Rabbit R1 foi criado para substituir o celular, mas poderia ser só um app

Aparelhos dedicados à inteligência artificial vêm recebendo críticas por desempenho abaixo do esperado e questionamentos em relação à real utilidade

Giovanni Santa Rosa
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• Atualizado há 2 semanas
Rabbit R1
Rabbit R1 tem tela de 2,88 polegadas apenas; aparelho quer fazer quase tudo por comandos de voz (Imagem: Divulgação / Rabbit)
Resumo
  • O novo dispositivo de IA Rabbit R1 visa substituir smartphones ao operar majoritariamente com comandos de voz. No entanto, foi revelado que sua interface é um aplicativo de Android, que pode ser instalado em smartphones comuns.
  • Mishaal Rahman, engenheiro de software e editor do site Android Authority, testou o aplicativo launcher do Rabbit R1 em um Pixel 6A. Ele conseguiu realizar configurações básicas e interações por voz, apesar de reconhecer que nem todas as funcionalidades estariam disponíveis sem adaptações específicas no firmware.
  • O CEO da Rabbit, Jesse Lyu, defendeu que, embora baseado no Android Open Source Project (AOSP), o Rabbit R1 requer um modelo de IA na nuvem para operação completa, diferenciando-o de simples aplicativos de smartphone.

A interface do aparelho Rabbit R1 é um app de Android e é possível instalá-lo em um Pixel 6A. Apesar de algumas limitações, o smartphone conseguiu rodar alguns dos recursos do assistente de IA, após adaptações. A “descoberta” reforça críticas que produtos deste tipo vêm recebendo, principalmente por quem não vê espaço para um gadget assim em um mundo de smartphones.

O Rabbit R1 faz parte de uma nova categoria de aparelhos, que apareceu nos últimos anos na esteira da inteligência artificial generativa. As empresas prometem que estes gadgets pequenos, às vezes chamados de “AI boxes” ou “caixinhas de IA”, conseguirão substituir os smartphones, fazendo quase tudo a partir de comandos de voz.

O engenheiro de software Mishaal Rahman, que também é editor do site Android Authority, recebeu um APK (arquivo usado para instalar apps no Android) do launcher do Rabbit R1. Uma fonte não identificada enviou o programa.

Rahman conseguiu instalar o aplicativo em um Pixel 6A. Foi possível passar por todo o processo de configuração e fazer perguntas ao launcher usando comandos de voz. Os testes foram curtos, mas o engenheiro reconhece que nem tudo deve funcionar direito, já que o app precisaria estar instalado em um aparelho com firmware adaptado.

Jesse Lyu, CEO e fundador da Rabbit, discordou da classificação de seu aparelho como um mero aplicativo. Ele confirma que a interface é baseada no Android Open Source Project (AOSP), mas as ferramentas do aparelho precisam de um modelo de IA que fica na nuvem. Sem isso, os recursos não funcionam.

Rabbit R1 e outros aparelhos de IA receberam críticas

Na parte técnica, a “descoberta” era esperada, de certa forma. O AOSP é uma das bases mais confiáveis para quem não quer projetar um sistema operacional do zero, coisa que uma startup dificilmente terá recursos para fazer. Adaptar o firmware e criar um aplicativo para comandar tudo é um caminho natural.

As críticas, porém, acabam se voltando à ideia do produto. As primeiras avaliações nos sites e canais estrangeiros variaram entre o neutro e o negativo. Há poucos serviços compatíveis, a bateria é muito limititada, o sistema não salva informações, fazendo o usuário repeti-las a cada pergunta, e ele tem muitos bugs.

Acessório branco fixado perto da gola de moletom
AI Pin custa US$ 699 (Imagem: Divulgação/Humane)

Tudo isso é bem típico de produtos de primeira geração, que são mais voltados para entusiastas do que para o público geral. O Rabbit R1 ainda tem as vantagens de ser barato (US$ 199) e sem mensalidade. Outro destes aparelhos é o Humane AI Pin, que custa US$ 699 e tem uma assinatura de US$ 24. As avaliações foram ainda mais duras.

A questão é que muita gente não viu sentido para as caixinhas de IA. “Para que um aparelho que faz a mesma coisa que um celular, só que de um jeito mais difícil?”, dizem os críticos.

Saber que o sistema do Rabbit R1 é um app que poderia rodar em um smartphone vai jogar mais lenha nesta fogueira. Afinal, se é um app em um aparelho novo, não poderia ser um app em um hardware que já existe?

Com informações: Android Authority, The Verge

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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