Rabbit R1 foi criado para substituir o celular, mas poderia ser só um app
Aparelhos dedicados à inteligência artificial vêm recebendo críticas por desempenho abaixo do esperado e questionamentos em relação à real utilidade
Aparelhos dedicados à inteligência artificial vêm recebendo críticas por desempenho abaixo do esperado e questionamentos em relação à real utilidade
A interface do aparelho Rabbit R1 é um app de Android e é possível instalá-lo em um Pixel 6A. Apesar de algumas limitações, o smartphone conseguiu rodar alguns dos recursos do assistente de IA, após adaptações. A “descoberta” reforça críticas que produtos deste tipo vêm recebendo, principalmente por quem não vê espaço para um gadget assim em um mundo de smartphones.
O Rabbit R1 faz parte de uma nova categoria de aparelhos, que apareceu nos últimos anos na esteira da inteligência artificial generativa. As empresas prometem que estes gadgets pequenos, às vezes chamados de “AI boxes” ou “caixinhas de IA”, conseguirão substituir os smartphones, fazendo quase tudo a partir de comandos de voz.
O engenheiro de software Mishaal Rahman, que também é editor do site Android Authority, recebeu um APK (arquivo usado para instalar apps no Android) do launcher do Rabbit R1. Uma fonte não identificada enviou o programa.
Rahman conseguiu instalar o aplicativo em um Pixel 6A. Foi possível passar por todo o processo de configuração e fazer perguntas ao launcher usando comandos de voz. Os testes foram curtos, mas o engenheiro reconhece que nem tudo deve funcionar direito, já que o app precisaria estar instalado em um aparelho com firmware adaptado.
Jesse Lyu, CEO e fundador da Rabbit, discordou da classificação de seu aparelho como um mero aplicativo. Ele confirma que a interface é baseada no Android Open Source Project (AOSP), mas as ferramentas do aparelho precisam de um modelo de IA que fica na nuvem. Sem isso, os recursos não funcionam.
Na parte técnica, a “descoberta” era esperada, de certa forma. O AOSP é uma das bases mais confiáveis para quem não quer projetar um sistema operacional do zero, coisa que uma startup dificilmente terá recursos para fazer. Adaptar o firmware e criar um aplicativo para comandar tudo é um caminho natural.
As críticas, porém, acabam se voltando à ideia do produto. As primeiras avaliações nos sites e canais estrangeiros variaram entre o neutro e o negativo. Há poucos serviços compatíveis, a bateria é muito limititada, o sistema não salva informações, fazendo o usuário repeti-las a cada pergunta, e ele tem muitos bugs.
Tudo isso é bem típico de produtos de primeira geração, que são mais voltados para entusiastas do que para o público geral. O Rabbit R1 ainda tem as vantagens de ser barato (US$ 199) e sem mensalidade. Outro destes aparelhos é o Humane AI Pin, que custa US$ 699 e tem uma assinatura de US$ 24. As avaliações foram ainda mais duras.
A questão é que muita gente não viu sentido para as caixinhas de IA. “Para que um aparelho que faz a mesma coisa que um celular, só que de um jeito mais difícil?”, dizem os críticos.
Saber que o sistema do Rabbit R1 é um app que poderia rodar em um smartphone vai jogar mais lenha nesta fogueira. Afinal, se é um app em um aparelho novo, não poderia ser um app em um hardware que já existe?
Com informações: Android Authority, The Verge
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