em fibra e tem 17,3 milhões de casas passadas com a tecnologia.
O planejamento prevê investimentos na casa de R$ 30 bilhões, que devem levar cobertura de fibra óptica até a residência (FTTH) para mais de 2.300 municípios – aqui vale ressaltar que a rede atual já chega nessa quantidade de cidades, porém apenas com rede de acesso (backhaul) e sem infraestrutura para fornecer banda larga com fibra ao consumidor final.
Essa rede neutra deve atender tanto a Oi como outros provedores, que devem pagar uma espécie de aluguel por cada cliente conectado. A V.tal oferecerá o serviço de duas modalidades, cada qual com seu preço: a primeira delas envolve a conexão completa, incluindo os técnicos da própria empresa para instalar o serviço na casa dos clientes; a segunda forma inclui apenas a última milha, e o provedor deve se responsabilizar pelo processo de instalação.
Um detalhe importante é que a Oi, como cliente âncora, poderá ter exclusividade de atuação em novas regiões por um período curto (e não mencionado pela empresa). Abreu garante que esse privilégio não ocorre pelo fato de a operadora ser acionista mas por ter um contrato de uso relevante, e outras operadoras também podem ser clientes âncora da V.tal em determinadas localidades.
Oi quer ter 8,1 milhões de clientes de fibra até 2024
A Oi informou no seu plano estratégico que quer alcançar a marca de 8,1 milhões de clientes da banda larga Oi Fibra até 2024. Trata-se de um número ousado: a operadora planeja encerrar o ano atual com 3,5 milhões de clientes em uma rede com 14,8 milhões de casas, o que resulta numa taxa de ocupação – proporção entre casas conectadas e domicílios aptos a contratação – de 23,4%.
Para alcançar essa meta mantendo a mesma taxa de ocupação, a Oi precisaria ter cobertura de fibra para 34,4 milhões de casas até 2024. Esse número é mais alto que os 32 milhões de domicílios planejados pela V.tal até o ano de 2025.
Se contar exclusivamente com a rede da V.tal e não usar outros operadores neutros ou construir rede própria, a Oi precisará ser mais agressiva com seus planos e ofertas para aumentar a taxa de ocupação da rede. A tele prevê que o gasto médio por assinante de fibra óptica com a operadora seja de R$ 94 mensais até 2024; o pacote básico atual da operadora oferecido na maioria das localidades custa R$ 99,90 por mês no débito automático com internet de 200 Mb/s e telefone fixo ilimitado.