Propaganda “recria” Elis Regina usando deepfake para dueto com Maria Rita

Campanha em comemoração aos 70 anos da Volkswagen no Brasil coloca Elis Regina para dirigir Kombi e cantar "Como nossos pais" com a filha

Giovanni Santa Rosa
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Deepfake da cantora Elis Regina em propaganda
Deepfake da cantora Elis Regina em propaganda (Imagem: Reprodução/YouTube)

A tecnologia de deepfakes permitiu um dueto das cantoras Elis Regina, falecida há 41 anos, e Maria Rita, sua filha. Juntas, elas interpretam “Como nossos pais”, composição de Belchior que foi sucesso na voz de Elis.

O encontro faz parte de uma propaganda da Volkswagen para comemorar os 70 anos da montadora alemã no Brasil. As cenas mostram Elis dirigindo uma Kombi e Maria Rita ao volante de uma ID.Buzz, van elétrica da marca.

As imagens atualizadas de Elis foram feitas com uso da tecnologia de deepfake, que usa inteligência artificial para colocar rostos em vídeos, articulando movimentos dos lábios e expressões faciais.

O resultado costuma ser bem convincente — o que sempre levanta preocupações de mau uso, como golpes.

No caso da propaganda da Volkswagen, uma dublê dirigiu o carro e cantou a canção. Os programas AutoEncoders e StyleGan 3, que usam redes neurais artificiais, mesclaram o rosto da atriz e a imagem recriada de Elis Regina.

A pós-produção foi feita por uma empresa norte-americana, que tem trabalhos para Hollywood em seu portfólio.

Deepfake também serve para voz

No caso da propaganda da VW, a voz de Elis Regina é da gravação original de “Como nossos pais”, do álbum Falso Brilhante, lançado em 1976. Só as imagens foram geradas usando a tecnologia dos deepfakes. Porém, é possível recriar vozes também com a técnica.

Um exemplo disso é uma campanha do Mercado Livre lançada em 2021. A peça recriou a voz de José Antunes Coimbra, pai de Zico. O marketplace é um dos patrocinadores do Flamengo, clube em que Zico jogou e se tornou ídolo.

Falecido em 1986, Seu Antunes, como era conhecido, não viu pessoalmente nenhum dos 334 que o Zico fez no Maracanã. Em entrevista, o ex-jogador contou que o pai tinha ficado tão triste com a derrota do Brasil para o Uruguai na Copa de 1950 que nunca mais quis entrar no estádio.

Com o deepfake de voz, Seu Antunes “pediu” mais um gol de Zico, para que ele pudesse ver.

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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